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Teatro

- Publicada em 24 de Novembro de 2015 às 13:59

Valorizando o teatro metropolitano

Graças a um alerta de Vika Shabbach, fui assistir, no sábado, no Teatro do Sesc, a um grupo teatral de Morro Reuter, em apresentação única na cidade. Trata-se da Tribu di Arteiros, que trouxe Remotê controlê. É um espetáculo que se vale da técnica do clown, que tem desenvolvido com Gilberto Diniz, com passagem inclusive pelo Théâtre Du Soleiul. O resultado é excelente. Um clown - Beiço, na interpretação de John Becker -, traz pequenina maleta quando encontra, no palco, enorme mala, em tudo semelhante à dele, salvo no tamanho.
Graças a um alerta de Vika Shabbach, fui assistir, no sábado, no Teatro do Sesc, a um grupo teatral de Morro Reuter, em apresentação única na cidade. Trata-se da Tribu di Arteiros, que trouxe Remotê controlê. É um espetáculo que se vale da técnica do clown, que tem desenvolvido com Gilberto Diniz, com passagem inclusive pelo Théâtre Du Soleiul. O resultado é excelente. Um clown - Beiço, na interpretação de John Becker -, traz pequenina maleta quando encontra, no palco, enorme mala, em tudo semelhante à dele, salvo no tamanho.
Depois de lutar para abrir a grande mala, dela tira uma personagem que é acionada por controle remoto. Como ele se esmera em “falar francês”, para ele todas as palavras terminam em “ê”, de onde o título da peça, que tem duração de cerca de uma hora. John Becker contracena com Rosmeri Lorenzon: ambos formam um par equilibrado, porque a atriz precisa ser suficientemente pequena para caber na mala e ser carregada pelo ator, enquanto ele deve ser suficientemente grande e forte para poder carregá-la, como o faz.
O espetáculo é hilário, do começo ao fim. Programado para o horário noturno, não obstante a plateia apresentava crianças pequenas. Ambos, público adulto e infantil, se deliciaram com as aventuras dos personagens, porque tudo acontece no tempo certo. O ritmo do trabalho está milimetricamente acertado, de maneira que os suspenses, os encontros-desencontros entre os personagens, os jogos de cena, tudo ocorre de modo como o programado, evidenciando ensaio e perfeita sincronia entre os intérpretes, em geral, coisa rara de se ver. Este tipo de espetáculo, de fato, não permite meios termos: ou se acerta, e o espetáculo se realiza, ou as coisas ficam desequilibradas, e é um desastre. Neste caso, tudo está correto, equilibrado - a piada na hora certa, a sugestão, a expressão facial, o jogo de corpo - de maneira a expressar exatamente aquilo que os intérpretes pretendem passar para o público. O que surpreende é que são dois jovens atores, que mostram, não obstante, maturidade e muita seriedade no desenvolvimento de suas ações, permitindo ao público, assim, fruir, sem se dar conta de “como é que está sendo feito”, aquilo que, de fatio se quer transmitir.
É bom lembrar que este tipo de espetáculo está na raiz mesma da origem do teatro. Da ribalta grega à romana, com os mimos, e depois, através da renascença, com a comedia dell’arte, sempre se procurou resguardar e valorizar um espetáculo que dispensasse a apalavra, valendo-se, exclusivamente, do corpo do ator e de suas expressões faciais. O histrionismo, que tem no circo seu lócus de resistência, ao contrário do que muita gente pensa, não é simples nem fácil. Justamente pela exigência de uma sincronia e perfeição absolutas, é exigente e chega a ser dominado, verdadeiramente, por muito pouca gente. Daí a surpresa e a alegria em conhecer-se este grupo de jovens intérpretes que, não obstante sua juventude, demonstra responsabilidade e consciência de seu métier.
Lastime-se, apenas, o fato de que, embora tenhamos uma associação de prefeitos que reúne os mandatários da Região Metropolitana para realizarem ações concertadas, nunca se pensa em incluir a cultura nestas ações. Por exemplo, por que a Secretaria da Cultura de Porto Alegre, de acordo com as demais municipalidades, não programa uma semana de espetáculos de grupos metropolitanos na cidade, recebendo e intercambiando produções locais com as destas cidades? Lembro, aqui, a importância que teve o festival de teatro de novo Hamburgo, já alguns anos. Sei que Gravataí já teve atividades de grupos teatrais. Canoas vem se desenvolvendo... então, por que não juntar esforços?
Eis o que os jovens da Tribu di Arteiros me sugeriram, o que reparto com todos, como agradecimento pelo espetáculo e pela alegria com que nos brincaram, durante aquela uma hora teatro.
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