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Indústria petroquímica

- Publicada em 11 de Novembro de 2015 às 22:08

Matéria-prima leva Braskem para o México

Localizado no município de Nanchital, complexo tem projeção de gerar 3 mil postos de trabalho na operação

Localizado no município de Nanchital, complexo tem projeção de gerar 3 mil postos de trabalho na operação


BRASKEM/DIVULGAÇÃO/JC
A Braskem, através da joint venture que firmou com a Idesa (75% de participação do grupo brasileiro e 25% do mexicano), está prestes a iniciar a operação do gigantesco complexo de polietilenos que implanta no México. A previsão é de que o chamado Projeto Etileno XXI, que absorverá cerca de US$ 5,2 bilhões em investimentos, comece a produzir em meados de dezembro e realize a primeira entrega de resinas em janeiro.
A Braskem, através da joint venture que firmou com a Idesa (75% de participação do grupo brasileiro e 25% do mexicano), está prestes a iniciar a operação do gigantesco complexo de polietilenos que implanta no México. A previsão é de que o chamado Projeto Etileno XXI, que absorverá cerca de US$ 5,2 bilhões em investimentos, comece a produzir em meados de dezembro e realize a primeira entrega de resinas em janeiro.
Na última divulgação de resultados financeiros da Braskem, o presidente da companhia, Carlos Fadigas, já havia ressaltado que a planta mais competitiva das Américas seria a unidade da Braskem no México, "abastecida com matéria-prima competitiva". O custo do insumo foi fundamental para que fosse implementado o complexo no pequeno município de Nanchital, no estado de Veracruz, localizado a cerca de 600 quilômetros da capital mexicana. O diretor de energia da Asociación Nacional de la Industria Química (Aniq), Ulises López Arce, detalha que o preço do gás natural mexicano é estipulado a partir da referência dos Estados Unidos. O valor cobrado nos países da América do Norte chega a ser menos da metade do que em nações como a China e Japão, o que torna o combustível muito atrativo. Quanto à origem, o gás consumido no México é oriundo da produção da estatal Pemex, de importações dos EUA (que também tem origem no shale gas) e de terminais de Gás Natural Liquefeito (GNL).
De acordo com Arce, mesmo com essas condições favoráveis, há um enorme déficit na balança da indústria química do país. Enquanto as exportações de produtos químicos somam US$ 11,3 bilhões, as importações chegam a US$ 32,7 bilhões. O projeto da Braskem contribuirá para substituir parte dessas importações. Somente neste ano, a expectativa é de que o México importe entre 1,2 milhão a 1,6 milhão de toneladas de polietilenos.
Para fabricar essas resinas, a unidade da Braskem irá adquirir etano (derivado do gás natural) da Pemex, que transformará em eteno (capacidade para 1,05 milhão de toneladas ao ano), que depois, no mesmo polo, será utilizado na fabricação de 750 mil toneladas de polietileno de alta densidade e 300 mil toneladas de polietileno de baixa densidade. Posteriormente, as resinas podem ser aproveitadas para a fabricação de baldes, brinquedos, envases de produtos de limpeza, entre outras possibilidades. O acerto de fornecimento de matéria-prima tem duração prevista de 20 anos, podendo ser estendido por mais três períodos de cinco anos. A Braskem não revela o valor exato do acordo com a Pemex. O diretor de Relações Institucionais, Novos Negócios e Comunicação Externa da Braskem Idesa, Cleantho Leite, recorda que o projeto começou em 2008, quando a brasileira venceu a concorrência contra mais de 30 empresas para conquistar o contrato de longo prazo de matéria-prima a um custo competitivo.
Na construção da estrutura, foram gerados em torno de 17 mil empregos, diretos e indiretos, e na operação deverão ser criados mais 3 mil postos de trabalho. O projeto da Braskem servirá ainda para atrair novos empreendimentos para a cadeia de transformadores mexicana. Uma dessas iniciativas, também quase finalizada, é liderada pelo empresário Alfredo Schmitt, ex-presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Rio Grande do Sul (Sinplast-RS). A planta produzirá filmes plásticos e um dos principais clientes será a própria Braskem.

Governo do México desenvolve reforma energética

A Braskem está se inserindo no México em um momento de transformação. O secretário de Energia do país, Pedro Joaquín Coldwell, ressalta que uma reforma energética está em curso. O dirigente explica que a nação adotava um modelo fechado, no qual apenas o Estado podia investir na área da energia, mas isso está mudando.
Essa característica estatal, no passado, ajudou a construir a ideologia do nacionalismo mexicano, segundo Coldwell. No entanto, a partir dos anos 2000, o setor energético começou a enfrentar uma série de dificuldades. No segmento de petróleo, especificamente, quando o México percebeu o fim das suas reservas de fácil acesso, restando jazidas localizadas em locais de mais difícil extração, como em águas profundas, optou-se por mudar as regras para atrair empresas com experiência nessa atividade. Devido a esse cenário, foi estipulado o sistema de leilões para a prospecção de petróleo. Coldwell comenta que entre os países que serviram de exemplo para implementar as mudanças foi observado o Brasil, por ter uma realidade mais próxima à mexicana.
Para abrir a área de energia, foi necessário alterar a constituição nacional e implementar uma série de leis secundárias, o que aconteceu nos anos de 2013 e 2014. Ainda dentro da reforma, está previsto o investimento de aproximadamente US$ 14 bilhões na construção de cerca de 10 mil quilômetros de gasodutos, sendo que sete desses dutos farão interligação com os Estados Unidos.
O membro do Conselho de Administração da Pemex Carlos Elizondo Mayer-Serra acrescenta que outra mudança que se dará gradativamente é a entrada de novas marcas na revenda de gasolina. Hoje, todos os postos de combustíveis são vinculados à Pemex, mas, a partir de 2016, grupos como Shell ou Exxon, por exemplo, poderão atuar no mercado local. Em 2018, haverá a liberação total da estipulação de preços sobre a gasolina.
A ex-subsecretária de Comércio Exterior do México e integrante do Conselho Mexicano de Assuntos Internacionais Beatriz Leycegui lembra que a abertura da economia mexicana, como um todo, iniciou na década de 1980 e ganhou fôlego a partir dos anos 1990, com a assinatura de vários acordos comerciais com outros países. Hoje, o mais importante parceiro é o seu vizinho, os Estados Unidos, destino de cerca de 80% das exportações mexicanas. Do total das vendas externas, 82% dos itens vêm do setor de produtos manufaturados; 12%, do petróleo; e 6%, da área agrícola. Entre 2011 a 2015, o país teve uma taxa média de crescimento de PIB na ordem de 2,1%.
Beatriz ressalta que, em 2014, o México era a 15ª maior economia do mundo (o Brasil encontrava-se na 7ª posição).