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Cinema

- Publicada em 19 de Novembro de 2015 às 22:33

Os bons companheiros

Hélio Nascimento
O tema da corrupção como a principal geradora de violência dentro da sociedade nunca foi um tema ausente do cinema, tanto na Europa como nos Estados Unidos. Ele esteve presente na obra de vários mestres, desde Alain Resnais até Martin Scorsese, tendo sido desenvolvido por inúmeros cineastas entre os quais agora se inclui o Scott Cooper deste Aliança do crime. O realizador merece ser relacionado entre aqueles que sabem organizar uma narrativa, valorizam os bons intérpretes que participam do elenco e decidem não ficar calados diante das inúmeras ilegalidades praticadas pelos que, devendo permanecer nos limites da lei, não hesitam em violentá-la, primeiro para alcançar objetivos aparentemente justos e depois para assumir posição que lhes permita a posse de riqueza material inacessível em outras circunstâncias. Inspirado em fatos verídicos, o filme de Cooper não acompanha apenas a ação de um gangster de Boston que passa a ser um informante do FBI, numa ação conjunta visando a expulsar a máfia italiana da cidade. O relato também focaliza a ação de um agente da polícia federal americana, amigo de infância do criminoso e que aproveita a oportunidade para elevar sua capacidade de consumidor, seu poder de compra. Ao nivelar os dois personagens, Cooper procura demonstrar que é caro o preço a pagar quando os limites entre a lei e o crime passam a ser ignorados.
O tema da corrupção como a principal geradora de violência dentro da sociedade nunca foi um tema ausente do cinema, tanto na Europa como nos Estados Unidos. Ele esteve presente na obra de vários mestres, desde Alain Resnais até Martin Scorsese, tendo sido desenvolvido por inúmeros cineastas entre os quais agora se inclui o Scott Cooper deste Aliança do crime. O realizador merece ser relacionado entre aqueles que sabem organizar uma narrativa, valorizam os bons intérpretes que participam do elenco e decidem não ficar calados diante das inúmeras ilegalidades praticadas pelos que, devendo permanecer nos limites da lei, não hesitam em violentá-la, primeiro para alcançar objetivos aparentemente justos e depois para assumir posição que lhes permita a posse de riqueza material inacessível em outras circunstâncias. Inspirado em fatos verídicos, o filme de Cooper não acompanha apenas a ação de um gangster de Boston que passa a ser um informante do FBI, numa ação conjunta visando a expulsar a máfia italiana da cidade. O relato também focaliza a ação de um agente da polícia federal americana, amigo de infância do criminoso e que aproveita a oportunidade para elevar sua capacidade de consumidor, seu poder de compra. Ao nivelar os dois personagens, Cooper procura demonstrar que é caro o preço a pagar quando os limites entre a lei e o crime passam a ser ignorados.
Desde o plano que abre a narrativa, que é uma citação do prólogo de O poderoso chefão, de Francis Ford Coppola, o filme paga tributo àquela saga que permanece como um dos grandes momentos do cinema, mas ele também muito deve ao Scorsese de vários filmes sobre o chamado crime organizado e por vezes tumultuado por agressividades totalmente descontroladas. Trabalhando sobre dados reais, Cooper consegue fazer do filme uma alegoria em alguns momentos bastante esclarecedora em sua síntese. A cena da velha senhora que é saudada pelo protagonista é exemplar. É quando surge a imagem do homem bondoso, preocupado com a felicidade do próximo, proposta aos ingênuos. Em outro momento, durante uma reunião familiar, a verdadeira face do personagem aparece, quando este dá ao filho conselhos de como agir em determinadas circunstâncias nas quais certos atos devem ser praticados sem testemunhas. As reuniões durante refeições são várias durante o filme. É neste cenário que simboliza a união familiar que são encenadas cenas reveladoras, outra das quais é aquela na qual a mulher do agente revela sua inconformidade pela ação que termina transformando o marido num homem rico e num comparsa do crime.
Os fatos são verídicos e os acontecimentos expõem muito do que permanece oculto. No caso de James Bulger, o criminoso, e John Connolly, o policial, até o momento em que a imprensa toma conhecimento do caso e o próprio FBI percebe que os crimes do primeiro continuam a ser praticados e sempre há meios que o protegem. E há também a presença de um poderoso senador, William Bulger, irmão do contraventor e cujo comportamento suspeito termina causando sua renúncia. O diretor encena bem esse relacionamento e o papel de cada um na trama. Em outra reunião familiar, enquanto o protagonista joga cartas com a mãe, o político prepara o café: é um servidor do irmão contraventor. É uma simples cena cotidiana, mas que coloca para o espectador os irmãos em lugares certos. Como colocação em cena o trecho é perfeito e ilustra bem as virtudes de Cooper como realizador. Há momentos de cinema de qualidade em Aliança do crime, trabalho que tem momentos fortes e impactantes, como aquele interrogatório, outra vez durante uma refeição, durante o qual o personagem de Johnny Depp intimida e assusta um agente, quando o que deveria ser uma brincadeira é, na verdade, uma ameaça e uma revelação do papel que cada um exerce na trama. É um momento no qual o crime assume seu papel de comando. Desde os anos 1930, quando o cinema norte-americano começou a focalizar o marginal colocado dentro do sistema que tal tema se mantém presente. Um de tantos exemplos e como o cinema pode ser revelador, quando há empenho para que ele assim atue.
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