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Cinema

- Publicada em 22 de Outubro de 2015 às 22:57

O verdadeiro horror

Hélio Nascimento
O cinema norte-americano tem a tradição de acolher cineastas de outros países, sendo que muitos deles contribuíram de maneira decisiva para a consolidação daquela cinematografia. Nos últimos anos um trio de mexicanos, embora tenha realizado também filmes em outros locais, tem feito carreira no sistema de produção americana e lá deixado sua marca. Dois desses realizadores, Alejandro Gonzáles Iñárritu e Alfonso Cuarón, já fizeram história, com obras como Birdman e Gravidade. O terceiro, Guillermo del Toro, atua numa faixa que permite que seja classificado como um cultor do gênero do horror, que, nas últimas décadas, tem proporcionado espaço para muita mediocridade, mas também permitiu que Stanley Kubrick enriquecesse tal forma de cinema com O iluminado. Del Toro agora reaparece com este A colina escarlate, relato que acumula excessos, concessões à vulgaridade e que também ostenta alguns méritos na realização e elementos em seu roteiro que merecem atenção. O gênero do cinema fantástico tem importância e passado a serem devidamente realçados. No cinema, a história do gênero está repleta de obras-primas, como Nosferatu, de Murnau, o já citado filme de Kubrick e, o maior deles, Psicose, de Hitchcock. Este último é o momento maior por praticamente definir o gênero. Nele, o horror, sem que a realidade seja deformada em nenhuma cena, é mostrado como a projeção de deformações de impulsos humanos. Em Hitchcock, a mais perturbadora das ameaças termina se revelando apenas um exercício da fantasia humana. O real termina se impondo. Os que seguem outro caminho, como o realizador de A colina escarlate, transformam as fantasias em realidade. Os fantasmas realmente existem. E agora surgem, embora sua aparência assustadora, como auxiliares da protagonista.
O cinema norte-americano tem a tradição de acolher cineastas de outros países, sendo que muitos deles contribuíram de maneira decisiva para a consolidação daquela cinematografia. Nos últimos anos um trio de mexicanos, embora tenha realizado também filmes em outros locais, tem feito carreira no sistema de produção americana e lá deixado sua marca. Dois desses realizadores, Alejandro Gonzáles Iñárritu e Alfonso Cuarón, já fizeram história, com obras como Birdman e Gravidade. O terceiro, Guillermo del Toro, atua numa faixa que permite que seja classificado como um cultor do gênero do horror, que, nas últimas décadas, tem proporcionado espaço para muita mediocridade, mas também permitiu que Stanley Kubrick enriquecesse tal forma de cinema com O iluminado. Del Toro agora reaparece com este A colina escarlate, relato que acumula excessos, concessões à vulgaridade e que também ostenta alguns méritos na realização e elementos em seu roteiro que merecem atenção. O gênero do cinema fantástico tem importância e passado a serem devidamente realçados. No cinema, a história do gênero está repleta de obras-primas, como Nosferatu, de Murnau, o já citado filme de Kubrick e, o maior deles, Psicose, de Hitchcock. Este último é o momento maior por praticamente definir o gênero. Nele, o horror, sem que a realidade seja deformada em nenhuma cena, é mostrado como a projeção de deformações de impulsos humanos. Em Hitchcock, a mais perturbadora das ameaças termina se revelando apenas um exercício da fantasia humana. O real termina se impondo. Os que seguem outro caminho, como o realizador de A colina escarlate, transformam as fantasias em realidade. Os fantasmas realmente existem. E agora surgem, embora sua aparência assustadora, como auxiliares da protagonista.
Um outro momento importante do gênero é a série produzida por Val Lewton nos anos 1940 do século passado. Vincente Minnelli, em Assim estava escrito, certamente o maior filme até hoje realizado tendo o cinema como tema, homenageou Lewton numa cena, realçando a técnica de não mostrar a ameaça, lembrando assim a imaginação como a criadora do inimigo. Esta é uma forma paralela àquela empregada por Hitchcock. Del Toro e outros seguem caminho contrário. Transformam o imaginário em realidade. Mas o cineasta mexicano tem algo que o diferencia. Naquele que talvez seja seu melhor trabalho, O labirinto do fauno, ele situava a ação na Espanha, durante a vigência do regime fascista de Franco. Naquele filme, a imaginação de uma menina criava uma ameaça que simbolizava um perigo ainda maior: a utilização da violência contra o ser humano e a força transformada em lei, a brutalidade institucionalizada. No filme atual, este tema é outra vez desenvolvido, ao mesmo tempo em que o realizador vai acumulando citações e não recua nem mesmo diante de momentos clássicos do cinema, como a chegada de recém-casados a uma casa enorme e misteriosa. Como cultor do gênero, Del Toro mostra entusiasmo em fazer referências e através delas torna seu filme dotado de certo interesse.
O filme, que, graças a uma direção de arte notável, parece, por vezes, uma mescla de Roger Corman e Minelli, tem no visual seu mérito maior. Cenários, vestuário e objetos se realçam nas imagens. Tudo reflete um mundo sólido e aparentemente perfeito. A figura paterna não se deixa seduzir pelas propostas de um falso príncipe, é a primeira a dar um sinal de advertência. O industrial britânico, que anda em busca de financiadores, não é o que aparenta. Sua ambição é o verdadeiro horror. O melodrama cinematográfico mexicano, que obviamente Del Toro conhece bem, deixa sua contribuição ao argumento, mas, logo a seguir, desaparece, cedendo lugar à narrativa gótica. Esta história de fantasmas traz para a tela não apenas o tema da ambição para a qual a vida humana nada representa. O argumento não permanece em tal nível. O incesto termina se impondo como elemento principal. A lamentar o emprego de facilidades como as repetitivas e inúteis tentativas de manter o interesse através explosões na faixa sonora e momentos de violência física desnecessários.
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