Um projeto da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement, iniciado em março, conseguiu reduzir em oito pontos percentuais a taxa de cesarianas realizadas nos 42 hospitais públicos e privados participantes da iniciativa. De acordo com balanço divulgado ontem, o índice de parto cesáreo nessas unidades de saúde passou de 80,1%, em 2014, para 72,8% em setembro deste ano. "Em seis meses, conseguimos, nesses hospitais, reverter o aumento de cesarianas que tivemos ao longo dos últimos 10 anos", diz Martha Oliveira, diretora de desenvolvimento setorial da ANS.
Ela se refere à taxa de cesáreas realizadas na rede privada brasileira. Em 2005, 75,5% dos nascimentos ocorreram pelo parto cirúrgico. Em 2015, o índice subiu para 85,5%. A queda na taxa de cesarianas só foi observada, por enquanto, nos hospitais participantes do projeto-piloto, batizado de Parto Adequado. Juntos, os 42 hospitais que integram o programa realizam 85 mil partos por ano, 6% do total feito no Brasil. "A ideia é que, após a conclusão do projeto, essas práticas sejam disseminadas para os demais hospitais", explica Martha. O projeto termina em setembro de 2016.
De acordo com Rita Sanchez, coordenadora da maternidade do Einstein e obstetra do projeto, foram implantados três conjuntos de medidas nos hospitais para tentar reverter as altas taxas de cesáreas. O primeiro foi propor melhorias na estrutura física e de recursos humanos das unidades de saúde.
"Tinha hospital sem espaço adequado para receber a gestante ou o acompanhante, ou então não havia médico plantonista ou enfermeiras obstetras. Agora estão contratando esses profissionais. Essas mudanças são necessárias porque não adianta só aumentar o número de partos normais se não tiver segurança", diz ela. Os outros dois pilares de medidas foram a capacitação e a conscientização dos médicos, com revisão de literatura e cursos, e das gestantes.