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Terrorismo

- Publicada em 15 de Novembro de 2015 às 22:15

Desafio francês é combater o terror sem ferir liberdades

Locais próximos aos alvos, como a casa de shows Bataclan, receberam homenagens às vítimas

Locais próximos aos alvos, como a casa de shows Bataclan, receberam homenagens às vítimas


KENZO TRIBOUILLARD/AFP/JC
O governo francês deve reagir aos atentados terroristas de sexta-feira em Paris intensificando a luta contra o grupo Estado Islâmico e, ao mesmo tempo, melhorando a segurança interna por meio do aumento do controle das fronteiras sem ferir o Estado de direito e as liberdades fundamentais. Na avaliação do cientista político e professor da Universidade de Sorbonne Stéphane Monclaire, outro desafio será evitar as infiltrações de terroristas na França sem endurecer a política imigratória. "Será necessário mostrar para a população francesa que não é porque alguns terroristas cruzaram as fronteiras como refugiados que não vamos acolhê-los", afirmou.
O governo francês deve reagir aos atentados terroristas de sexta-feira em Paris intensificando a luta contra o grupo Estado Islâmico e, ao mesmo tempo, melhorando a segurança interna por meio do aumento do controle das fronteiras sem ferir o Estado de direito e as liberdades fundamentais. Na avaliação do cientista político e professor da Universidade de Sorbonne Stéphane Monclaire, outro desafio será evitar as infiltrações de terroristas na França sem endurecer a política imigratória. "Será necessário mostrar para a população francesa que não é porque alguns terroristas cruzaram as fronteiras como refugiados que não vamos acolhê-los", afirmou.
O historiador Bruno Garcia, pesquisador da Revista de História da Biblioteca Nacional, disse ter testemunhado na Europa algumas pessoas relembrando boatos de que o Estado Islâmico estava infiltrando terroristas entre os refugiados. "Este argumento foi ventilado como uma forma de justificar uma política de bloqueio aos refugiados. Já se sabe que a Europa não tem como lidar com uma onda contínua de migrantes e a promessa de que ela só deve aumentar nos próximos anos. O problema é que ninguém sabe que solução dar, não é uma resposta rápida. Com isso, a extrema direita vai aproveitar essa situação para ganhar capital eleitoral", destacou Garcia.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou ontem que os atentados em Paris e a descoberta de um passaporte sírio próximo ao corpo de um dos terroristas não devem levar a uma mudança na política europeia de acolhimento de quem chega ao continente. "Os que cometeram os atentados são exatamente aqueles de quem os refugiados fogem e não o contrário. Consequentemente, não há motivo para rever o conjunto das políticas europeias em matéria de refugiados", disse Juncker à imprensa antes do início da Cúpula do G-20 em Antália, na Turquia.
Segundo o professor da Sorbonne, os ataques tiveram uma dimensão simbólica muito forte. Eles começaram perto do Stade de France, onde ocorria uma partida de futebol entre as seleções da França e da Alemanha com a presença o presidente francês François Hollande. Em seguida, os terroristas mataram 129 pessoas e deixaram 352 feridas em locais que ficavam perto da redação do jornal Charlie Hebdo, alvo de ataque em janeiro que resultou em 12 mortes. "É uma maneira de dizer que estão fazendo a guerra contra a França. É um recado da potência do Estado Islâmico e do seu nível de organização porque, desta vez, não se tratava de indivíduos cuja coordenação não era muito forte, mas de pessoas muito determinadas, muito bem organizadas e coordenadas", disse Monclaire.
Para o historiador Bruno Garcia, é muito difícil lançar uma guerra ao terror contra um inimigo que é abstrato. Ele ressaltou que a solução passa por medidas diplomáticas e uma ação conjunta que também inclui a alternativa militar. "Os terroristas deixaram de ser apenas a Al Qaeda. Deixaram de ter residência em um país e passaram a se distribuir de forma mais difusa e com objetivos mais difusos. Ficou claro que uma política de tolerância zero não resolveria o problema. Ao fomentar uma guerra ao terror, o Ocidente produziu de certa forma também outras condições que alimentam o fundamentalismo."

Hezbollah, Hamas e Jihad condenam atentados

O grupo xiita libanês Hezbollah e os movimentos palestinos Hamas, no poder na Faixa de Gaza, e Jihad Islâmica condenaram  os atentados de sexta-feira em Paris. Os ataques foram reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que atua fortemente na Síria e no Iraque.
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, condenou "os ataques feitos pelos terroristas criminosos em Paris", e expressou solidariedade para com o povo francês. Bassem Naim, chefe do conselho para as relações internacionais do Hamas, também condenou os "atos de agressão e barbárie" e manifestou a expectativa da França poder regressar "à paz e à estabilidade".
Nafez Azzam, membro da Comissão Política da Jihad Islâmica, condenou o que chamou de "crime contra inocentes" e "mensagem de ódio", lembrando que "o Islã recusa matanças indiscriminadas".

EUA classificam ações como 'ato de guerra' que exigem maior engajamento

Não haverá grande mudança na estratégia, diz Rhodes

Não haverá grande mudança na estratégia, diz Rhodes


BRENDAN SMIALOWSKI/AFP/JC
A Casa Branca informou que concorda com a França que os ataques terroristas em Paris são um "ato de guerra" e demandam compromissos internacionais mais robustos para combater o Estado Islâmico. O consultor de segurança nacional da Casa Branca Ben Rhodes afirmou que o presidente americano Barack Obama não planeja nenhuma mudança dramática na estratégia contra o grupo radical. Segundo ele, Obama planeja ampliar a execução da atual estratégia, buscando o envolvimento de aliados dos Estados Unidos.
"Esse ataque acaba servindo para criar um senso de urgência na comunidade internacional sobre a necessidade de maior apoio a vários elementos da nossa campanha contra o Estado Islâmico", afirmou Rhodes a repórteres na Turquia, onde acompanha o presidente americano no G-20.
Os ataques em Paris poderiam também levar um maior apoio da população para uma ação militar mais forte, afirmou Rhodes, levando o Congresso dos EUA a autorizar o uso de força militar na campanha contra o Estado Islâmico. "O ponto-chave para nós é que não acreditamos que as tropas dos EUA são a resposta para o problema", afirmou Rhodes. "É mais sustentável e eficiente contar com as forças da oposição na Síria e os parceiros no Iraque."

Brasileiros feridos em restaurante são operados e não correm perigo

Feridos em um dos ataques em Paris, os brasileiros Gabriel Sepe e Camila Issa, ambos de 29 anos, foarm submetidos a cirurgias e passam bem. Um outro brasileiro também se feriu, segundo o consulado em Paris, mas não chegou a ser hospitalizado.
Os dois jantavam com amigos no restaurante Le Petit Cambodge quando os terroristas começaram a disparar contra os clientes, por volta das 21h30min locais (18h30min em Brasília). Sepe, que é arquiteto, levou três tiros nas costas e foi operado, mas, na manhã de sábado, já estava consciente e estável. A psicóloga Camila foi atingida por estilhaços e por um tiro de raspão. Teve que ser submetida a uma cirurgia para recompor tecidos da mão esquerda e do seio.