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Comércio Exterior

- Publicada em 04 de Outubro de 2015 às 18:45

Exportação aposta em tração norte-americana

O governo e a indústria apostam nos EUA para que o valor das exportações brasileiras, há quatro anos em queda, volte a crescer em 2016. Com a China em desaceleração e a Argentina e a União Europeia em marcha lenta, trata-se do único grande parceiro comercial do Brasil com potencial de aumentar, de forma expressiva, sua demanda no médio prazo.
O governo e a indústria apostam nos EUA para que o valor das exportações brasileiras, há quatro anos em queda, volte a crescer em 2016. Com a China em desaceleração e a Argentina e a União Europeia em marcha lenta, trata-se do único grande parceiro comercial do Brasil com potencial de aumentar, de forma expressiva, sua demanda no médio prazo.
Os EUA, que vivem uma recuperação do ritmo de crescimento, já absorvem a maior fatia dos produtos industrializados brasileiros. Neste ano, de um total de US$ 73,3 bilhões desse tipo de mercadoria exportada pelo Brasil, 18,7% foi absorvido pelo mercado dos EUA.
No ano, as vendas dos manufaturados para os EUA aumentaram 4,2% até setembro, enquanto para a Argentina, outro mercado forte para a indústria brasileira, houve queda de 6,6%. As exportações totais caíram 16,3%, para US$ 144,5 bilhões, menor valor desde 2009.
"Os EUA têm sido nossa salvação", resume o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi. Ele destaca, entre os produtos que têm ganhado espaço, as máquinas e equipamentos, peças automotivas e produtos químicos.
Para Abijaodi, o fôlego é importante, porque, apesar do ganho de competitividade obtido pelo País com a desvalorização do real - que reduz o valor em dólares dos produtos -, o cenário internacional e o doméstico são desfavoráveis.
As exportações caem desde 2012, abaladas pelos preços das commodities, que sofrem os efeitos do esfriamento da economia chinesa, pelas dificuldades da Argentina e pela perda de competitividade dos produtos nacionais.
Com o real até recentemente valorizado, o Brasil perdeu terreno no mercado global. Agora, com a reversão do cenário, a exportação passou a ser vista como principal motor potencial da atividade.
O ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) diz não ter dúvidas de que as exportações crescerão em valor em 2016. Além do aumento já observado nas vendas de produtos industrializados para os EUA neste ano, ele cita avanços em acordos de preferências tarifárias e na área automotiva com países como México, Uruguai e Colômbia. Outros passos positivos, segundo Monteiro, são os entendimentos para harmonizar normas técnicas e regulatórias com os principais parceiros comerciais. "O Brasil está atuando de forma pragmática para abrir mercados, para melhorar condições de acesso", afirma.

Recuperação de mercados internacionais para empresas brasileiras não será imediata

Apesar do otimismo com o dólar mais favorável aos exportadores, a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) alerta para as dificuldades à frente. José Augusto de Castro, presidente da entidade, pondera que os exportadores enfrentam escassez de crédito e terão o desafio de disputar espaço com outras economias que também passaram a ter uma moeda mais competitiva, como os países da zona do euro. "Não é só querer, não podemos esquecer que outros mercados também têm preço. Vamos ter que brigar."
Daiane Santos, economista da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior), lembra que a recuperação de mercados leva tempo. É preciso reestruturar as linhas de produção e negociar contratos. Nas commodities, ela não vislumbra retomada de preços, uma vez que, nos 12 meses até julho, as importações globais recuaram.