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A primavera é uma estação conhecida pelos temporais. Entretanto, o ano de 2015 fará história. Infelizmente, a história será sobre perdas e estragos. Após alguns dias de trégua na instabilidade, que não chegou a dar tempo para a população se recuperar do susto da quarta-feira passada, reconstruir suas casas e retomar suas vidas, o Estado entra novamente em alerta para temporais, ventos fortes, raios, chuva e granizo. Somente na Capital, 600 pessoas continuavam desalojadas ontem. No Rio Grande do Sul, 5.413 estavam fora de suas residências em decorrência dos alagamentos.
Estael Sias, meteorologista da MetSul Meteorologia, informa que a chuva em Porto Alegre e Região Metropolitana é esperada entre a tarde e a noite de hoje, e o fenômeno pode ser novamente severo. Contudo, o grau de severidade dos temporais da semana passada foi excepcional e não costuma se repetir com frequência. Como esse tipo de situação costuma ser localizada, também não há como se pontuar quais cidades podem ser mais afetadas, exceto por análise de imagens de radar e em alertas de curto prazo.
"O dia esquentará muito, sendo esperadas máximas próximas dos 34 graus. O ar quente é o combustível para o temporal. Estão previstos raios, chuva, vento e granizo. Na quarta-feira, ainda podem ocorrer temporais, mas uma frente fria avança, diminuindo as temperaturas. A chuva nesse dia deve ser mais generalizada", afirma.
No restante do Estado, conforme aviso do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), existe o risco de alagamentos, queda de granizo e de galhos de árvores e descargas elétricas nas regiões Sudoeste, Sudeste e Centro. Na tarde de ontem, as temperaturas já se elevaram bastante. Em São Luiz Gonzaga, no Noroeste, os termômetros chegaram a 32,8 graus. Na Capital, o dia também apresentou sensação de abafamento, com máxima de 25,4 graus.
Defesa Civil tenta convencer ilhéus a saírem de casa
Antecipando os futuros problemas em decorrência da previsão de novos temporais, a Defesa Civil tentava ontem convencer parte dos moradores do arquipélago da Capital a deixarem suas casas e se dirigirem a abrigos. Nelcir Tessaro, secretário da Defesa Civil de Porto Alegre, diz que a precaução se deve à possibilidade de vento Sul intenso hoje, represando novamente as águas do Guaíba e intensificando os alagamentos da região.
"A Ilha da Pintada é o local de maior atenção, pois foi a parte da cidade mais prejudicada pelas chuvas. Montamos um abrigo na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, com capacidade para 100 pessoas. Temos outros locais que podem receber mais famílias", explica.
Além da equipe do órgão, cinco soldados do Exército atuam em cada uma das quatro ilhas. "Temos 600 pessoas em abrigos da prefeitura e 1.500 em tendas na BR-290. Iremos monitorar durante toda a noite a situação destas famílias", complementa.
Prefeitura de Porto Alegre colocará geradores em casas de bomba
A prefeitura de Porto Alegre irá colocar, de forma emergencial, geradores em sete casas de bombas como forma de prevenir possíveis quedas de luz durante os temporais previstos para hoje e amanhã, que podem resultar em acúmulo de água nas vias. A decisão foi tomada ontem pelo prefeito José Fortunati, durante reunião com técnicos e o diretor-geral do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), Tarso Boelter. As máquinas irão funcionar entre hoje e sexta-feira.
A colocação está dentro das ações preventivas definidas pelo GT Enchentes neste fim de semana. "Vamos garantir que não haja suspensão do trabalho das bombas em áreas definidas em função de estarem próximas a comunidades carentes ou a prestadores de serviços essenciais à cidade", indicou o prefeito.
Serão colocados geradores nas casas de bomba 1, na rodoviária, que ficou alagada na semana passada e atende ao Centro; na 2, que atende à estação de bombeamento do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) no bairro São João; na 5, próxima à Vila Farrapos; na 6, no bairro Anchieta, para atender ao bairro Humaitá; na 10, no bairro Sarandi; na 16, próxima ao Tribunal de Justiça do Estado, no bairro Praia de Belas; e na casa de bombas Sílvio Brum, próxima à avenida Sertório.
União entrega, nesta semana, mais 16 mil kits de ajuda
O governo federal colocou à disposição 22,2 mil kits de ajuda humanitária para as vítimas das chuvas no Estado. Desse total, 6,2 mil são remanescentes das chuvas de julho. Os outros 16 mil foram solicitados dentro do Plano Detalhado de Resposta (PDR) enviado à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) do Ministério da Integração Nacional na quinta-feira. Os kits que estavam estocados já foram entregues.
Com relação ao lote seguinte autorizado pela Sedec, 4 mil colchões chegaram ontem ao Rio Grande do Sul para distribuição aos municípios. Já os 4 mil kits dormitório, 4 mil kits de higiene pessoal e 4 mil kits de limpeza que completam o material estão previstos para hoje. O investimento total é de quase R$ 2 milhões: R$ 539,1 mil referentes ao material que estava estocado e R$ 1,37 milhão referentes aos outros kits de ajuda humanitária.