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Mercado Imobiliário

- Publicada em 10 de Novembro de 2015 às 15:18

Interior, o novo filão do setor de shopping centers

Praça Alvorada, com inauguração prevista para 2016, quer conquistar fatia importante de clientes carentes de opções de compras e entretenimento

Praça Alvorada, com inauguração prevista para 2016, quer conquistar fatia importante de clientes carentes de opções de compras e entretenimento


FREDY VIEIRA/JC
Antes principal alvo de qualquer novo shopping center, a Capital, já bem servida destes equipamentos, tem saído da rota dos empreendimentos. Nos últimos anos - e, de acordo com as inaugurações previstas, também no futuro próximo -, são o Interior e a Região Metropolitana que dominam a atração dos centros comerciais, em busca de novo público consumidor.
Antes principal alvo de qualquer novo shopping center, a Capital, já bem servida destes equipamentos, tem saído da rota dos empreendimentos. Nos últimos anos - e, de acordo com as inaugurações previstas, também no futuro próximo -, são o Interior e a Região Metropolitana que dominam a atração dos centros comerciais, em busca de novo público consumidor.
Foi-se o tempo em que ir a Porto Alegre fazer compras era um evento em si, quase um sinal de status. Mais desenvolvidos, com maior poder de compra e mais fatores de retenção, os municípios do Interior e mesmo da Região Metropolitana cresceram economicamente e, como todos, passaram a exigir conforto e, principalmente, proximidade. Aliado a uma Capital já repleta de opções de centros comerciais, o fenômeno abriu os olhos de lojistas e empresas de shopping centers, que passaram a apostar nessas regiões - entre 2013 e 2018, contando com os já inaugurados ou previstos, 10 de 11 novos shoppings do Estado não estão em Porto Alegre.
Essa é uma tendência nacional, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Aliás, o movimento quebrou, em 2014, uma barreira histórica: segundo o censo anual da entidade, o ano passado marcou a primeira vez em que o interior do Brasil (51% dos shoppings) superou as capitais em empreendimentos desse tipo. Já segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), que anualmente também divulga um panorama do setor, em 2014 as outras cidades sediavam 462 empreendimentos (51,97% do total), contra 427 centros comerciais em capitais (48,03%). Olhando apenas o Rio Grande do Sul, a diferença era ainda maior, de 36 no Interior a 23 em Porto Alegre.
"O consumidor não está mais disposto a pegar a estrada e ir à Capital. No começo, até tinha um certo glamour nisso, mas hoje a comodidade é tudo", argumenta o diretor de relações institucionais da entidade, Luis Augusto Ildefonso da Silva, para quem o fluxo rumo ao Interior acontece, com força, há cerca de cinco anos. "Desde o surgimento da nova sociedade emergente, mais de 50 milhões de novos consumidores entraram no comércio querendo produtos de qualidade e marcas conceituadas, e o mais próximo de casa possível", pontua o executivo.
No Rio Grande do Sul, o movimento pode ser conferido pela relação da Abrasce. Nos últimos três anos, porém, foram inaugurados equipamentos desse tipo em Pelotas, Gravataí, Novo Hamburgo e dois em Rio Grande. Em breve, eles deverão ser acompanhados por outros novos centros comerciais já lançados em Alvorada, Canoas, Santa Maria e Passo Fundo - sem contar outro projeto já conhecido, em Santa Cruz do Sul, mas ainda não oficializado. Entre todos, o único "intruso" é o Praça Cavalhada, que tem previsão de inauguração para 2018 no bairro de mesmo nome, na zona Sul da Capital.
"Quanto mais bem-distribuída a riqueza do estado, mais equivalentes são os shoppings entre capital e interior, e isso acontece também no Rio Grande do Sul", analisa a superintendente da Abrasce, Adriana Colloca. A executiva lista três condições para a instalação de um shopping: além da carência no mix do comércio já estabelecido no local, também um número suficiente de pessoas que vivem ou circulam pela região, com, claro, um poder aquisitivo alto.
"Temos notado, nos últimos anos, uma diversificação das universidades, também se interiorizando ou se fortalecendo onde já existiam, o que favorece muito esse tipo de iniciativa", agrega o presidente da Associação Gaúcha para o Varejo (AGV), Vilson Noer.
O efeito é positivo e considerável, porque, além de ajudar a reter os jovens da região, ainda o faz, geralmente, com salários mais altos após a formatura. "E, assim, há a necessidade de se criar atrativos para que se consiga segurar essas pessoas na cidade", continua Noer.
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Administradores e lojistas buscam um novo público e retorno mais rápido de investimento

