Sem pedir licença

Não por acaso, será durante a Semana Nacional da Consciência Negra o lançamento de seu segundo livro de poemas, E se alguém o pano. No dia 18 de novembro, a poeta Eliane Marques estará no Santuá Boteco para apresentar a obra e discutir sua temática, a questão da negritude e dos excluídos, com o poeta e crítico literário Ronald Augusto e a psicanalista argentina Marcela Villavella. "Os poemas se apresentam como materialização estética da condição dos apátridas, dos refugiados e dos sem nome", explica Eliane. Radicada em Porto Alegre, ela é natural de Sant'Ana do Livramento, e alinha em seu currículo graduações em Pedagogia e Direito, mestrado em Direito Público, e especialização em Constituição, Política e Economia. Hoje, atua como auditora pública externa do Tribunal de Contas do RS, faz formação em Psicanálise, coordena a Escola de Poesia e, também, a linha editorial da revista O Ovo da Ema. Entre tantas tarefas, já organizou e conduziu vários projetos ligados a poesia, como o Poetas do Futuro, com crianças e adolescentes do Instituto Recriar. O enigmático título do livro, E se alguém o pano, segundo ela, surgiu de uma conversa crítica com o poema Irene no Céu, de Manuel Bandeira. "Alguns o interpretam como um grito contra as injustiças e as desigualdades ou como expressão de amor, porém, eu odiava sua protagonista, tão preta e boa, e sempre de bom humor. Como poderia ter sido tão preta e tão boa?", pergunta a ativista, mais do que nunca, sem ter que pedir licença.