Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Economia

- Publicada em 20 de Outubro de 2015 às 22:58

Opinião econômica: Recomeçar

Delfim Netto é economista, ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura

Delfim Netto é economista, ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura


Folhapress/Arquivo/JC
Quando olhamos para a situação nacional, temos a melancólica impressão de que estamos diante de um bate cabeças insensato entre Executivo (que, infelizmente, perdeu a credibilidade com as mentiras no processo eleitoral) e Legislativo (que não aproveitou o recente aumento de protagonismo tão importante para o fortalecimento da democracia).
Quando olhamos para a situação nacional, temos a melancólica impressão de que estamos diante de um bate cabeças insensato entre Executivo (que, infelizmente, perdeu a credibilidade com as mentiras no processo eleitoral) e Legislativo (que não aproveitou o recente aumento de protagonismo tão importante para o fortalecimento da democracia).
A vontade é de repetir o pedido da diretora-gerente do FMI, na discussão sobre o problema grego: "Senhores, vamos recomeçar tudo, mas apenas com adultos na sala".
A proposição pode parecer absurda, mas atenção ao impasse que se havia criado. De um lado, a autoridade da zona do euro (no papel de fiscal Legislativo) recusava-se a estudar alguma mitigação para a vitaminada dívida grega. Do outro, o governo grego (no papel do nosso Executivo), com ar de tédio (enquanto secretamente preparava um plano B, gestado pela heterodoxia), afirmava ser impossível "rever os gastos", particularmente os da aposentadoria. Como terminou a melódia? Numa tragédia grega!
Qualquer semelhança com o caso brasileiro é apenas excesso de imaginação. Se o Executivo e o Legislativo não tiverem o mínimo de bom senso, paciência e inteligência para sentar, discutir e aprovar um programa capaz de restabelecer a ordem fiscal em três ou quatro anos que dê segurança de que a relação dívida bruta/PIB vai estabilizar-se e de que as mudanças estruturais necessárias (previdência, vinculações etc.) serão feitas, a confiança dos agentes econômicos privados não será antecipada e o crescimento econômico (que é, por si, 2/3 da solução de problema) não voltará. Se isso não acontecer, não há a menor esperança de que possamos voltar a um relativo equilíbrio econômico e veremos aumentar o desequilíbrio social.
O maior equívoco dos partidos do governo, os da sua base desorientada e os da desfocada oposição, é pensar que tudo continuará como está. Os movimentos "da rua" revelam que as placas tectônicas eleitorais da democracia já estão se movendo. Exatamente como em 1990, quando as urnas mandaram para casa todas as velhas lideranças e emergiu Collor, que fez uma pequena revolução, infelizmente desastrada.
Repetiu-se com o acidente FHC, em 1994, que mudou o Brasil. Enfastiado, o País elegeu Lula em 2002, "para mudar tudo", e está terminando muito mal... Se o Executivo, a sua base e a oposição sem princípios não se entenderem, a próxima eleição de 2016 será apenas um aperitivo para o desenlace final de 2018, quando as urnas revelarem os seus segredos e enterrarem tudo que está aí.
Para a democracia sobreviver temos que permitir que ela se corrija!
Economista, ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO