A colocação das estacas de sustentação da nova ponte do Guaíba foi suspensa após os moradores das vilas Tio Zeca e Areia, nas proximidades da rua Voluntários da Pátria, em Porto Alegre, sentirem impacto nas casas em decorrência das obras. De acordo com o Departamento de Infraestrutura de Transportes (Dnit), as atividades do bate-estaca no local ficarão suspensas até que a população seja reassentada, mas não haverá atraso na construção. A autarquia ressalta que não é necessário realocar todas as 464 famílias das duas comunidades, mas somente as que estão mais próximas de onde serão cravadas as estacas. Entretanto, o Departamento Municipal de Habitação (Demhab) prevê que a conclusão do loteamento para os moradores leve mais de um ano para ficar pronto.
Em nota, o Dnit garantiu que o cronograma de obras deve ser mantido, pois o consórcio construtor está trabalhando dentro do Guaíba e também na produção dos pré-moldados que irão compor a ponte. Com isso, conforme forem sendo liberadas as áreas pelo reassentamento, a construtora retomará o serviço. O Consórcio Ponte do Guaíba, responsável pelo empreendimento, chegou a realizar vistoria cautelar nas moradias próximas ao local e a utilizar um sismógrafo com o objetivo de monitorar a situação. O projeto habitacional foi aprovado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) em setembro. Além da comunidade das vilas Tio Zeca e Areia, serão transferidas mais 534 famílias da Ilha Grande dos Marinheiros. O reassentamento das 1.031 famílias é, sem dúvida, o maior desafio para a construção.
O Dnit também já enviou à prefeitura da Capital o projeto da infraestrutura das áreas que irão receber os loteamentos. Após a análise e a aprovação do projeto, o departamento iniciará a implantação das redes de esgoto, água e energia elétrica, arruamento e calçamento. Estas obras são necessárias para a licitação de construção dos imóveis por meio do Minha Casa Minha Vida.
O diretor-geral do Demhab, Everton Braz, acredita que o projeto levará pelo menos 60 dias para ser aprovado. "Posteriormente, será feita a licitação para a construção dos imóveis. A estimativa é de 12 a 18 meses para concluir as casas. A comunidade da região só sairá do local para as moradias definitivas", explica. Além das 464 famílias, os integrantes de uma ocupação recente estão negociando a possibilidade de também serem incluídos no reassentamento. "Os moradores nos relataram problemas nas casas em decorrência do bate-estaca e temor de queda dos guindastes. Acordamos que as obras continuam em outros locais, mas naquela região, esse trabalho só será retomado após a transferência", completa Braz.
A estimativa de conclusão para setembro de 2017 continua mantida. Entretanto, o Dnit aguarda a aprovação do orçamento de 2016 do governo federal para saber como será o aporte de recursos. O valor da construção está orçado em R$ 649,6 milhões. Neste ano, o departamento no Estado deveria receber R$ 400 milhões, entre junho e dezembro, para dar prosseguimento à duplicação de estradas federais e à construção da segunda ponte do Guaíba. Com o anúncio de cortes, porém, o valor foi reduzido para R$ 300 milhões.
A ponte terá uma extensão de 2,9 quilômetros, com um total de 7,3 quilômetros de obras, entre elevadas e viadutos. Com 28 metros de largura nos vãos principais, a pista contará com duas faixas de rolamento com acostamento e refúgio central.