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Economia

- Publicada em 14 de Outubro de 2015 às 22:21

Setor automotivo debate saídas para a crise

Moan disse que retomada só virá sem o fator político nas negociações

Moan disse que retomada só virá sem o fator político nas negociações


JONATHAN HECKLER/JC
Marina Schmidt
A queda na produção e nas vendas de veículos sentida pela indústria automotiva também pesa sobre trabalhadores do setor, que acompanham, junto aos percentuais de queda produtiva, a redução nos postos de trabalho, mostrando que empresários e empregados amargam, no mesmo barco, os efeitos da crise econômica enfrentada pelo País. Com o objetivo de debater esse cenário complexo, os dois lados se reúnem no 2º Encontro Internacional de Montadoras, aberto na tarde de ontem, no Hotel Intercity, em Gravataí, com programação que se estende até amanhã.
A queda na produção e nas vendas de veículos sentida pela indústria automotiva também pesa sobre trabalhadores do setor, que acompanham, junto aos percentuais de queda produtiva, a redução nos postos de trabalho, mostrando que empresários e empregados amargam, no mesmo barco, os efeitos da crise econômica enfrentada pelo País. Com o objetivo de debater esse cenário complexo, os dois lados se reúnem no 2º Encontro Internacional de Montadoras, aberto na tarde de ontem, no Hotel Intercity, em Gravataí, com programação que se estende até amanhã.
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de setembro deste ano, que atingiu 174,2 mil unidades, ficou 42,1% abaixo da alcançada em setembro de 2014 (300,8 mil unidades). Os postos de trabalho, no mesmo período, foram reduzidos em 9,2%, passando de 147,7 mil empregos para 133,6 mil. Segundo projeção mais recente da entidade, neste ano, a produção deve recuar 23,2%.
"Como sair de toda essa crise?", incitou o presidente da Anfavea, Luiz Moan
Junior, primeiro palestrante desta edição do seminário. "Todos nós criamos a crise, porque, independentemente do partido político de preferência de cada um, começamos a pensar de forma individual ao invés de pensar no Brasil", apontou o dirigente sobre o acirramento de divergências políticas refletido em toda a sociedade. "A crise de pessimismo que jogamos no mercado está nos matando", sacramentou.
A fala de Moan já indica um caminho para sair da crise: "O trabalho conjunto só dará certo se tirarmos o fator político da mesa de negociação, não só entre a gente (sindicatos patronal e dos trabalhadores)", disse para um grupo restrito de metalúrgicos, sindicalistas e empresários do setor. O presidente da Anfavea demonstrou que o setor já enfrentou períodos conturbados, entre as décadas de 1980 e 1990, e conseguiu se recuperar porque aprendeu a "ter uma relação madura com todos os atores".
"Juntos construímos uma saída", destacou, citando a criação da câmara setorial do segmento. "O governo reduziu impostos, empresas baixaram os preços e trabalhadores adiaram o aumento salarial", citou, argumentando que o empenho resultou em crescimento. "Saímos de um mercado de 800 mil unidades de veículos para 2 milhões."
Reconhecendo as dificuldades, mas buscando um discurso não tão negativo, Moan classificou como um avanço o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que chamou de "instrumento moderno". "É um mecanismo adicional de proteção. Empresas e sindicatos vão negociar e escolher as melhores medidas." A opção, no entanto, serve para o enfrentamento imediato das dificuldades. Do outro lado, representantes dos metalúrgicos demonstram preocupação com mais demissões no futuro.
"Em um primeiro momento, cortar o orçamento pode ajudar, mas, daqui a pouco, isso não vai ser suficiente", avalia o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari. "Daqui a pouco, a indústria vai reagir. Quando reagir, de onde vamos começar? Esse é o debate que temos que fazer", argumenta. Ele indica que, neste ano, já foram demitidos mais de 3 mil metalúrgicos em Gravataí de um total de aproximadamente 16 mil trabalhadores da área.
Mostrando que é possível reconquistar o crescimento no setor automotivo, Moan revelou que a Anfavea tem estudado um modelo para propor renovação da frota de veículos no País. "Temos mais de 240 mil caminhões com mais de 30 anos rodando nas estradas brasileiras. Embora eles representem apenas 7% da frota total de veículos, são responsáveis por 25% dos acidentes registrados no País", afirmou. A modernização, acrescentou, pode melhorar a imagem institucional das empresas automotivas, prejudicada pela ocorrência de acidentes.
O encontro conta com a presença de Richard Bensinger, presidente do UAW, sindicato que representa os metalúrgicos nos Estados Unidos, que, durante a abertura do evento, elogiou a organização sindical do Brasil. Na tarde desta quinta-feira, Bensinger falará sobre a experiência norte-americana do Sindicato UAW.
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