Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

JC Logística

- Publicada em 19 de Novembro de 2015 às 22:04

Governo prepara reforço de capital bilionário para ajudar a Petrobras

Leitura oficial é de que situação financeira mais sólida na petroleira favorece humor dos investidores no País

Leitura oficial é de que situação financeira mais sólida na petroleira favorece humor dos investidores no País


VANDERLEI ALMEIDA/AFP/JC
O governo estuda um reforço bilionário na estrutura de capital da Petrobras. Uma capitalização envolvendo acionistas minoritários, porém, está fora do radar. A intenção é adaptar para a petroleira um mecanismo já utilizado anteriormente para deixar mais robusto o patrimônio do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
O governo estuda um reforço bilionário na estrutura de capital da Petrobras. Uma capitalização envolvendo acionistas minoritários, porém, está fora do radar. A intenção é adaptar para a petroleira um mecanismo já utilizado anteriormente para deixar mais robusto o patrimônio do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
O caminho escolhido pelo governo federal é o do aporte via instrumento híbrido de capital e dívida (IHCD), uma operação que funciona como um contrato de crédito praticamente sem data de vencimento.
O mecanismo é um meio termo entre empréstimo e aumento de capital. A principal característica é não diluir o acionista minoritário, além de permitir que o crédito seja incorporado ao patrimônio.
Esses instrumentos foram muito utilizados pela equipe do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, pois não têm impacto direto no resultado primário nem na dívida liquida do setor público. Em compensação, a dívida bruta brasileira sofreu um salto em consequência dessas operações.
Para viabilizar a estratégia, porém, o governo ainda terá de solucionar alguns pontos. Um deles é o modelo a ser adotado para a transferência de títulos públicos à estatal. Como a Petrobras não é uma instituição financeira, como o Banco do Brasil e a Caixa, a operação terá de envolver um intermediador.
Ainda em fase inicial, o estudo do governo prevê que os papéis sejam repassados para um fundo constitucional, que, em seguida, seriam entregues à petroleira. Como a União é dona dos títulos e, ao mesmo tempo, acionista majoritária da Petrobras, a estatal não teria custo com a operação.
Além de melhorar a situação financeira da Petrobras, o governo pretende mostrar com a operação que está atento às necessidades da companhia e disposto a dar suporte a ela nesse momento delicado.
Ao mesmo tempo, o governo quer uma opção que não piore o resultado primário nem levante mais questionamentos sobre a política fiscal após episódios de manobras contábeis. Não diluir acionistas também é um cuidado que vem sendo observado. O tema já foi discutido pelo secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, e o comando da estatal, segundo fontes envolvidas na negociação. Ainda não foram fechados valores, mas no caso da Petrobras, qualquer aporte terá de ser expressivo.
A leitura é de que uma situação financeira mais sólida na Petrobras traria a reboque uma melhora no humor dos investidores em relação ao futuro econômico do Brasil, que luta para não perder o segundo selo de bom pagador por uma agência de classificação de risco. Procurados, o Ministério da Fazenda e a Petrobras não quiseram comentar a operação.
Com a transferência para a Petrobras de títulos de prazos muito longos, a União quer conseguir o mesmo efeito de uma capitalização feita por meio de oferta de ações, como ocorreu em 2010. O especialista em contabilidade e ex-diretor da CVM, Eliseu Martins, explica que a única forma de esses títulos serem classificados como capital no balanço seria a transação envolver um instrumento conhecido como adiantamento para futuro aumento de capital.
Nesse caso, a Petrobras ficaria obrigada a realizar uma capitalização no futuro, quando os papéis do Tesouro se transformariam em participação acionária da União. Já o sócio líder para mercado de IFRS da Ernst & Young, Paul Suticliffe, lembra que o instrumento híbrido de capital e dívida só pode ser aceito no patrimônio quando não houver uma obrigatoriedade de pagamento por eles.
A principal fragilidade da Petrobras é sua dívida, que atuatualmente soma R$ 506,6 bilhões. O reforço na estrutura de capital será importante para diminuir a pressão sobre o nível de alavancagem (relação entre endividamento líquido e patrimônio líquido), que encerrou o terceiro trimestre do ano em 58%. O nível de alavancagem segue muito além do patamar de 35%, indicado como o teto desejado pela estatal. Enquanto o aporte não vem, a petroleira mantém como mantra a preservação do caixa, estratégia que passa por reforçar captações. Este ano, ela conseguiu mais de US$ 14 bilhões em financiamentos externos, sendo US$ 10,5 bilhões com bancos.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO