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Afeganistão

- Publicada em 07 de Outubro de 2015 às 15:18

MSF quer investigação independente sobre ataque a hospital em Kunduz

Joanne Liu (c) diz que bombardeio dos EUA não pode ser tolerado

Joanne Liu (c) diz que bombardeio dos EUA não pode ser tolerado


FABRICE COFFRINI/JC
A organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) pediu ontem que uma comissão independente investigue o bombardeio a um hospital da ONG em Kunduz, no Afeganistão. O ataque deixou 22 mortos no sábado.
A organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) pediu ontem que uma comissão independente investigue o bombardeio a um hospital da ONG em Kunduz, no Afeganistão. O ataque deixou 22 mortos no sábado.
O ataque aéreo, coordenado pelos Estados Unidos, foi considerado um crime de guerra pela MSF. O Pentágono reconheceu o erro e disse ter agido a pedido das forças afegãs, embora a decisão final tenha sido tomada pelos norte-americanos.
A ONG quer enviar o caso à Comissão Internacional Humanitária de Averiguação (IHFFC, na sigla em inglês), uma instância sob a Convenção de Genebra para investigar violações às leis humanitárias. A intenção é que o órgão recolha provas contra os Estados Unidos, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e o Afeganistão. Com o relatório pronto, a Médicos Sem Fronteiras decidiria se levaria o caso ao Tribunal Penal Internacional.
A presidente internacional da MSF, Joanne Liu, disse que o bombardeio não pode ser tolerado e que não se pode confiar exclusivamente nas sindicâncias levantadas pelos Estados Unidos e pelo Afeganistão. "Este não é um ataque só ao nosso hospital, mas à Convenção de Genebra. Se nós deixarmos que se torne apenas um não evento, estamos praticamente dando um cheque em branco a qualquer país em conflito armado."
A comissão foi criada em 1991, mas nunca foi usada para investigar crimes contra a humanidade. Ela também não tem força judicial para sozinha levar uma investigação a julgamento no Tribunal Penal Internacional.
A MSF pede que um dos 76 países-membros da comissão abra o inquérito. Porém, nem Estados Unidos nem Afeganistão estão entre os signatários, o que pode levar à recusa do relatório final. Apesar deste risco, Liu pediu que os países aceitem o trabalho da comissão. "O direito humanitário internacional é sobre intenções e fatos. O ataque dos EUA é a maior perda que nossa organização sofreu em um bombardeio."
O erro foi admitido na terça-feira pelo secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter. "As Forças Armadas tomam o maior cuidado para impedir a perda de vidas inocentes, e quando cometemos erros, nós os assumimos."
Segundo o jornal The New York Times, o comandante das forças norte-americanas no Afeganistão, John Campbell, afirmou em discussões com a cadeia de comando que foi identificado de forma errada o alvo a ser atingindo, desrespeitando, assim, as regras de combate. Ao todo, foram mortos 12 funcionários e dez pacientes, sendo três crianças. Outras 37 pessoas ficaram feridas na ação, que ocorreu quando Kunduz era atacada por forças afegãs para tirá-la do domínio do Taliban.

Obama pede desculpas pelo incidente

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu desculpas à ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) pelo ataque aéreo que atingiu um hospital da entidade no Afeganistão. Ele telefonou para a presidente internacional do grupo, Joanne Liu.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que Obama ofereceu suas condolências à equipe do grupo humanitário. Obama garantiu que haverá uma investigação abrangente e objetiva sobre os fatos. Segundo Earnest, o presidente afirmou que, se for necessário, os Estados Unidos realizarão mudanças para evitar um novo episódio como esse.