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infraestrutura

- Publicada em 27 de Novembro de 2015 às 15:19

Governo aumenta taxa de retorno de ferrovias

Traçado da Ferrovia Norte-Sul tem um trecho concluído e sem utilização e outro na fase final de construção

Traçado da Ferrovia Norte-Sul tem um trecho concluído e sem utilização e outro na fase final de construção


VALEC/DIVULGAÇÃO/JC
Em uma nova tentativa de viabilizar suas primeiras concessões de ferrovias, após três anos de experiências frustradas, o governo ampliou a taxa de retorno financeiro prevista para os trechos que serão oferecidos ao setor privado. O índice inicialmente estimado em 8,5% ao ano foi recalculado, e agora chega a 10,6%. Trata-se, na realidade, de uma taxa de referência, uma sinalização de que o empreendimento pode oferecer bom retorno. O lucro efetivo vai depender de cada empreendedor, envolvendo fatores como capacidade de tomada de crédito, acordos com fornecedores e competitividade.
Em uma nova tentativa de viabilizar suas primeiras concessões de ferrovias, após três anos de experiências frustradas, o governo ampliou a taxa de retorno financeiro prevista para os trechos que serão oferecidos ao setor privado. O índice inicialmente estimado em 8,5% ao ano foi recalculado, e agora chega a 10,6%. Trata-se, na realidade, de uma taxa de referência, uma sinalização de que o empreendimento pode oferecer bom retorno. O lucro efetivo vai depender de cada empreendedor, envolvendo fatores como capacidade de tomada de crédito, acordos com fornecedores e competitividade.
Para o presidente da Associação Brasileira da IndústriaFerroviária (Abifer), Vicente Abate, o governo deu um passo importante para tentar destravar as concessões ferroviárias. "Entendo que é uma taxa bastante plausível, dados os riscos maiores da economia. É um bom sinal ao mercado", disse. Segundo Abate, há espaço para que o concessionário alcance retornos maiores que a taxa de referência, porque há forte participação do Bndes no financiamento.
O Bndes poderá financiar até 70% da obra, e há ainda a possibilidade de emitir debêntures de infraestrutura em mais 20%. Para o ferroviário, o capital próprio seria de 10%", afirmou. "É bastante razoável imaginar que a taxa efetiva chegue a algo entre 14% e 15%." O novo cálculo leva em conta o agravamento da crise financeira, as projeções de crescimento e as tendências internacionais do setor, chegando a uma proposta que leva em conta o equilíbrio entre "risco e retorno".
Ao anunciar a taxa de retorno, o Ministério da Fazenda confirmou o plano de oferecer dois traçados da ferrovia Norte-Sul, um deles concluído e outro em fase final de construção. A concessionária que assumir a Norte-Sul entre Palmas e Anápolis, traçado de 855 quilômetros concluído há um ano e meio e até hoje sem utilização, terá de se responsabilizar por construir mais 500 quilômetros para ligar Açailândia (MA) ao porto de Barcarena, no Pará.
Com esse trajeto final, a ferrovia chegaria ao extremo Norte, como previsto no projeto original.Um segundo trecho de 700 quilômetros, que liga Anápolis (GO) a Estrela D'Oeste (SP), será repassado a quem se propuser a estender essa malha entre o município paulista e Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul. O terceiro traçado que entrou no pacote prevê a ligação das cidades de Lucas do Rio Verde (MT) e Itaituba, no Pará, onde está sendo construído um porto nas margens do rio Tapajós, no distrito de Miritituba.
Apesar do traçado até Miritituba não possuir malha pronta associada, trata-se de um forte corredor de escoamento de soja de Mato Grosso, com traçado paralelo à rodovia BR-163. Essa é uma grande aposta dos ruralistas da região, que passariam a contar com mais uma rota de escoamento de produção rumo aos portos do Norte.Fontes do governo afirmam que russos e chineses têm demonstrado interesse nos projetos. Empresas que já atuam nas atuais concessões de ferrovias também teriam sinalizado que pretendem concorrer. O governo vê boas chances de conceder esses trechos porque, pelos menos em dois deles, há a possibilidade de geração de receita praticamente imediata, já que estão prontos ou em fase de conclusão, além de serem eixos centrais para outras malhas ferroviárias. Um dos grandes problemas da concessão ferroviária é o fato de que só passa a gerar receita quando o traçado é entregue, e isso pode levar de quatro a cinco anos para ocorrer, diferentemente da concessão de uma hidrelétrica, por exemplo, onde é possível vender energia conforme cada turbina entre em operação.

