Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Conjuntura

- Publicada em 15 de Outubro de 2015 às 19:58

Agência Fitch rebaixa a nota de crédito do Brasil

ratings 2015

ratings 2015


diagramação jc
A Fitch Ratings rebaixou, nesta quinta-feira, a nota de crédito soberana do Brasil de "BBB" para "BBB-". Agora, o País está a apenas um degrau de perder a chancela de "grau de investimento", espécie de selo de bom pagador. O País já é considerado "grau especulativo" pela Standard & Poor's, uma das três grandes agências de risco. Segundo comunicado da Fitch, o rebaixamento reflete o aumento do endividamento do governo, aumento dos desafios para consolidação fiscal e piora do cenário econômico.
A Fitch Ratings rebaixou, nesta quinta-feira, a nota de crédito soberana do Brasil de "BBB" para "BBB-". Agora, o País está a apenas um degrau de perder a chancela de "grau de investimento", espécie de selo de bom pagador. O País já é considerado "grau especulativo" pela Standard & Poor's, uma das três grandes agências de risco. Segundo comunicado da Fitch, o rebaixamento reflete o aumento do endividamento do governo, aumento dos desafios para consolidação fiscal e piora do cenário econômico.
A Fitch também manteve a perspectiva para a nota do País em estágio negativo, o que significa que poderá haver nova revisão em um prazo entre 12 e 24 meses, com chance de rebaixamento superior a 50%. "O rebaixamento reflete o aumento do endividamento do Brasil, os recentes desafios para a consolidação fiscal e a piora do cenário de crescimento econômico. O complicado ambiente político está dificultando o progresso da agenda legislativa do governo e criando um círculo de efeito negativo sobre a economia", justificou a agência em comunicado. "A perspectiva negativa reflete a avaliação da Fitch de que o baixo desempenho econômico e fiscal deve persistir, enquanto a incerteza política pode continuar pesando na confiança, postergar a mudança de trajetória do investimento e do crescimento e elevar os riscos no médio prazo para a consolidação fiscal necessária para a estabilização da dívida."
A Fitch esclarece, porém, que perspectivas negativas ou positivas não significam que uma mudança de rating é inevitável. A agência observou que a recessão deve ser mais profunda do que se previa, e seu desempenho divergiu sensivelmente daquele dos países com a mesma nota. "O prospecto para o médio prazo também parece fraco comparado com o de outros países e da maioria dos outros mercados emergentes", acrescentou a Fitch, que prevê retração de 3% na economia brasileira neste ano e de 1% em 2016.
O rebaixamento pela Fitch foi visto pelo governo como mais um sinal de que é preciso, o quanto antes, reorganizar a base aliada no Congresso para conseguir aprovar as medidas do pacote de ajuste fiscal. Interlocutores da presidente Dilma Rousseff admitem que, embora a decisão já fosse esperada, o governo precisa demonstrar ao mercado que vai conseguir reverter o quadro de instabilidade política para evitar o "efeito multiplicador" sobre outras agências.
A preocupação é que, se mais uma agência retirar o selo de bom pagador, haja uma fuga de capitais, já que muitos fundos estrangeiros só podem investir em países com grau de investimento em pelo menos duas agências.
A agência classificadora de risco Moody's rebaixou a nota do Brasil em 11 de agosto de "Baa2" para "Baa3", mantendo o País no grau de investimento, mas a apenas uma nota acima do nível especulativo. A perspectiva foi alterada de negativa para estável.
Em 9 de setembro, a Standard & Poor's (S&P) cortou classificação do País de "BBB-" para "BB ", tirando do Brasil o grau de investimento. A entidade colocou o rating em perspectiva negativa.

