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Opinião

- Publicada em 29 de Outubro de 2015 às 17:38

Um século de imposição

O município de Pinheiro Machado, 350 quilômetros ao Sul de Porto Alegre, completa, neste 30 de outubro de 2015, um século sob denominação imposta. Originalmente chamado "Cacimbinhas", teve o nome alterado em 30 de outubro de 1915, porque o intendente em exercício à época, Ney de Lima Costa, queria "redimir" a então vila do fato de ser a terra em que havia vivido Manço de Paiva, o assassino do senador José Gomes Pinheiro Machado. A atitude do dirigente gerou revolta armada e acabou justificando a sua destituição, mas a designação inicial jamais foi recuperada.
O município de Pinheiro Machado, 350 quilômetros ao Sul de Porto Alegre, completa, neste 30 de outubro de 2015, um século sob denominação imposta. Originalmente chamado "Cacimbinhas", teve o nome alterado em 30 de outubro de 1915, porque o intendente em exercício à época, Ney de Lima Costa, queria "redimir" a então vila do fato de ser a terra em que havia vivido Manço de Paiva, o assassino do senador José Gomes Pinheiro Machado. A atitude do dirigente gerou revolta armada e acabou justificando a sua destituição, mas a designação inicial jamais foi recuperada.
Cacimbinhas como nome municipal tinha fundamento na realidade: a região era pródiga em mananciais, com poços à flor da terra, servindo de alimento aos humanos, aos animais e à flora. Também estava baseada na tradição: a água de uma das abundantes cacimbas havia consagrado o milagre de dar a visão de volta a um cego que, em gratidão, ergueu uma capela à Nossa Senhora da Luz, por óbvio , em torno da qual o povoado se desenvolveu. Os cacimbinhenses de 1915 eram, em sua maioria, simpatizantes do Partido Republicano Rio-grandense (PRR), no poder desde 1889 nos âmbitos nacional, estadual e local. Como tal, eram eleitores de Pinheiro Machado, um dos fundadores do PRR e da própria república brasileira. Mas, por entenderem que não lhes cabia, no coletivo, a culpa pelo crime de alguém que havia vivido na vila, rechaçaram o ato do intendente provisório, cujos considerandos em favor da mudança desmereciam a realidade e a tradição em torno do nome original.
Do confronto de ideias entre as facções do PRR cacimbinhense partiu-se para o enfrentamento armado. O governo estadual interveio, enquadrou as tendências, o provisório destituído deixou o município, mas a luta de décadas da população pela retomada de Cacimbinhas jamais passou de uma esperança. O resultado é que o município que leva o nome de um dos políticos mais importantes do Rio Grande e do Brasil praticamente o ignora como referência, dele não tendo sequer um busto.
Jornalista
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