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Afeganistão

- Publicada em 04 de Outubro de 2015 às 16:33

Ataque a hospital deixa 22 mortos

Prédio foi atingido por bombardeio no sábado; causas serão investigadas

Prédio foi atingido por bombardeio no sábado; causas serão investigadas


AFP/JC
A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou ontem a morte de mais três pacientes após um bombardeio atribuído aos Estados Unidos, ocorrido no sábado, a um hospital gerido pela entidade na cidade de Kunduz, no Afeganistão. Assim, o número de mortos por causa do ataque sobe para ao menos 22, sendo 12 membros da MSF e dez pacientes, incluindo três crianças.
A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou ontem a morte de mais três pacientes após um bombardeio atribuído aos Estados Unidos, ocorrido no sábado, a um hospital gerido pela entidade na cidade de Kunduz, no Afeganistão. Assim, o número de mortos por causa do ataque sobe para ao menos 22, sendo 12 membros da MSF e dez pacientes, incluindo três crianças.
Christopher Stokes, diretor-geral da ONG, pediu uma investigação independente do atentado - o presidente dos EUA, Barack Obama, já havia afirmado que pretende apurar o que aconteceu - e disse não acreditar na versão de que terroristas teriam usado o hospital para se esconder.
"Sob a presunção clara de que um crime de guerra foi cometido, a organização humanitária internacional MSF exige uma investigação completa, transparente e conduzida por um órgão internacional independente", disse, em comunicado.
"Contar apenas com uma investigação interna gerida por uma parte do conflito seria totalmente insuficiente. Nenhum profissional da nossa equipe relatou qualquer confronto dentro do complexo hospitalar de MSF antes do ataque aéreo", continuou Stokes. Segundo ele, o hospital estava lotado no momento do incidente, sendo que o prédio principal foi atingido diversas vezes, enquanto as outras alas do edifício foram deixadas praticamente intactas.
A Médicos Sem Fronteiras começou ontem a retirar todo seu pessoal de Kunduz. "O hospital da MSF não pode continuar funcionando. Os pacientes em estado crítico foram transferidos para outros estabelecimentos. Nenhum funcionário da MSF está mais no hospital", informou Kate Stegeman, porta-voz da organização no Afeganistão. "Neste momento, não sei dizer se o centro de traumatologia de Kunduz voltará a abrir", enfatizou.

'Vimos nossos colegas morrerem', afirma enfermeiro da MSF em Kunduz

Sobrevivente dos bombardeios no hospital da Médico Sem Fronteiras (MSF) em Kunduz, no Afeganistão, o enfermeiro Lajos Zoltan Jecs descreveu os momentos que se seguiram aos ataques como "absolutamente assustadores" e disse que "ficou em choque" ao ver pacientes e colegas morrendo.
"Eu estava dormindo em nossa sala segura no hospital. Por volta das 2h, eu fui acordado pelo som de uma grande explosão próxima. No primeiro momento, eu não sabia o que estava acontecendo. Ao longo da última semana, já havíamos escutado outras bombas e explosões, mas sempre distantes. Esta era diferente, perto e alta", disse o enfermeiro, em texto publicado pela MSF.
Segundo Jecs, uma das dificuldades foi mobilizar os médicos e enfermeiros, também em choque, para tratar dos feridos. "Tivemos de organizar um plano de atendimento em massa para atender às vítimas no escritório, verificando quem estava em condições de ajudar. Fizemos uma cirurgia de emergência em um dos médicos. Infelizmente, ele morreu ali, na mesa do escritório. Fizemos o nosso melhor, mas não foi suficiente", conta.
O funcionário disse que estava acostumado a lidar com situações difíceis, mas que ver colegas sendo mortos teve um impacto ainda maior. "São pessoas que vinham trabalhando duro por meses, sem parar. Eles não foram para casa, eles não viram suas famílias, eles só vinham trabalhando no hospital para ajudar pessoas e agora estão mortos. Estas pessoas são amigos, amigos próximos. Não tenho palavras para expressar isto."