Avaliação de risco brasileira se iguala à de Rússia, Indonésia e Namíbia

Com o rebaixamento da nota de crédito, na manhã desta quinta-feira, o Brasil passou a ter a mesma avaliação da Rússia na agência de classificação de risco Fitch. Atualmente tem nota "BBB-" e grau de investimento - espécie de selo de bom pagador.
A Rússia, porém, sofreu embargo internacional devido à guerra na Crimeia e foi duramente afetada pela baixa do petróleo. Na Fitch, o Brasil também tem a mesma nota de crédito de países como Indonésia, Marrocos, Namíbia, Índia e Turquia. O País fica atrás do México (BBB ), Peru (BBB ) e África do Sul (BBB).
Na Standard & Poor's, o Brasil também tem a mesma classificação da Rússia, mas os dois países são considerados de grau especulativo. Já na Moody's, o Brasil tem nota "Baa3" - último nível de grau de investimento. A Rússia é classificada como "Ba1", ou grau especulativo.
O selo de bom pagador costuma ser exigido por fundos de investimento e de pensão bilionários para aplicar em títulos de dívida de governos. Normalmente, pedem que a aplicação seja considerada grau de investimento por, pelo menos, duas das grandes agências. Além disso, quanto melhor a classificação, menor o custo da dívida para o país.
O grau de investimento é uma condição atribuída por agências internacionais de classificação de risco a papéis, empresas ou países para definir que se trata de um investimento seguro - ou seja, com baixo risco de calote. As notas de crédito têm impacto sobre o custo da dívida de empresas e países. Quanto melhor a classificação, menor tende a ser o desembolso com os juros dos financiamentos, e vice-versa.

Mercado absorve rebaixamento, e dólar tem queda de 0,47%

Em um dia de intensa alternância entre altas e baixas, o dólar à vista fechou em queda de 0,47%, cotado a R$ 3,800. Apesar de a notícia do rebaixamento o rating de longo prazo do Brasil pela Fitch já ser esperada pelo mercado, o dólar respondeu com alta imediata, atingindo a máxima de R$ 3,875 ( 1,49%), na contramão da tendência internacional de desvalorização da moeda americana. A pressão, no entanto, perdeu força ao longo da tarde, quando as cotações passaram a alternar pequenas altas e baixas.
A interpretação é de que o rebaixamento em apenas um degrau já estava embutido nos preços do dólar. Além disso, havia em parte do mercado o temor de que a agência pudesse promover um corte de dois níveis de uma só vez, retirando o selo de bom pagador do País, o que não ocorreu.
Com o noticiário político bastante escasso, o mercado acompanhou de perto a divulgação de indicadores econômicos e declarações de executivos internacionais. Nos EUA, houve melhora no núcleo da inflação e redução no número de pedidos de auxílio-desemprego. Mas os dados não foram suficientes para reduzir a percepção de que o Federal Reserve irá adiar a elevação dos juros, alimentada ontem por indicadores fracos e pelo Livro Bege. Com isso, o dólar perdeu valor frente moedas importantes, aumentando o apetite dos investidores estrangeiros pelo risco dos emergentes.
Em discurso feito pela manhã, Ewald Nowotny, integrante do conselho diretor do Banco Central Europeu (BCE), afirmou que o BCE está "claramente descumprindo" sua meta de inflação anual, que é de taxa ligeiramente abaixo de 2%, em meio ao fraco crescimento da zona do euro. Segundo Nowotny, o principal fator por trás da inflação baixa é a queda nos preços do petróleo.
"Precisamos de expansão econômica mais forte, que reduza o desemprego e nos traga mais próximos de nosso objetivo de estabilidade dos preços", concluiu o executivo. As declarações de Nowotny acabaram por reforçar as apostas de adoção de novos estímulos às economias da Europa, beneficiando também ativos de mercados emergentes.
A Bovespa colou na bolsa dos EUA e fechou em alta, depois de ter caído nas duas sessões anteriores. O rebaixamento da nota soberana do Brasil pela Fitch acabou trazendo volatilidade aos negócios, mas o sinal positivo predominou. A bolsa brasileira terminou o dia em alta de 0,96%, aos 47.161 pontos. No mês, acumula ganho de 4,66% e, no ano, queda de 5,69%. O giro financeiro totalizou R$ 15,757 bilhões.