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Agronegócios

- Publicada em 26 de Outubro de 2015 às 22:32

Transpacífico ameaça exportações avícolas

Atualmente, o Brasil responde por 84% da demanda interna de carne de frango no mercado japonês

Atualmente, o Brasil responde por 84% da demanda interna de carne de frango no mercado japonês


FREDY VIEIRA/JC
O acordo comercial Transpacífico, assinado no início de outubro por Japão, Estados Unidos e mais 10 países banhados pelo Oceano Pacífico, acendeu o sinal de alerta nos exportadores nacionais de carne de frango. O aviso foi dado ontem pelo ex-ministro da agricultura e atual presidente executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.
O acordo comercial Transpacífico, assinado no início de outubro por Japão, Estados Unidos e mais 10 países banhados pelo Oceano Pacífico, acendeu o sinal de alerta nos exportadores nacionais de carne de frango. O aviso foi dado ontem pelo ex-ministro da agricultura e atual presidente executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.
Responsável por gerar US$ 8,5 bilhões em exportações no ano passado, o setor avícola atingiu em 2014 uma participação de 84% na demanda de consumo interno do mercado japonês - o equivalente a 399,294 mil toneladas, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). Agora, segundo Turra, o país asiático, que representa o segundo principal destino do segmento avícola nacional - substituirá uma parcela considerável da cota de importações, atualmente, destinada ao Brasil.
O resultado deve ser uma substituição gradual do produto brasileiro pela carne de frango oriunda dos novos parceiros comerciais, entre eles, os Estado Unidos. Na avaliação de Turra, que participou de painel no Fórum dos Grandes Debates, promovido pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, esse é apenas um dos desafios a serem enfrentados nos próximos anos.
Com base em levantamentos da ABPA, juntas, a avicultura e a suinocultura brasileiras possuem valor de produção avaliado em R$ 80 bilhões. Em 2015, os crescimentos tendem a girar próximos de 5% e 7%, respectivamente. Neste contexto, as atividades que geram mais de 4,15 milhões de empregos representam 10,5% das exportações agrícolas do País, com cifras que ultrapassaram os US$ 10,1 bilhões no ano passado.
Com produtos presentes em 157 países, o ex-ministro, Francisco Turra, estima que a manutenção destes mercados depende da consolidação de processos capazes de agregar valor e qualidade à produção nacional. "Somos um País gigante e que se desenvolveu muito rápido nos últimos anos, mas ainda carecemos de inciativas capazes de consolidar nossa presença internacional", comenta.
O presidente executivo ABPA também chama a atenção para a necessidade de ampliar a industrialização de embutidos. De acordo com projeções da entidade, enquanto o Brasil consegue obter em média US$ 2,1 mil por tonelada de carne de frango vendidas no mercado externo, concorrentes como a Tailândia cobram até US$ 5,2 mil por tonelada. O segredo, aponta Turra, está, justamente, na capacidade de processamento da produção tailandesa. "Precisamos urgentemente agregar valor aos nosso produtos", resume.
Por outro lado, a boa notícia está nas estimativas de crescimento da demanda por alimentos. Levantamento da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) indica que até o ano 2022 a demanda por carne de aves crescerá 19%. Para a carne suína, a expectativa aponta para aumento de 13% e, nos bovinos, 14%. Aliado a isso, Turra considera o gigante mercado chinês ainda pouco explorado. Atualmente, o país asiático compra apenas 300 mil toneladas de aves, quando o potencial estimado seria algo próximo a 2 milhões de toneladas.

Tecnologia e produtividade são desafios para aumentar oferta de alimentos para o mundo

Polo deve anunciar, em breve, um programa de recuperação de áreas

Polo deve anunciar, em breve, um programa de recuperação de áreas


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Setor que menos gera desgosto à economia gaúcha, a agropecuária deve receber mais investimentos em produtividade e tecnologia para garantir maior produção de alimentos. A projeção foi feita por autoridades legislativas e do governo estadual, entidades do ramo cooperativo e de produtores e empresas privadas e de pesquisa, no Fórum dos Grandes Debates, promovido pela Assembleia Legislativa. O evento tentou rastrear as carências no setor, mesmo que, pelo segundo ano consecutivo, esteja puxando o Produto Interno Bruto (PIB) estadual.
Medidas na área de crédito, que reduzam efeitos de riscos inerentes à atividade (o que inclui o clima), mais iniciativas em pesquisa, cuidados com a conservação do solo e capacitação de produtores foram listados na primeira etapa do evento, no anfiteatro Dante Barone. O que chamou a atenção na largada do fórum, pela manhã, foi a plateia acanhada, com algumas dezenas de pessoas na abertura e painel inaugural que tratou de novas tecnologias e desenvolvimento. O secretário estadual da Agricultura, Ernani Polo, atribui o baixo fluxo aos problemas recentes, com temporais e granizo que estão ocupando bastante quem está no campo.
"Isso impediu que muitos produtores viessem, mas temos um público qualificado de representantes aqui", amenizou o secretário, que projeta lançar em novembro um programa de recuperação das áreas de agricultura. A expansão de culturas, como a soja, tem elevado o grau de alerta sobre a reposição de nutrientes e medidas de rotação de culturas para restabelecer a capacidade de produção. "Precisamos fazer isso para garantir produtividade e proteger o meio ambiente", advertiu Polo. O presidente do Legislativo, Edson Brum, reconheceu o peso do PIB primário para a economia gaúcha e concordou que políticas na área de oferta de recursos, área fiscal e infraestrutura precisam de ação do próprio Legislativo.
Os riscos associados à atividade, destacou o secretário do Desenvolvimento Rural, Tarcísio Minetto, precisam ser amenizados por medidas como seguros, mas a tecnologia pode ajudar a "dar mais sustentabilidade e competitividade às cadeias produtivas". O chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Clênio Pillon, apontou que a ciência e a pesquisa foram a base para mais que dobrar a oferta de alimentos per capita entre brasileiros. "O Brasil passou de grande importador de alimentos a player mundial", frisou o representante da Embrapa, que indicou as novas barreiras, como formar mão de obra, amenizando o impacto da sucessão nas propriedades, para atuar no campo e saber analisar informações e aplicar conhecimento às culturas. "Está em curso uma mudança do padrão tecnológico, não só pelos recursos da agricultura de precisão, mas de como usar as informações. Cada vez mais, teremos sensores que controlam tudo na lavoura", exemplificou Pillon. O presidente da Yara Brasil, Lair Hanzen, frisou o desafio do País em conseguir assumir a liderança na produção de alimentos. Segundo estimativa das Nações Unidas, o mundo deve dobrar a demanda por grãos até 2050.
O executivo indicou que o uso de fertilizantes, que é o segmento de atuação da multinacional, com sua matriz brasileira no Estado, é o grande propulsor para suprir a necessidade de alimentos. "O mineral é a comida da planta, e o Brasil caminha para ser o celeiro do mundo", aposta o presidente da Yara. O presidente do Sescoop, Vergílio Perius, destacou que a tecnologia foi decisiva para o desempenho do setor e citou ações pioneiras do setor cooperativo, como a Expodireto.