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Teatro

- Publicada em 05 de Outubro de 2015 às 14:11

Reencontros com a farsa

Nos últimos dias, tenho aproveitado para assistir a espetáculos que, por um motivo ou outro, havia deixado de conhecer, nesta ou em temporadas anteriores. É o caso de O feio, de que Mirah Laline assina a direção, e Como diria mamãe..., direção de Raquel Grabauska. Fiz questão de assistir a ambos os espetáculos, porque eles envolvem o fazer teatral de muita gente da cidade que está sempre dando suas contribuições ao movimento cênico local e que, por isso mesmo, é importante que a gente acompanhe sempre, para poder avaliar corretamente seus esforços e seu trabalho.
Nos últimos dias, tenho aproveitado para assistir a espetáculos que, por um motivo ou outro, havia deixado de conhecer, nesta ou em temporadas anteriores. É o caso de O feio, de que Mirah Laline assina a direção, e Como diria mamãe..., direção de Raquel Grabauska. Fiz questão de assistir a ambos os espetáculos, porque eles envolvem o fazer teatral de muita gente da cidade que está sempre dando suas contribuições ao movimento cênico local e que, por isso mesmo, é importante que a gente acompanhe sempre, para poder avaliar corretamente seus esforços e seu trabalho.
Começo pelo trabalho mais antigo, o de Mirah Laline, atualmente em estudos na Alemanha, a partir do texto do dramaturgo germânico Marius Von Mayenburg. O trabalho, apresentado na temporada passada, recebeu o Prêmio Açorianos de Melhor Espetáculo, tanto por parte do júri quanto do público, o que é uma raridade, mas se explica pela linha adotada pela direção. Também deu a Paulo Roberto Farias o prêmio de melhor ator do ano. Posteriormente, graças ao Prêmio Funarte, o grupo pôde viajar pelo Brasil, apresentando seu trabalho em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador, retornando agora para uma pequena nova temporada em Porto Alegre, até para capitalizar, certamente, o sucesso do mais recente trabalho da diretora.
É evidente que quem assistiu a Língua mãe - Mameloschn vai se sentir, em parte, decepcionado por este O feio. Mas é preciso contextualizá-lo. Antes de mais nada, o texto exige outro tipo de espetáculo. Mayenburg propõe claramente uma espécie de paródia. Mirah Laline levou isso ao pé da letra. Sua direção de ator exacerba os comportamentos. Danuta Zaghetto, Marcelo Martins, Paulo Roberto Farias e Rossendo Rodrigues cumprem fielmente os comandos da direção. Os figurinos de Marina Kerber valorizam esta mesma linha. O espetáculo tem um ritmo pulsante, forte, contínuo, e o público reage bem justamente graças às situações hilárias que, de tão absurdas, acabam fazendo rir. Mas (gosto pessoal, subjetivo, admito), o segundo espetáculo é melhor. O que quer isso dizer? Antes de mais nada, que Mirah Line teve coragem de começar pelo mais difícil. Indiscutivelmente, dirigir um texto como O feio é mais complicado que dirigir Língua mãe. À parte isso, significa também que a jovem diretora avançou em sua carreira. Mudou completamente de gênero e se saiu muito bem. Corre o risco de ser novamente premiada. Que bom: diretor novo à vista!
Quanto a Como diria mamãe..., trata-se de um texto original da diretora Patrícia Fagundes, retomado por Raquel Grabauska com interpretações de Juliana Strehlau, Morga Baldissera, Renato Santa Catarina, Sérgio Olivé, Suzana Witt, Vinicius Petry e Rita Réus. A trama é bem-urdida; embora sem novidade, desdobra-se com novidades centradas especialmente na relação patroa-mordomo e na miserabilidade de todos.
O cenário de Renato Santa Catarina e Rita Spier atende bem às necessidades do texto; os figurinos de Geórgia Santos sublinham as caracterizações dos personagens, e a trilha sonora de Sérgio Olivé reforça a linha farsesca da encenação. O final da trama é lugar comum, mas bem-aplicado neste contexto, e se constitui em uma boa saída para o enredo desenvolvido. Antes de tudo, é uma brincadeira, um bom exercício de interpretação, a que o grupo buscou dar vitalidade.
Como O feio, este é um espetáculo que também acaba no fio da navalha. Encenações exigem ritmos muito precisos, interpretações muito seguras, que bem sempre atores mais jovens conseguem manter. Mas vale como um bom divertimento e é de se lamentar, apenas, que ambos os espetáculos tenham ficado tão pouco tempo em cena em seus retornos. Acho que ambos mereciam mais espaço e maiores oportunidades de conquista do público, aquele público que se cria no boca a boca, porque é certo que quem assistiu gostou e vai recomendar.
 
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