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- Publicada em 21 de Outubro de 2015 às 22:57

Dignidade da Palavra

A palavra é a raiz de tudo. É também a raiz de toda transformação. Ela possui a força de trazer à fala tudo que existe. Ela cria! Mas também destrói! É por isso que, ao longo da história, sempre se exortou a cuidar da palavra.
A palavra é a raiz de tudo. É também a raiz de toda transformação. Ela possui a força de trazer à fala tudo que existe. Ela cria! Mas também destrói! É por isso que, ao longo da história, sempre se exortou a cuidar da palavra.
A palavra é a pequena diferença que permitiu a origem da linguagem, a possibilidade de o ser humano se interrogar sobre a vida e a morte, a capacidade de transformar a natureza em cultura. Não é demais afirmar que o destino da humanidade e de toda sua história está intimamente ligado à palavra. Isso porque as relações humanas em suas distintas dimensões são determinadas pela palavra.
No início, dizem as Escrituras Sagradas, era a palavra. Ela pertencia a Deus. Deus tudo criou por meio da palavra.
O poder de dizer foi, na origem, também concedido ao ser humano. Portanto, a palavra não é sua propriedade. É algo dado e, portanto, recebido. Tendo recebido, ele, por meio da palavra, participa da obra da criação.
A própria palavra forma, ou deforma, o ser humano. Neste sentido, podemos dizer que ele se torna a palavra que escuta. Surge, pois, uma questão decisiva: qual palavra escutar? Que palavra escutamos? São Tiago afirma que o ser humano que é senhor da própria palavra é um ser humano perfeito (Tg 3,2). A palavra diz a coisa!
Entretanto, hoje vivemos sob o signo da imagem. Os meios de comunicação sabem magistralmente fazer uso do poder da imagem em detrimento da palavra. Assim, eles nos induzem a entrar sempre menos em contato com a realidade e sempre mais com as imagens da realidade. Assim, o que aparece, reluz, brilha, toma o lugar do real. Desse modo, corremos o risco de nos deixar conduzir por ilusões.
A partir da fé cristã, podemos dizer que a palavra não somente concede ao ser humano uma identidade, mas ela mesma possui uma identidade. Para o cristão, a palavra tem nome: Jesus. Jesus é a palavra eterna do Pai. Por isso, o cristão lê o Evangelho como palavra que cura, ergue, orienta, sustenta, corrige, alimenta, ilumina a vida cotidiana. O Evangelho é palavra de saúde e salvação, e não narração de histórias edificantes.
O ser humano marcado pela fé cristã sabe que a palavra é um instrumento formativo de primeira grandeza, é capaz de transformar a pessoa, pois permite fazer a experiência daquilo que diz.
A palavra transmite uma recordação. Ou seja, ela faz com que algo caia no coração, e a partir disso o ser humano possa viver. A própria ciência nos diz que o ser humano vive de recordações! Assim, o cristão é convidado a constantemente recordar e cultivar os feitos de Deus. Isto fazendo, vai consolidando a sua identidade mais profunda, pois o modo como Deus agiu e age vai se tornando o seu modo de agir.
Para nós que vivemos uma Mudança de Época, que experimentamos uma enorme crise de valores, essas indicações podem auxiliar-nos na tarefa de resgatar a nossa identidade originária: somos filhos da Palavra! E, sendo filhos, somos também irmãos!
A palavra expressa a realidade entendida e sedimentada em nós como recordação; assegura o presente e descortina o futuro! Nós, cristãos, propomos a todos a Palavra de Deus, a fim de cooperar para que todos alcancem sua identidade originária: ser filhos de Deus! E São João dirá: e nós o somos (1Jo 3,1).Aquilo, pois, que anunciamos não pode ser reduzido a piedosas considerações, certamente belas e úteis. Isso qualquer religião pode oferecer!
Aquilo que o cristão experimenta e anuncia é a liberdade própria dos filhos de Deus que Jesus Cristo ensina, concede e do qual ele participa. O cristão leva Jesus e, por isso, pode conviver em qualquer cultura e dialogar com distintos credos. O contrário disso se expressa no fanatismo!
O fanático se caracteriza pela obtusidade; não consegue acolher o diferente; não é capaz de ouvir a Palavra; não se permite o diálogo! Quando não se pode mais dialogar, quando não é mais possível a palavra, quando não existe mais espaço para acolher o diferente, a catástrofe se impõe, a morte se faz presente!
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