Andrade Gutierrez confessa suborno, acerta acordo e pagará multa

Usina nuclear Angra 3 é uma das obras conquistadas com propinas

Usina nuclear Angra 3 é uma das obras conquistadas com propinas


VANDERLEI ALMEIDA/AFP/JC
Após aceitar pagar a maior multa da Operação Lava Jato, de cerca de R$ 1 bilhão, a empreiteira Andrade Gutierrez acertou um acordo de delação no qual ira confessar que pagou propina em obras da Copa do Mundo, na Petrobras, na usina nuclear Angra 3, em Belo Monte e na ferrovia Norte-Sul, um projeto cuja história de corrupção começa em 1987, com o acerto das empresas que ganhariam a licitação. A Andrade foi acusada, junto com a Odebrecht, de ter pago R$ 632 milhões de suborno em contratos com a Petrobras. A Odebrecht é a maior empreiteira do Pais, e a Andrade, a segunda.
O suborno evitava que agentes públicos colocassem obstáculos aos acertos feitos pelas empreiteiras. Com o acordo, que trará benefícios tanto à empresa quanto aos executivos, a Andrade quer se livrar de ser proibida de celebrar contratos com o poder público, uma das consequências de quando o governo declara a empresa inidônea. A empreiteira é altamente dependente do poder público: quase a metade de sua receita vem de obras contratadas pelo governo.
Na Copa do Mundo, por exemplo, a Andrade Gutierrez atuou, sozinha ou em consórcio, na reforma do estádio do Maracanã, no Rio, do Mané Garrincha, em Brasília, do Beira-Rio, em Porto Alegre, e na construção da Arena Amazonas, em Manaus (AM).
A Andrade Gutierrez foi contratada para tocar obras gigantes da Petrobras, como o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
Três dos executivos que estavam presos (Otávio Azevedo, Élton Negrão de Azevedo Júnior e Flávio Barra) foram transferidos em definitivo do Complexo Médio Penal, que fica em Pinhais (PR), na Grande Curitiba, para a carceragem da Polícia Federal por razões de segurança. A transferência também facilita os depoimentos da delação e o contato dos presos com a família. Otávio e Élton foram presos em junho e Barra no mês seguinte.
Havia duas dificuldades para o acerto do acordo, que foram sanadas: o valor a ser pago e a necessidade de Azevedo confessar crimes que sempre negou. Os procuradores de Brasília queriam uma indenização de R$ 1,2 bilhão, quando a empreiteira alegava não ter mais do que R$ 800 milhões para pagar a multa.
Otavio Azevedo, relutava confessar seu envolvimento alegando que a Polícia Federal não tinha provas contra ele, que foi convencido por executivos da empresa: se ele não confessasse, os outros relatariam os casos em que ele esteve envolvido.
Há uma série de relatos de pagamento de suborno por parte da Andrade Gutierrez. O primeiro delator da Operação Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, contou ter recebido US$ 4 milhões da Andrade e da Estre Ambiental em um contrato da Petrobras.
A empreiteira tentou anular a delação de Costa no Supremo Tribunal Federal depois que o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, contou ter pago valores bem maiores do que Costa, de US$ 20 milhões a US$ 25 milhões. A estratégia da Andrade Gutierrez, porém, não deu certo.
O acordo terá de ser homologado pelo juiz Sergio Moro, porque relata crimes na Petrobras, e pelo ministro Teori Zavascki, porque há menção a políticos que receberam propina e eles só podem ser investigados pela instância máxima da Justiça.