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Indústria

- Publicada em 16 de Novembro de 2015 às 22:03

Exportações e ajustes são apostas dos calçadistas

Feira Zero Grau é oportunidade de negócios para as marcas gaúchas

Feira Zero Grau é oportunidade de negócios para as marcas gaúchas


DINARCI BORGES/MERKATOR/DIVULGAÇÃO/JC
Guilherme Daroit
De Gramado:
De Gramado:
O momento não é dos melhores para o setor calçadista. Acompanhando o varejo, as indústrias enfrentam a queda na demanda por seus produtos, o que as obriga a buscar alternativas para se manterem no mercado. Além de ajuste de custos e da criação de novas linhas, porém, é a retomada da exportação em grande escala, na esteira da desvalorização cambial, que parece alimentar as esperanças do setor. O objetivo é compensar o cenário de queda nas vendas internas, cenário que, afirmam, não deve mudar antes do quarto trimestre de 2016.
"Até lá, esperamos que o quadro se torne mais previsível, acabando com a instabilidade do cenário político", argumenta o presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein. O executivo ainda afirma esperar que, com isso, o dólar também atinja uma estabilidade, o que traria segurança às empresas para negociarem contratos com outros países. "Até agora, o que houve foram vendas esporádicas, não acordos de longo prazo por conta dessa volatilidade cambial", comenta Klein, que projeta o dólar a R$ 3,60 para manter o calçado brasileiro competitivo.
Mesmo com o dólar em um patamar bom para o setor, porém, até aqui o quadro é negativo para as exportações brasileiras no ano. No acumulado até outubro, as vendas de calçados ao exterior tiveram uma queda de 12,4% em relação a 2014. Para Klein, a situação se justifica pela antecedência com que os contratos são acertados. "As vendas realizadas nas feiras de agosto e setembro, quando já se podia prever o câmbio, só começam a ser entregues em dezembro. A idéia é que as exportações decolem a partir daí", prevê o executivo.
O sentimento é percebido na Zero Grau, feira de negócios entre indústrias e lojistas que teve início ontem, em Gramado. "Nunca foi tão fácil trazer o pessoal de fora para cá", brinca o presidente da Merkator, realizadora do evento, Frederico Pletsch, que trouxe 150 importadores à feira. Pletsch admite que, em 40 anos no meio, 2015 foi o ano mais duro para atrair as indústrias, mas aposta nas vendas para dar o que classificou como "uma partida muito boa para o ano que vem, com a reabertura do mercado externo como opção viável".
Diretor administrativo do Grupo Ramarim, de Nova Hartz, Jakson Wirth, por exemplo, afirma que a empresa já registrou aumento de 25% nas exportações, percentual que pretende repetir em 2016 com ações e produtos específicos. "Com isso, devemos chegar ao fim do ano que vem com 15% do faturamento em vendas externas", planeja. Até aqui, porém, comenta Wirth, o ano foi marcado pela reestruturação na companhia, substituindo insumos, processos e criando novas linhas de produtos com valor mais baixo para se ajustar ao novo perfil de consumo dos clientes.
Em meio à crise no consumo, porém, as soluções são variadas. Outras estratégias apontadas, por exemplo, vão no sentido inverso, reduzindo a produção mas apostando em um valor agregado maior que compense a queda no volume. "É um diferencial quando todo mundo está em busca apenas do preço baixo, e acaba dando um giro até maior do que tínhamos antes", argumenta o superintendente da Crysalis, de Três Coroas, Rafael Odone Wilbert, que reduziu a produção em 30%, para 10 mil pares por dia.
Já o diretor-presidente da Bebecê, também de Três Coroas, Analdo Moraes, conta ter optado por absorver o aumento nos custos das matérias-primas. "Estamos atuando com rentabilidade quase nula, mas tentando sempre nos mantermos na vitrine, na espera de uma retomada do mercado interno", argumenta Moraes, que acredita que a situação comece a mudar no segundo semestre do ano que vem. Klein complementa que, até lá, deve-se continuar a ver redução de atividade fabril no setor, mas comemora o fato de que, ao contrário de crises passadas, não ser percebido um forte movimento de fechamento de empresas. "O setor agora está sólido", afirma o presidente executivo da Abicalçados.
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