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Economia

- Publicada em 05 de Outubro de 2015 às 22:36

Opinião econômica: É só querer

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa


Arquivo/JC
A crise é feia na economia e na política. O País está em recessão, as contas do governo não fecham, os impostos esfolam os brasileiros, o crédito é o mais caro do mundo, a indústria anda para trás, o desemprego já atinge 8,6 milhões de pessoas, o comércio não vende, o dólar passou de R$ 4,00 pela primeira vez desde a criação do real, a inflação está alta, as ações das empresas estão superdesvalorizadas etc.
A crise é feia na economia e na política. O País está em recessão, as contas do governo não fecham, os impostos esfolam os brasileiros, o crédito é o mais caro do mundo, a indústria anda para trás, o desemprego já atinge 8,6 milhões de pessoas, o comércio não vende, o dólar passou de R$ 4,00 pela primeira vez desde a criação do real, a inflação está alta, as ações das empresas estão superdesvalorizadas etc.
Tudo isso é real. A conjuntura é desesperadora. Mas, em situações como essas, temos a tendência de esquecer conquistas recentes e passar a ideia de que nada dá certo no País. O Brasil dos últimos 20 anos, apesar de tantos erros cometidos no meio do percurso, é um exemplo de sucesso.
Não acredita? Vamos, então, repassar alguns números básicos.
Em 1994, o PIB brasileiro, em dólares correntes, era de US$ 596 bilhões. No ano passado, atingiu US$ 2,9 trilhões, segundo estatísticas do FMI. Nesse período, a renda per capita do brasileiro subiu de US$ 3.800 para US$ 15 mil por ano. O comércio exterior (importações mais exportações) passou de US$ 76 bilhões para US$ 454 bilhões nesses 20 anos. E a produção de alimentos (grãos) aumentou de 81 milhões de toneladas/ano para 209 milhões.
Houve, nessas duas décadas, um bom avanço na distribuição de renda. O principal indicador da concentração de renda é o Índice Gini, que vai de zero a um - quanto mais perto de um, mais concentrada e quanto mais próximo de zero, menos concentrada. Pois o Gini do Brasil melhorou bastante, passando de 0,603, em 1994, para 0,501 no ano passado.
Na área social, houve avanços consideráveis. O índice de analfabetismo, a despeito do ensino deficiente, foi reduzido pela metade, e hoje há, no país, 8,5% de pessoas com mais de 15 anos que não sabem ler e escrever.
A mortalidade infantil, talvez o mais importante indicador das condições de saúde de uma população, caiu. Em 1994, para cada mil bebês nascidos vivos, 43 morriam no primeiro ano de vida. Agora, esse índice é de 14,4.
Dentro de casa, a situação melhorou. Só 39% dos domicílios tinham esgoto em 1994, número que subiu para 59%. A luz elétrica já está instalada em 99,6% das residências, e a água encanada, em 85%. E 97,2% deles têm geladeira e televisão.
Há muitos outros números positivos, que não cabem neste espaço. E você poderá citar, certamente, vários indicadores negativos desse período, sendo mais grave a desindustrialização que atingiu o parque manufatureiro brasileiro. Sempre será possível também comparar esses dados, aqui e ali, com os de outros países que caminharam mais rapidamente.
E por que lembrar essas coisas em meio a uma crise tão grande? A resposta é simples: para observar que o Brasil tem um currículo que o credencia para superar os problemas atuais. Superou crises seguidamente, desde Itamar Franco até agora. Todos esses governos cometeram erros, mas todos também promoveram avanços, mostrados por alguns números citados acima.
O País está naturalmente assustado com o tamanho da crise. Já há perdas imensas para empresas e trabalhadores, que exigem correção imediata de políticas equivocadas. É só querer.
Diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional e presidente do conselho de administração da empresa.
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