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Custo de Vida

- Publicada em 21 de Outubro de 2015 às 20:53

Capital tem inflação de 10,48% em 12 meses

Individualmente, o maior impacto foi exercido pelo botijão de gás, que subiu 10,22%

Individualmente, o maior impacto foi exercido pelo botijão de gás, que subiu 10,22%


JOÃO MATTOS/JC
Cinco das 11 regiões investigadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já exibem inflação acima de 10% em 12 meses até outubro no âmbito do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15). A maior taxa pertence a Curitiba, onde o avanço chega a 11,12% no período. Os preços também sobem a dois dígitos em Goiânia (10,84%), Porto Alegre (10,48%), São Paulo (10,18%) e Rio de Janeiro (10,12%). Na média do País, a alta do IPCA-15 em 12 meses está em 9,77%, a maior desde dezembro de 2003.
Cinco das 11 regiões investigadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já exibem inflação acima de 10% em 12 meses até outubro no âmbito do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15). A maior taxa pertence a Curitiba, onde o avanço chega a 11,12% no período. Os preços também sobem a dois dígitos em Goiânia (10,84%), Porto Alegre (10,48%), São Paulo (10,18%) e Rio de Janeiro (10,12%). Na média do País, a alta do IPCA-15 em 12 meses está em 9,77%, a maior desde dezembro de 2003.
Fortaleza está alinhada com a média e teve alta de 9,77% nos preços nos últimos 12 meses. Em Recife, por sua vez, o avanço é de 9,01% no período. Outras quatro regiões sustentam IPCA-15 abaixo de 9% em 12 meses: Belém (8,79%), Brasília (8,65%), Belo Horizonte (8,38%) e Salvador (8,36%).
Considerando apenas a taxa mensal, Brasília exibiu o maior resultado para o IPCA-15 em outubro. A inflação por lá avançou 1,28%, resultado da alta de 26,67% no item ônibus urbano (as tarifas foram reajustadas em 33,34% a partir de 20 de setembro) e da elevação de 4,55% na energia elétrica (as contas ficaram 18,26% mais caras desde 26 de agosto). Em São Paulo, o aumento de 0,85% foi o segundo maior e ficou acima da média geral (0,66%). Já o menor índice foi o da Região Metropolitana de Recife, onde os preços subiram 0,24% neste mês.
No mês, o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, ficou em 0,66%, bem acima da taxa de setembro, que foi de 0,39%, e do mesmo mês de 2014 (0,48%). O índice ficou um pouco abaixo da previsão dos analistas, que era de 0,68%.
Foi o índice mais elevado para um mês de outubro desde 2002, quando ficou em 0,90%. O acumulado no ano (8,49%) foi o mais alto para o período de janeiro a outubro desde 2003 (9,17%). Em 2014, o acumulado no mesmo período estava em 5,23%. Analistas acreditam que, com um provável novo aumento da gasolina ainda neste ano, a inflação alcance dois dígitos no cálculo fechado do ano, o que não ocorria desde 2002. A meta de inflação do governo é de 4,5%, podendo chegar a 6,5%. Em 12 meses, portanto, o IPCA-15 está bem acima.
As maiores influências do IPCA-15 no mês foram os três grupos que mais pesam no orçamento das famílias, informou o IBGE: habitação, com alta de 1,15%, transportes (0,80%) e alimentação e bebidas (0,62%). Juntos, foram responsáveis por 72,73% do resultado do IPCA-15 de outubro.
Individualmente, o maior impacto foi exercido pelo botijão de gás (1,15%). Os preços aumentaram 10,22% em outubro, depois de subirem 5,34% em setembro, acumulando 16,11% em dois meses.
O IBGE afirma ainda que, nos transportes (0,80%), a gasolina ficou 1,70% mais cara, como reflexo, nas bombas, de parte do reajuste de 6% nas refinarias, com vigência a partir de 30 de setembro. Além disso, o etanol subiu 4,83% nas bombas, contribuindo também para a alta da gasolina, já que faz parte de sua composição.

Possível novo aumento da gasolina pode pressionar ainda mais o índice até o final de 2015

Para o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, é possível que haja um novo aumento da gasolina em novembro, o que deve pressionar ainda mais a inflação do ano. Ele prevê IPCA de 0,71% para o mês de outubro, refletindo ainda a alta do combustível. Para o ano fechado, a expectativa do economista é de uma inflação de 9,6%, caso o aumento da gasolina não saia. Se ele sair, o índice deve passar de 10%.
"A gasolina é o último elemento surpresa que ainda pode pesar no ano. É praticamente certo que vai haver novo aumento. O que ainda não se sabe é se será um novo reajuste na refinaria ou um aumento da Cide (tributo que incide sobre o combustível). É um dilema que o governo vive hoje, porque tanto a Petrobras como a União precisam reforçar o caixa. Se a CPMF não for aprovada, o governo vai ter que dar um jeito de elevar sua arrecadação. Mas, no fim das contas, o efeito para o consumidor e para a inflação (do aumento da gasolina na refinaria ou da Cide) é o mesmo", diz Vale.
Caso o IPCA passe de 10%, será a primeira vez que o indicador ficará em dois dígitos desde 2002 em um ano fechado. Naquele ano, a inflação foi de 12,5%, devido ao choque cambial. Na avaliação de Vale, o câmbio deve ser o principal fator de pressão sobre o índice em 2016. Mas o repasse de preços para o consumidor por conta do dólar alto não deve se dar integralmente, pois, com o País em recessão, o apetite pelo consumo do brasileiro tende a cair. Assim, sobra menos espaço para a indústria repassar a alta de custos para o varejo e este para o cliente final.
"Trabalhamos com a hipótese de uma demanda menos intensa para o ano que vem, o que dificulta o repasse da variação cambial e ajuda a segurar a inflação. O risco é a moeda (o real) ficar depreciada por muito tempo. Em 2016, vamos ficar tateando o teto da meta", diz Vale, que prevê inflação de 5,6% para 2016.
O analista Fábio Romão, da LCA, também aposta em uma nova alta da gasolina e que esta deve vir por meio da elevação da Cide. Segundo ele, hoje são cobrados R$ 0,10 por litro de gasolina referente ao tributo. Esse valor poderia chegar a algo entre R$ 0,40 a R$ 0,60 por litro. "Isso pode fazer com que a inflação chegue a dois dígitos, com taxa de 10,7% (no ano)", disse Romão, que espera uma alta de 0,79% para o IPCA de outubro fechado.
Até o momento, o aumento da gasolina e do diesel sobre os preços dos combustíveis não apareceu em sua plenitude no IPCA-15. No índice de outubro, a alta da gasolina, por exemplo, é de 1,70%, e a expectativa para o mês fechado é de aumento de 4,5%. Com isso, o avanço do grupo de transportes, que foi de 0,80% no índice divulgado nesta quarta-feira, pode atingir 1,64% no fechamento de outubro.