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Indústria Petroquímica

- Publicada em 29 de Outubro de 2015 às 21:58

Impasse em acordo barra investimentos de R$ 8 bilhões

Aditivo de contrato entre as duas companhias expira neste sábado

Aditivo de contrato entre as duas companhias expira neste sábado


BRASKEM/DIVULGAÇÃO/JC
Com o prazo para o mais recente aditivo de contrato de fornecimento de nafta entre Petrobras e Braskem expirando (encerra neste sábado), a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) assinou uma intensa campanha na mídia, nessa quinta-feira, defendendo um acerto de longo prazo entre as partes. Conforme a entidade, a falta de um acordo duradouro quanto à principal matéria-prima da petroquímica nacional está refreando investimentos no setor de aproximadamente R$ 8 bilhões.
Com o prazo para o mais recente aditivo de contrato de fornecimento de nafta entre Petrobras e Braskem expirando (encerra neste sábado), a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) assinou uma intensa campanha na mídia, nessa quinta-feira, defendendo um acerto de longo prazo entre as partes. Conforme a entidade, a falta de um acordo duradouro quanto à principal matéria-prima da petroquímica nacional está refreando investimentos no setor de aproximadamente R$ 8 bilhões.
Esse represamento acontece porque empresas que pretendem investir no segmento, como fabricantes de resinas termoplásticas, que utilizam a nafta como insumo, precisam ter confiança sobre como se comportará o custo da matéria-prima. Desde 2014, Petrobras e Braskem não fecham acertos com mais de seis meses de duração. Nesse sentido, o presidente da Abiquim, Fernando Figueiredo, sustenta que um contrato duradouro é essencial. Sobre um possível impacto da Operação Lava a Jato na negociação, o dirigente afirma que essa questão deve ser discutida como um negócio comercial, sendo que as investigações não deveriam afetar a transação.
Figueiredo cita entre os empreendimentos que enfrentam dificuldades devido ao impasse o projeto de ABS que o grupo Styrolution quer desenvolver na Bahia e o de uma planta de borracha sintética que a polonesa Synthos planeja instalar em Triunfo. No caso do complexo gaúcho, o dilema é que a unidade seria alimentada por butadieno, produto proveniente da nafta. Apesar de ter circulado rumores de que a empresa já teria até mesmo abandonado a iniciativa, o procurador da Synthos no Brasil, Maurênio Stortti, afirmou que a companhia não desistiu do empreendimento. O que é evidente é que o cenário da matéria-prima teve reflexos negativos no projeto, que tinha como previsão de início de obras abril de 2015. No começo deste ano, a estimativa era que a estrutura, que teria capacidade para 80 mil a 90 mil toneladas de borracha sintética ao ano, absorveria cerca de R$ 640 milhões em investimentos.
O coordenador do grupo temático de energia da Fiergs e presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS), Edilson Deitos, frisa que toda a cadeia do plástico está torcendo para que ocorra uma solução o quanto antes. O dirigente acrescenta que o setor não conseguirá planejar investimentos relevantes, enquanto o contrato da principal matéria-prima não esteja consolidado.
Deitos acredita que ainda seja possível retomar o aporte da Synthos no Estado. "Se até o final do ano tivermos uma definição clara, acho que se consegue reverter, apesar de não ter saído nada oficial que eles desistiram do projeto", comenta o dirigente.
Conforme o secretário estadual de Minas e Energia, Lucas Redecker, o governo gaúcho também não abdicou do projeto do grupo polonês. Quanto à possibilidade de Petrobras e Braskem chegarem a um consenso definitivo antes do final do sábado, Redecker admite que é difícil prever qual será a conclusão das tratativas. "Já tivemos muitos momentos de certezas, de que sairia um acordo duradouro, e isso não foi solucionado até agora", argumenta o dirigente.
O secretário lembra que a Braskem representa uma arrecadação de impostos para o Rio Grande do Sul na ordem de R$ 50 milhões mensais, o que é fundamental para o Estado na sua atual condição econômica. Redecker espera que a Petrobras seja sensível quanto ao tema da nafta e enfatiza que a estatal é sócia da própria Braskem (a companhia detém 36,1% do capital total da petroquímica, contra 38,3% da controladora Odebrecht).

Frente parlamentar defende acerto para garantir o fornecimento da matéria-prima

Em um café da manhã realizado em Brasília, nesta quinta-feira, com o setor, o presidente da Frente Parlamentar da Química, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), informou que está em contato com a Petrobras, na tentativa de interceder a favor da indústria química. Segundo o parlamentar, esta definição é "fundamental" para garantir a competitividade do segmento e a captação de novos investimentos.
O setor químico é responsável pela geração de 2 milhões de empregos diretos e indiretos no País, e movimenta US$ 157 bilhões por ano. Além disso, representa 10% no PIB industrial. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás), Jaime Lorandi, um acordo de longo prazo entre Petrobras e Braskem traria conforto "psicológico". No entanto, o dirigente descarta a possibilidade de faltar resinas, caso as empresas não cheguem a uma resposta final.
Segundo Lorandi, se houver um problema quanto ao abastecimento local de nafta, é possível recorrer às exportações. Porém, essa não seria a melhor opção. "Ao comprarmos as resinas internas, estamos gerando empregos e formando uma cadeia nacional", salienta. Ele acrescenta que fatores como logística, variação cambial e confiabilidade de matéria-prima (qualidade) também fazem a aquisição de resinas no Brasil serem preferíveis.

Manifestação da Petrobras

Em nota divulgada na noite desta quinta-feira, a Petrobras informa que "seus órgãos competentes apreciarão as condições para a celebração de novos aditivos aos contratos de nafta com a Braskem, viabilizando a manutenção do fornecimento durante as negociações de um contrato de longo prazo". No documento, a Petrobras reforça que "mantém tratativas com a Braskem há mais de 2 anos, buscando uma solução equilibrada e comutativa para ambas as companhias. Fatos julgados relevantes serão tempestivamente divulgados ao mercado".