Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Consumo

- Publicada em 14 de Outubro de 2015 às 00:02

Empresários do comércio seguem pessimistas

Dado negativo em destaque é a intenção de contratação de mão de obra

Dado negativo em destaque é a intenção de contratação de mão de obra


FREDY VIEIRA/JC
Os empresários do comércio do Rio Grande do Sul mantêm a expectativa pessimista em relação à economia brasileira como um todo. A pesquisa Índice de Confiança do Empresário do Comércio do Rio Grande do Sul (Icec-RS), realizada pela Fecomércio-RS, registrou em setembro uma queda de 24,4% em relação ao mesmo período do ano passado, aos 80,9 pontos. Na média de 12 meses, o indicador caiu de 92,5 pontos em agosto/2015 para 90,3 pontos em setembro/2015. Com o resultado, o Icec permanece nove meses consecutivos com dados negativos.
Os empresários do comércio do Rio Grande do Sul mantêm a expectativa pessimista em relação à economia brasileira como um todo. A pesquisa Índice de Confiança do Empresário do Comércio do Rio Grande do Sul (Icec-RS), realizada pela Fecomércio-RS, registrou em setembro uma queda de 24,4% em relação ao mesmo período do ano passado, aos 80,9 pontos. Na média de 12 meses, o indicador caiu de 92,5 pontos em agosto/2015 para 90,3 pontos em setembro/2015. Com o resultado, o Icec permanece nove meses consecutivos com dados negativos.
Os dados evidenciam um agravamento na tendência de redução da confiança dos empresários do comércio em relação ao cenário econômico do Brasil. O pessimismo está disseminado em todos os componentes que dizem respeito às condições atuais e investimentos, mas se mostra mais acentuado quando se refere à percepção dos empresários em relação à economia, especialmente em função da combinação de fatores como inflação alta, aumento de juros, atividade econômica em tendência de queda, resultados negativos das contas públicas e forte depreciação cambial.
Os números de setembro que medem as condições atuais (ICAEC) e refletem a percepção do empresário quanto ao momento econômico presente, ao setor e à própria empresa registrou em setembro/2015 queda de 43% na comparação com o mesmo período de 2014. "É interessante notar que, apesar da percepção extremamente pessimista dos empresários em relação às condições atuais, as expectativas em relação ao futuro persistem no campo otimista", afirma o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn. Segundo o dirigente, o que sustenta esse otimismo é a expectativa do empresariado em relação a sua própria empresa e, em menor medida, ao comércio como um todo.
Os outros componentes desse mesmo indicador - percepção quanto ao comércio e à própria empresa - apresentaram quedas intensas em relação a setembro/2014, com recuo de 39,9% e de 32,0%, respectivamente.
O índice de expectativas quanto ao futuro (IEEC) atingiu 114,6 pontos em setembro, registrando uma redução de 18,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Nesse caso, contribuiu fortemente no comportamento do indicador a deterioração das expectativas em relação à economia brasileira, cujo índice caiu de 26,9%, atingindo 91,7 pontos.
No que se refere aos investimentos do empresário do comércio (IIEC), o indicador atingiu 84,5 pontos em setembro/2015, redução de 19,0% na comparação com o mesmo mês de 2014. Em relação a 2014, foram determinantes para a queda do indicador as reduções das perspectivas de contratação de funcionários (-28,2%) e de realização de investimentos (-25,2), que permanece em nível pessimista deste agosto do ano passado.
O indicador de percepção em relação à adequação do nível de estoques, por sua vez, teve recuo de 2,5%, em patamar pessimista. "Permanece em destaque nesta pesquisa o comportamento do índice que contratação de funcionários, que, desde o mês de março ingressou, pela primeira vez desde 2011, no patamar pessimista", destacou Luiz Carlos Bohn, que mantém a previsão de cenário de redução da força de trabalho nos próximos meses.

Shoppings reduzem inaugurações e mostram cautela com novos projetos

O cenário de baixa confiança dos consumidores e de taxas de juros elevadas tem aumentado a cautela de administradores de shopping centers e varejistas em relação a novos empreendimentos e planos de expansão. Cerca de 30% das inaugurações de shoppings previstas para 2015 foram adiadas, principalmente, para 2016. No entanto, executivos acreditam que a crise atual pode ter um reflexo mais forte em empreendimentos que estão sendo planejados e seriam inaugurados a partir de 2018.
No começo do ano, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) projetava abertura de 26 empreendimentos em 2015, mas o número foi revisado para 18 novos shoppings, o que corresponde a uma queda de 30,8%. Do total de unidades previstas, 10 já estão em funcionamento.
Vale notar que, mesmo se todos os empreendimentos previstos para 2015 se concretizarem, o total ainda é mais baixo do que o número do ano passado, quando foram abertas 25 unidades ante uma projeção inicial de 43.
De acordo com o presidente da Abrasce, Glauco Humai, a revisão nas inaugurações é natural e está próxima da média dos últimos anos. "É claro que a situação atual coloca todo mundo em risco. Quem pode segurar um projeto freia um pouco. Mas isso não significa que esses oito projetos de 2015 deixaram de ser inaugurados, porque o investidor tirou o pé. É prematuro dizer que projetos de 2015 e 2016 já estão sendo afetados pela crise", afirmou o executivo. Entre os motivos para o adiamento, Humai citou a demora para se conseguir licenciamentos e dificuldades nas obras.
"Acho que 18 é um bom número para um ano conturbado. Já no ano que vem, devemos ter mais de 30 shoppings. Seguimos uma dinâmica natural. A crise atual deve impactar inaugurações para 2018 e 2019, pois esses empreendimentos estão sendo planejados agora. O investidor pode olhar a situação atual e repensar um projeto com inauguração daqui três ou quatro anos", afirmou o executivo. De acordo com a Abrasce, estão previstas 36 inaugurações em 2016.
O presidente da entidade ressaltou ainda que o ciclo de um projeto no setor é longo e, por isso, atrasos acabam sendo naturais. No entanto, o executivo alertou que, se a atual crise se prolongar, o número de inaugurações pode ser afetado daqui a alguns anos. "Se não encontrarmos uma saída para o momento do País, os projetos para 2018 e 2019 podem ser muito reduzidos. Mas, se conseguirmos atravessar esse momento difícil em 2015 e tivermos mais clareza em 2016 sobre cenário político e econômico, os investidores podem continuar a fazer seus projetos, mantendo um crescimento em número de shoppings", afirmou.
Além da baixa confiança do consumidor e outras dificuldades macroeconômicas, como desemprego e inflação, o aumento do custo da dívida é mais um motivo para a cautela no setor. De acordo com o analista Marcelo Motta, do JPMorgan, as empresas de shoppings têm evitado assumir dívidas para a execução de novos projetos, por conta dos juros elevados e o consequente riscos para seus balanços. "Por conta do aumento de custo de dívida, frente aos juros elevados, muitos empreendedores não se sentem confortáveis para seguir em frente com expansões e lançamentos. Há uma espera para ter mais clareza sobre a demanda e a economia antes de lançar ou continuar um projeto", afirmou o analista.
A cautela com novos empreendimentos também é observada entre os lojistas. Para o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, os lojistas estão com menos apetite por novos empreendimentos, o que pode contribuir para uma demora maior até a inauguração. "Se a comercialização não estiver tão bem, pode haver atrasos para se ter o menor prejuízo possível. Numa inauguração com ocupação de 20% a 30% de lojistas, o prejuízo é muito maior, porque a imagem do empreendimento é enfraquecida e, para recuperar essa imagem, é muito pior", afirmou o executivo.
Ele lembrou, no entanto, que o processo de construção é "irreversível", e postergar uma abertura também incide custos para as empresas. "Quando as obras começam, elas precisam ser entregues mais dia ou menos dia; caso contrário, o custo fica muito alto", acrescentou.

Dia das Crianças é o pior em seis anos para o varejo

O comércio teve o pior Dia das Crianças em seis anos, segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Segundo dados das duas instituições, as consultas para vendas a prazo caíram 8,95% na semana do Dia das Crianças. É o segundo resultado negativo consecutivo: em 2014, o volume de vendas caiu 1,50%. Nos anos anteriores, foram positivos: 3,15% em 2013, 4,83% em 2012, 5,91% em 2011 e 8,5% em 2010. Assim, em dois anos, a queda acumulada é de 10,32%. Segundo a CNDL, o Dia das Crianças funciona como uma espécie de termômetro para as vendas de Natal. Dia dos Namorados, Páscoa, Dia das Mães e Dia dos Pais também registraram queda neste ano.
Segundo o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, Honório Pinheiro, "com o acesso ao crédito mais difícil, os juros elevados e a inflação mais alta, o poder de compras do brasileiro fica cada vez mais limitado". Na capital gaúcha, a data movimentou R$ 59 milhões, recuo de 5% em relação ao ano passado, segundo Sindilojas Porto Alegre e CDL Porto Alegre.