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Economia

- Publicada em 21 de Outubro de 2015 às 22:00

Sperotto espera queda na inadimplência agrícola

Dirigente cobrou mais rapidez na desocupação de áreas invadidas

Dirigente cobrou mais rapidez na desocupação de áreas invadidas


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Patrícia Comunello
Longe do drama do endividamento nos anos de 1990 e começo de 2000 até a securitização, o presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Sperotto, minimizou ontem, em Porto Alegre, a elevação recente da inadimplência nos financiamentos do setor primário. Sperotto, que fez um balanço de quase 20 anos à frente da entidade durante o evento Tá na Mesa, da Federasul, espera que, em breve, o pagamento retome a taxa de atraso abaixo de 0,4% com os bancos.
Longe do drama do endividamento nos anos de 1990 e começo de 2000 até a securitização, o presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Sperotto, minimizou ontem, em Porto Alegre, a elevação recente da inadimplência nos financiamentos do setor primário. Sperotto, que fez um balanço de quase 20 anos à frente da entidade durante o evento Tá na Mesa, da Federasul, espera que, em breve, o pagamento retome a taxa de atraso abaixo de 0,4% com os bancos.
Nos últimos quatro meses, a inadimplência chegou a 1,7% no Rio Grande do Sul (bem abaixo da média de empresas de outros ramos, que é mais que o dobro), crescimento associado à demora na liberação de parcelas do custeio da safra de 2015/2016, segundo o dirigente, que foi eleito no começo do mês para o sétimo mandato na entidade.
Recentes invasões que teriam sido registradas em propriedades do Estado por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram encaradas com cautela pelo convidado. Mesmo assim, ele considerou que os episódios "prejudicam o processo produtivo". "É ruim para o Estado e a economia", criticou. "Pode ser jogo de cena. Não vou emitir opinião precipitada sobre isso", limitou-se, ao avaliar se há um recrudescimento das invasões que marcaram os anos de 1980 e 1990. O presidente da Farsul, porém, espera que as desocupações sejam rápidas. "Precisa ser ágil. A Justiça autoriza, e o governo cumpre", opinou o líder do setor rural, lembrando que, nos períodos de maior mobilização do MST, "eles (sem-terra) faziam o abril vermelho, e nós, o maio verde".
Sperotto assegurou que há hoje uma cultura de bom pagador entre os tomadores, condição que passou a ser incorporada após a renegociação das dívidas com o sistema financeiro, que envolveu movimentos de pressão e acordos intermediados pelo governo federal. Além disso, vinculou o maior aporte de crédito no País (R$ 30 bilhões para R$ 166 bilhões) à renegociação. Sperotto comentou que o aumento dos juros do custeio (de um a dois pontos percentuais neste ano e efeito do ajustes fiscal federal) terá de ser administrado, evitando associar a um retorno de taxas mais altas.
O dirigente vinculou os atrasos atuais a um "estrangulamento momentâneo" das receitas das propriedades. Produtores teriam adiado o pagamento de parcelas dos financiamentos para direcionar recursos à formação da nova lavoura. "Mas estamos incentivando que eles façam de tudo para estar adimplentes", garantiu. Uma situação que gera preocupação é os prejuízos a produtores que entregam produtos a cerealistas que ingressam em processo de recuperação judicial. A entidade da agricultura está estudando um modelo de seguro para vendas, protegendo esses casos. "Tudo porque os produtores não estão entre os prioritários para serem pagos", argumentou.
No balanço recente do setor, Sperotto reforçou que a agropecuária é uma exceção no cenário econômico no Estado, devido ao desempenho positivo. O presidente da Federasul, Ricardo Russowsky, reforçou que "o setor caminha bem". "A área primária assegura o equilíbrio do PIB do Estado, senão estaríamos ladeira abaixo", contrastou Russowsky. O PIB, calculado pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), caiu 0,6% no segundo trimestre do ano, com alta de 15,6% da agropecuária, mas forte recuo da indústria de transformação (-9,1%) e mais leve nos serviços (-1,2%).
Ao identificar como "política de resultados" a linha adotada pelas suas gestões à frente da Farsul e do Sebrae-RS, Sperotto garantiu que será incansável na busca pela permanente interlocução com os governos federal e estadual. O presidente aproveitou para alertar que o agronegócio precisa de melhor infraestrutura e logística para que seja consolidado como eixo de desenvolvimento econômico.
Sperotto ainda destacou que a produção de grãos gaúcha passou de 11 milhões de toneladas para quase 30 milhões em duas décadas. Nos próximos 10 anos, o dirigente aposta que a safra ultrapasse 42 milhões de toneladas. Um dos responsáveis foi o avanço da área cultivada e da produtividade da soja, que cresce a cada ano, associado à valorização dos preços do grãos no mercado internacional. Em 2015, o produto experimenta a queda na cotação, mas nem assim deixa de ampliar o espaço no campo do Estado.
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