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Empresas & Negócios

- Publicada em 02 de Novembro de 2015 às 21:35

Valorização da imagem pessoal impulsiona mercado da estética

 ENTREVISTA A PRESIDENTE DA D&D ESTÉTICA E SAÚDE, DANIELA RECK, PARA O COM A PALAVRA.

ENTREVISTA A PRESIDENTE DA D&D ESTÉTICA E SAÚDE, DANIELA RECK, PARA O COM A PALAVRA.


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Luiz Eduardo Kochhann
Frase destaque
Frase destaque
"É um mercado voraz, dinâmico em lançamentos. Você compra uma tecnologia hoje e, amanhã, já tem outra substituindo. Quem está montando um empreendimento precisa tomar cuidado com as marcas com as quais se alia, pois são produtos caros. Muitas vezes, nem se terminou de pagar o investimento em um recurso e surge outro, o que acaba inviabilizando o negócio. O profissional precisa saber lidar com esse setor"
 
O mercado de estética e saúde vem ganhando cada vez mais força devido ao aumento dos cuidados pessoais com a imagem. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o setor apresentou crescimento médio de 10% nos últimos 20 anos. Em 2014, a expansão real – descontada a inflação - foi de 7%, independente do cenário de instabilidade econômica vivido no País.
De acordo com a diretora comercial da D&D Estética e Saúde, empresa especializada em produtos, equipamentos e móveis para profissionais da área, Daniela Reck, a última década foi marcada pela evolução técnica e profissional. Com isso, o setor apresenta uma tendência de segmentação e de diversificação de um público que não abre mão dos cuidados com a beleza.
JC Empresas & Negócios – Qual avaliação é possível fazer do mercado de estética no Brasil?
Daniela Reck – O Brasil tem hoje o segundo maior mercado de beleza do mundo, o que engloba desde a higiene aos cuidados pessoais, desde um creme dental até um cosmético de alta tecnologia. No entanto, é um setor que sofre influência da sazonalidade, seja de festas, como o Natal, seja entre as estações do ano, tendo o pré-verão como auge, principalmente no Rio Grande do Sul. Após o verão, tem uma caída, por exemplo. E, no inverno, ficamos com o corpo muito coberto e caem os tratamentos corporais. Ao mesmo tempo, casamentos e festas de 15 anos ditam tendências. Por conta disso, existe a dificuldade de perceber um andamento continuo da área, mas, de uma maneira geral, é, sim, um mercado bastante promissor, mas instável na periodicidade do consumo.
Empresas & Negócios – O setor passa por uma tendência de segmentação?
Daniela - O que vem acontecendo é uma mudança de comportamento por conta da sua própria reorganização. Há uma década, contávamos com um mercado informal, no qual a maioria dos profissionais tinham cursos técnicos ou livres. Em um salão de beleza, a cabelereira era maquiadora, depiladora, fazia tudo. Ainda encontramos isso, mas há uma tendência no mercado em fornecer profissionais especialistas. Hoje, é possível observar a ação de jovens profissionais graduadas em estética, mudando o perfil e a faixa etária, mas também agregando conhecimento científico e tecnológico. Vou a um grande centro de beleza e tenho uma cabelereira, uma designer de sobrancelha, uma maquiadora, uma depiladora, uma podóloga. Além disso, temos clínicas específicas para cada área, levando o público final a conhecer essas áreas e procurar os profissionais específicos de acordo com as suas necessidades.
Empresas & Negócios – Alguma área se destaca nesse cenário?
Daniela - Eu destacaria o embelezamento do olhar. Está se dando uma importância muito grande para essa área do rosto, com a sobrancelha sendo vista como a moldura da face. Antes, se tirava apenas os excessos. Hoje, se molda e se redefine uma sobrancelha com produtos semipermanentes. Com isso, se cria um ciclo de retorno do cliente a cada 20 dias, já que, depois de ter um serviço como esse, ele dificilmente abre mão, o que cria um carteira de clientes importante para profissionais da área. Ao mesmo tempo, a área de cosméticos de tecnologia mais elevada cresce bastante. Os tratamentos estéticos de pele, por exemplo, possuem aplicação e recuperação mais rápida, com uma tecnologia que permite atingir o objetivo sem danificar tanto a pele. Isso também redefine a dinâmica do mercado.
Empresas & Negócios – Como os profissionais de estética estão lidando com essa rápida evolução tecnológica?