Nos últimos anos, a interiorização dos shopping centers se beneficiou da aceleração do setor, que passou de 376 unidades, em 2008, para 520 no fim do ano passado, segundo a Abrasce. Mesmo agora, em um momento mais difícil para os empreendedores, por conta da dificuldade de acesso ao crédito, a situação não deve mudar tão rapidamente. "Shoppings são investimentos de longo prazo, planejados com anos de antecedência, o que faz com que só devamos perceber uma travada na expansão no Interior daqui a dois ou três anos", projeta o presidente da Associação Gaúcha do Varejo (AGV), Vilson Noer.
Até lá, porém, pelo menos quatro novos centros comerciais deverão ser inaugurados, em Alvorada, Canoas, Passo Fundo e Santa Maria. E outros projetos podem surgir, na busca por alguns benefícios encontrados fora de Porto Alegre em relação à Capital. "Há diversas situações favoráveis, como população carente de opções, terrenos com condições comerciais mais ajustadas à realidade em relação a custos, localização e tamanho, e uma renda já melhor distribuída", garante Francisco Ferraz, diretor de shoppings do grupo 5R.
As condições de compra do terreno, segundo Ferraz, foram determinantes na escolha do conglomerado pela criação do Praça Alvorada, que deve ser inaugurado no ano que vem na Região Metropolitana de Porto Alegre. "Além disso, detectamos um crescimento muito grande da cidade. O morador agora quer ficar próximo de casa, e um shopping faz mexer com a autoestima da comunidade", continua Ferraz sobre o centro comercial localizado próximo ao limite de Alvorada com a Capital. O crescimento da cidade é apontado também como motivo pelos responsáveis do Passo Fundo Shopping, que, quando inaugurado - a projeção é para 2017 -, será o segundo da cidade do Planalto. "Antes, as pessoas queriam ir para a Capital, agora estão valorizando a vida no Interior, as facilidades, e enxergamos potencial aí", justifica o diretor de shoppings da construtora curitibana Paysage, responsável pelo empreendimento, Luiz Antonio Muller Lameira. O empresário também cita como atrativo para o empreendimento a constituição demográfica da região, com muitos jovens em sua população.
Já os lojistas apontam a expansão da sua base de clientes como a principal força por trás da capilarização do setor para além das capitais. Principalmente em municípios onde ainda se constrói o primeiro shopping center, os lojistas tendem a apostar por, além de ter um custo fixo menor do que o de equipamentos na Capital, saberem que cada cliente que ganharem ali é, efetivamente, um novo consumidor.
"Ao contrário, nas capitais ou onde já há vários shoppings, cada novo estabelecimento que se constrói vira um custo fixo a mais para o lojista sem que tenha a receita proporcionalmente aumentada, pois pode só estar dividindo o bolo que já tinha", defende o diretor de relações institucionais da Alshop, Luis Augusto Ildefonso da Silva. O executivo ainda aponta a maturidade do setor de franchising no Brasil como outro fomentador da interiorização, pela facilidade proporcionada de parcerias entre grandes redes e empresários locais, que conhecem o público que atenderão.

Instalação depende de estudos e avaliação de viabilidade

Rio Grande não comporta dois empreendimentos, afirma Noer

Rio Grande não comporta dois empreendimentos, afirma Noer


MARCOS NAGELSTEIN/JC
Mesmo que a forte expansão do setor pelo País seja retomada quando o cenário macroeconômico voltar a ser favorável, não é, evidentemente, em qualquer lugar que um empreendimento deste porte é viável. "Estamos falando de investimentos de R$ 300 milhões, que demoram de dois a quatro anos para ficarem prontos", contextualiza a superintendente da Abrasce, Adriana Colloca.
As prerrogativas para a instalação de um shopping dependem de vários fatores que variam de região a região. Mesmo assim, levando-se em conta municípios com uma matriz econômica variada, uma população de 200 mil habitantes normalmente serve de baliza, segundo o diretor de relações institucionais da Alshop, Luis Augusto Ildefonso da Silva. "Porém, mesmo que tenha 300 mil habitantes, se for dependente de um setor econômico só, fica vulnerável. Na fartura, é maravilhoso, mas na época de vacas magras não há o que fazer", argumenta.
Antes destaque por sua pujança e rápido crescimento puxados pela atividade naval, o município de Rio Grande, agora, vive um momento de depressão com a queda do setor. Mesmo assim, a cidade recebeu não apenas o seu primeiro shopping, como também o segundo: depois do Praça Rio Grande, inaugurado no ano passado, também abriu as portas em novembro o Partage Shopping. "Um shopping bem completo tem viabilidade, mas, dois, Rio Grande não comporta", analisa o presidente da AGV, Vilson Noer. A opinião é seguida pelo grupo 5R, responsável pelo Praça Rio Grande, que classifica a situação como "não saudável".

Capital gaúcha agora é alvo dos street malls

Praça Alvorada, com inauguração prevista para 2016, quer conquistar fatia importante de clientes carentes de opções de compras e entretenimento

Praça Alvorada, com inauguração prevista para 2016, quer conquistar fatia importante de clientes carentes de opções de compras e entretenimento


FREDY VIEIRA/JC
Já com várias opções de shoppings tradicionais - são 16, segundo a Abrasce, e boa parte deles em expansão -, Porto Alegre não costuma entrar na lista de opções de quem pretende construir um novo empreendimento comercial. "Hoje, é uma loucura alguém fazer investimento em um novo shopping, de 200, 250 lojas em Porto Alegre", sustenta o presidente da AGV, Vilson Noer, para quem já há uma oferta "exagerada" de espaços, muitos deles vazios, na Capital.
O cenário, porém, é visto como positivo pelo diretor de comunicação do Sindilojas Porto Alegre, Antônio Gomes, pois inverteu a lógica para os lojistas. "No início, era pouca oferta para muitos lojistas, o que elevou os preços e ocasionou a falência de muita gente. Agora, o varejista pode se valer dessa oferta maior para renegociar suas condições de aluguel", defende Gomes que, com base nisso, se mostra favorável à criação de novos shoppings em Porto Alegre.
Atualmente, porém, há apenas um projeto planejado para a Capital: o Praça Cavalhada, também do grupo 5R, na zona Sul da cidade. Adiado algumas vezes, a inauguração agora é prevista para 2018. A lógica, segundo o diretor de shoppings do grupo, Francisco Ferraz, é a mesma dos demais. "Mesmo dentro da Capital, é uma região carente de opções", comenta o executivo.
Apesar disso, há diversos shoppings aparecendo em Porto Alegre, embora não no formato tradicional: são os chamados street malls e open malls, centros voltados principalmente aos serviços e conveniência que apostam, também, na dificuldade de locomoção dentro da Capital. "O shopping é bom para passear com a família, mas exige um tempo maior. Na conveniência, você consegue ser mais ágil, seja para comer algo ou ir à farmácia", argumenta Mathias Rodrigues, diretor da Phorbis, sócia do Viva Open Mall e do Street Mall do Estádio Beira-Rio em Porto Alegre.
Na prática, esses novos formatos tentam juntar o que há de bom nas lojas de rua com o que há de bom nos shoppings. "Os shoppings concentram o interesse de consumo e entretenimento. Mas não abastecem quem precisa de atendimento rápido, e os malls atuam nesse sentido", defende o diretor da Ughini Empreendimentos, Rafael Ughini, que inaugura no fim do ano o Plínio Mall.