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Economia

- Publicada em 19 de Outubro de 2015 às 22:29

Opinião econômica: Falsa Ilusão

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa


Arquivo/JC
São assustadores os dados sobre o avanço do desemprego no País. Não é preciso entrar em detalhes. Basta dizer que de janeiro a agosto, o País perdeu 572 mil vagas de trabalho. Vale lembrar quão devastador é o desemprego para um chefe de família. No ritmo atual, teremos uma perda de pelo menos 2 milhões de vagas em dois anos.
São assustadores os dados sobre o avanço do desemprego no País. Não é preciso entrar em detalhes. Basta dizer que de janeiro a agosto, o País perdeu 572 mil vagas de trabalho. Vale lembrar quão devastador é o desemprego para um chefe de família. No ritmo atual, teremos uma perda de pelo menos 2 milhões de vagas em dois anos.
É óbvio que essa tendência precisa ser interrompida com urgência, mas quase nada se faz para mudá-la. Tudo se passa como se um incêndio avançasse num grande edifício sem que ninguém tivesse a iniciativa de chamar os bombeiros. Mais do que isso: alguns continuam acendendo fósforos, acreditando que o fogo possa talvez purificar o ambiente.
A despeito de conflitos políticos, combates à corrupção e outros desdobramentos do triste cenário atual brasileiro, todos os homens de bem deste País deveriam dar prioridade ao combate à recessão e ao estímulo à criação de empregos. A retomada do crescimento constitui, de longe, a principal providência a ser tomada e a condição básica para buscar o bem-estar e a convivência pacífica entre as pessoas.
Por que não começar a apagar o incêndio? Com o persistente desaquecimento da China, a estagnação da Europa e a incerta continuidade da retomada americana, parece óbvio que o Brasil precisa apostar em seu enorme mercado interno. E isso se faz cuidando da oferta de crédito, baixando taxas de juros e estimulando investimentos.
Por que elevar seguidamente os juros e mantê-los em um nível escandaloso se a demanda está fraquíssima e a economia em recessão? Por que manter juros abusivos se isso custa centenas de bilhões de reais a mais por ano aos cofres públicos? Por que aumentar impostos se é sabido que os ajustes fiscais que dão certo são os que cortam despesas correntes?
De nada adiantam ajustes que elevam a carga de impostos porque eles aprofundam a recessão e contribuem para que os brasileiros continuem sob tensão, sem perspectivas de melhoria na oferta de emprego e nas condições gerais de vida. Política nenhuma sobrevive a uma economia agonizante, com desemprego elevado, desmotivação, falta de credibilidade e nenhum comprometimento. Para que servem os sacrifícios impostos pelos ajustes? Em geral, eles são sugeridos por tecnocratas descompromissados que não sabem nada a respeito do dia a dia das pessoas normais ou pouco se importam com isso.
Na semana passada, o economista britânico da Universidade de Princeton Angus Deaton ganhou o prêmio Nobel de Economia por seu trabalho sobre a origem da pobreza e sobre como o povo toma decisões de consumo. Uma das lições de Deaton é que as populações pobres "precisam que os governos os guiem para uma vida melhor". Tirar os governos da jogada, segundo o economista, pode melhorar as coisas no curto prazo, mas deixa sem solução os problemas estruturais.
Nossos governantes precisam olhar para as reais necessidades da população e deixar de contrariar a lei da gravidade. Chega de juros anormais, chega de falta de crédito, chega de dinheiro público mal gasto, chega de barbeiragens. Vamos pensar no País como uma extensão de nossas casas. Se não tem, não gaste. Se não sabe, não faça. E se não acredita, não venda falsa ilusão.
Diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional e presidente do conselho de administração da empresa
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