Daniela - É um mercado voraz, dinâmico em lançamentos. Você compra uma tecnologia hoje e, amanhã, já tem outra substituindo. Quem está montando um empreendimento precisa tomar cuidado com as marcas com as quais se alia, pois são produtos caros. Muitas vezes, nem se terminou de pagar o investimento em um recurso e surge outro, o que acaba inviabilizando o negócio. O profissional precisa saber lidar com esse setor. Se for no "oba oba" dos lançamentos dos produtos pode acabar se inviabilizando. Além disso, do ponto de vista do profissional, se exige muita responsabilidade técnica, até porque as pessoas estão querendo mudanças mais imediatas, com a internet ditando comportamentos e conceitos, o que gera novas perspectivas de cuidado. É o profissional tem que tomar o cuidado para planejar como atingir esse objetivo, pensando na melhor maneira de aplicar os recursos disponíveis. Quando trabalho com algo que vou aplicar em outras pessoas, tenho uma responsabilidade nas minhas escolhas. Tenho que me informar sobre as marcas e pessoas que estão por detrás dessa tecnologia. Preço não pode ser o principal fator de escolha.
Empresas & Negócios – O cliente também está atento a essas transformações?
Daniela - O público precisa estar atento à formação e ao conhecimento de quem está operando as máquinas ou aplicando os produtos. Entretanto, nessa mudança de perfil do profissional da estética e nessa busca por novos procedimentos, há 15 anos atrás, tínhamos um perfil de profissional que não tinha tanto conhecimento tecnológico ou científico, mas havia um cuidado humano para com os clientes. Temos que pensar que, hoje, na beleza, os procedimentos estão muito ligados à saúde, ao bem-estar, a entrega do cliente ao profissional. O que eu quero dizer é que, muitas vezes o científico acaba ficando acima de tudo, enquanto o toque, o cuidado, o olhar mais atento fica esquecido. Essa visão do conforto e do bem estar do cliente tem que estar presente nos procedimentos. Não tem máquina que segura cliente contigo. O que fideliza cliente é o cuidado desde a recepção.
Empresas & Negócios – E o perfil de quem procura os tratamentos está mudando? O público masculino está ganhando importância?
Daniela - Na última década, as pessoas se voltaram a imagem, seja o público masculino ou feminino, seja o jovem ou terceira idade. As pessoas, hoje, tem acesso a esses recursos. Antigamente, um excelente cosmético era importado e caro. Hoje, temos excelentes cosméticos nacionais. Não se falava tanto, por exemplo, em fotoproteção, hoje não é possível falar em exposição ao sol sem utilização de filtro. Ou seja, a conscientização em relação à necessidade dos cuidados com o corpo fez com que as pessoas mudassem os comportamentos e aumentassem o consumo. Nesse cenário, se percebe, sim, uma inserção, ainda que discreta, do masculino, mas o feminino ainda domina. Mas o mais interessante é a participação da terceira idade. Trata-se de um público bastante fiel e que, pelo aumento da longevidade e pela estabilidade desse momento da vida, está querendo se manter jovem e se cuida bastante. Há uma valorização maior dos cuidados pessoais nessa idade.
Empresas & Negócios – E os tratamentos estão mais acessíveis economicamente?
Daniela - Tudo que se trata de cosmético não é tão econômico. Mas vemos que há uma abertura maior desse mercado. Você encontra mais possibilidades de tratamento para todos os bolsos. E, muitas vezes, as pessoas não se submetiam a um tratamento em uma clínica estética, faziam tratamentos por si só, sem orientação, o que causava problemas de pele, por exemplo. O público não estava preparado, não tinha a cultura de se cuidar.
Empresas & Negócios - A instabilidade econômica influencia ou as pessoas não abrem mão desse tipo serviço?
Daniela - Tem algumas áreas que podem deixadas para depois, prorrogadas para outro momento. Mas, de uma maneira geral, são procedimentos que não são cortadas do orçamento do cliente final, se reluta muito para deixar de manter os cuidados com a estética e a saúde. Ainda assim, a crise atingiu o mercado. Nessa época do ano, por exemplo, estaríamos vendendo muito mais tecnologia. Ou seja, o que percebo é uma queda no investimento em maquinário por parte dos profissionais, mas os produtos triviais do dia a dia se mantém.
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