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Mercado de Capitais

- Publicada em 21 de Outubro de 2015 às 19:53

Dólar segue exterior e fecha em alta com crise global e cenário interno


Renovadas preocupações com a crise global fizeram o dólar ganhar força ontem sobre as principais moedas internacionais. O real ficou entre as divisas emergentes que mais perderam na sessão, pressionado também pela cautela com o descontrole das contas públicas brasileiras.
Renovadas preocupações com a crise global fizeram o dólar ganhar força ontem sobre as principais moedas internacionais. O real ficou entre as divisas emergentes que mais perderam na sessão, pressionado também pela cautela com o descontrole das contas públicas brasileiras.
O dólar comercial, utilizado no comércio exterior, subiu 1,05%, para R$ 3,945 na venda. Foi o quarto avanço consecutivo da moeda, que atingiu máxima de R$ 3,967 no dia. Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve alta um pouco mais expressiva, de 1,11%, para R$ 3,937.
A divisa norte-americana subiu sobre 22 das 24 principais moedas emergentes do mundo -as exceções foram a lira turca e o sol novo peruano. O dólar também teve valorização sobre todas as 10 mais importantes moedas do globo, que incluem o euro, a libra e o franco suíço.
O movimento internacional ocorreu na esteira da queda em torno de 3% dos dois principais índices de ações da China. Foi o maior tombo em mais de um mês, diante de sinais recentes de desaquecimento da segunda maior economia do mundo, que elevaram a preocupação com a crise global.
Internamente, os investidores continuaram atentos às contas do governo brasileiro, que deve dizer até amanhã se vai rever a meta fiscal para este ano. É esperado o anúncio de déficit primário de até R$ 50 bilhões.
O descontrole das contas públicas e a dificuldade enfrentada pelo governo para aprovar medidas de ajuste fiscal têm agravado a crise política no País. Ontem, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu novo pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
No mercado e ações, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou perto da estabilidade, com leve queda de 0,11%, para 47.025 pontos. O movimento seguiu a cautela dos mercados externos: nos EUA, os índices acionários tiveram leves quedas, enquanto na Europa as bolsas ficaram perto do zero a zero.
A queda de 3,73% das ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, e o tombo de 0,74% do Itaú Unibanco empurraram o Ibovespa para baixo. Dados que mostraram aumento dos estoques de petróleo na semana passada nos EUA colaboraram para a queda de mais de 2% nos preços da commodity no exterior, o que pesou negativamente sobre os papéis da Petrobras na sessão.
Em sentido oposto, a valorização das ações preferenciais da Vale, de 2,72%, amenizou a perda do Ibovespa. Os papéis corrigiram parte das perdas recentes, mas seguiram pressionados pela queda no preço do minério de ferro negociado no mercado da China, principal destino das exportações da companhia.

Analistas esperam prejuízo bilionário para a Vale no 3º tri

Mesmo com produção recorde de minério de ferro no terceiro trimestre, a Vale terá prejuízo bilionário na avaliação de analistas de mercado. As projeções vão de prejuízo líquido de US$ 3,9 bilhões a US$ 4,7 bilhões, o que representaria um salto de 64% a 74% nas perdas em igual período de 2014. A empresa divulga hoje seu resultado financeiro, antes da abertura do mercado.
O prejuízo da mineradora, porém, tem apenas um efeito contábil, pois resulta principalmente da valorização do dólar. Como mais de 90% da dívida da empresa é denominada em moeda americana, isso acaba neutralizando os ganhos operacionais, ou seja, os ganhos obtidos com a venda de seus produtos.
O sobe-e-desce do dólar e a dificuldade em saber o prêmio pago pelos clientes da Vale por seu minério - o melhor do mundo - fizeram até alguns analistas desistirem de fazer projeções para este trimestre, especialmente em reais. Entre os que fizeram as previsões, o Santander aponta perda de US$ 3,9 bilhões, conforme compilação da agência Bloomberg. O Itaú BBA está entre os mais pessimistas, com prejuízo de US$ 4,7 bilhões.
No terceiro trimestre de 2014, a Vale teve prejuízo deUS$ 1,4 bilhão. Já no segundo trimestre deste ano, a Vale teve lucro líquido de US$ 1,6 bilhão.
Além do dólar forte, o preço menor do minério de ferro e outros itens, como cobre e níquel, também devem contribuir negativamente para o resultado. A média de preço no mercado spot (à vista) chinês, referência no mercado internacional, foi de US$ 55 em média no terceiro trimestre de 2015, no cálculo do analista de mineração do Santander, Felipe Reis. O valor é 39% inferior ao preço médio do terceiro trimestre de 2014.
Os preços menores devem puxar a geração de caixa medida pelo Ebtida para baixo. Tanto na avaliação do Santander como na do Itaú BBA, esse indicador ficará em US$ 1,9 bilhão ou 37% abaixo do registrado no terceiro trimestre de 2014. Ante o seguindo trimestre, a queda será de 14%.