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RODOVIAS

- Publicada em 21 de Outubro de 2015 às 22:29

Comportamento dos caminhoneiros gera a maior parte das colisões

Apesar dos números muito altos, o balanço da Polícia Rodoviária Federal mostra que tanto número de acidentes quanto o de mortes vem recuando desde que aumentou a fiscalização

Apesar dos números muito altos, o balanço da Polícia Rodoviária Federal mostra que tanto número de acidentes quanto o de mortes vem recuando desde que aumentou a fiscalização


LUCIANO CLAUDINO/CODIGO19/FOLHAPRESS/JC
Embora apresentem melhores condições de trafegabilidade do que as estradas estaduais, as rodovias federais ainda acumulam, anualmente, uma série de acidentes fatais. A maioria deles está associado ao comportamento dos motoristas, que, muitas vezes por pressa de chegar ao destino ou por pura distração, acabam gerando colisões graves, como choques frontais e atropelamentos. A fiscalização e a melhoria da qualidade das estradas tem diminuído a letalidade, mas ainda falta que o motorista seja mais consciente dos perigos da direção imprudente.
Embora apresentem melhores condições de trafegabilidade do que as estradas estaduais, as rodovias federais ainda acumulam, anualmente, uma série de acidentes fatais. A maioria deles está associado ao comportamento dos motoristas, que, muitas vezes por pressa de chegar ao destino ou por pura distração, acabam gerando colisões graves, como choques frontais e atropelamentos. A fiscalização e a melhoria da qualidade das estradas tem diminuído a letalidade, mas ainda falta que o motorista seja mais consciente dos perigos da direção imprudente.
De acordo com o balanço de atividades da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em 2014, pelo quarto ano consecutivo, houve redução nos índices que medem a violência no trânsito em rodovias federais em todo o território brasileiro. Foram 168.593 acidentes, com 100.396 feridos e 8.227 óbitos. Em relação a 2013, os números representam queda nos três fatores analisados: de 15,3% na taxa de acidentes; de 8,4% na mortalidade; e de 9,2% no número de feridos. Na comparação com 2010, a taxa de letalidade caiu ainda mais: 29%.
No Rio Grande do Sul, durante o primeiro semestre de 2015, os dados vão no mesmo sentido. A PRF registrou 5.926 acidentes, uma redução de quase 22% na comparação com o mesmo período do ano passado. Nesses seis meses, também caiu o número de mortos no trânsito: 212 pessoas perderam a vida, contra 263 em 2014, ou seja, os registros de fatalidades foram 20% menores. Da mesma maneira, o número de feridos teve queda de 18,6%, sendo 2.798 registros de pessoas col lesões físicas até junho de 2015, ante 3.437 ocorridas nos mesmos meses do ano anterior.
Segundo a PRF, a diminuição da letalidade, observada desde 2010, está associada à intensidade da fiscalização nas vias, inclusive com a utilização do aparelho de bafômetro. Ao longo dos 12 meses de 2014, por exemplo, a entidade fiscalizou 7.263.051 pessoas - pouco mais de 1% do que em 2013 - e realizou 1.529.396 testes de alcoolemia, o que representa cerca de 174 testes com bafômetro realizados por hora. Como resultado, 34.281 condutores foram multados por dirigir sob influência de álcool, sendo que 8.461 foram presos pelo crime de embriaguez ao volante.
Conforme explica o professor do Laboratório de Sistemas de Transporte (Lastran) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), João Fortini Albano, um acidente de trânsito nunca pode ser atribuído a apenas um fator. O excesso de velocidade é o motivo mais comum, mas rotineiramente - em 30% dos casos - a imprudência está associada a algum tipo de distração por parte do motorista. Como exemplos, podem ser citados atividades como o uso do celular, a regulação do rádio, do GPS, do ar-condicionado, entre outros equipamentos do veículo. Além disso, influenciam o consumo de álcool, os veículos mal revisados e, ainda mais especificamente, a pressa.
Outros números disponibilizados pelas entidades responsáveis corroboram a análise do pesquisador, uma vez que os fatores comportamentais dos motoristas lideram a lista de responsabilidades pelas colisões. Das ocorrências que resultaram em morte em 2014, no Brasil, 32% foram causadas por falta de atenção, 20% pela velocidade incompatível e 12% por ultrapassagens indevidas. O mesmo vale para as rodovias federais gaúchas, onde, apenas neste ano, 560 das ocorrências tiveram como causa principal o excesso de velocidade; 299 aconteceram por uso de álcool por parte dos condutores; 470 por desobediência à sinalização; e 114 por ultrapassagens indevidas.
É desse tipo dessa conduta que, por exemplo, resultam as colisões frontais e os atropelamentos. Embora sejam dois incidentes de baixa ocorrência, correspondendo por apenas 6,5% do total, respondem por quase metade das mortes em rodovias federais, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No ano passado, em média, 713 motoristas foram autuados diariamente por essa categoria de infração. Mas nem a punição tem melhorado o comportamento dos motoristas. Recentemente, antes do feriadão da Semana da Pátria, uma ação da PRF flagrou mais de 2,2 mil ultrapassagens perigosas em apenas quatro horas de fiscalização em 152 pontos de rodovias federais espalhados pelo Brasil.

Acidentes em rodovias federais têm um custo de R$ 12 bilhões em um ano

Apesar dos números muito altos, o balanço da Polícia Rodoviária Federal mostra que tanto número de acidentes quanto o de mortes vem recuando desde que aumentou a fiscalização

Apesar dos números muito altos, o balanço da Polícia Rodoviária Federal mostra que tanto número de acidentes quanto o de mortes vem recuando desde que aumentou a fiscalização


LUCIANO CLAUDINO/CODIGO19/FOLHAPRESS/JC
Dados do relatório Acidentes de Trânsito nas Rodovias Federais Brasileiras, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos dados da Polícia Rodoviária Federal, divulgados no final de agosto, mostram que, apenas no ano passado, os cerca de 170 mil acidentes de trânsito ocorridos nessas vias tiveram um custo de R$ 12,3 bilhões. Em média, cada colisão gera um prejuízo de mais de R$ 72 mil. A metodologia de cálculo foi aplicada aos anos de 2007, 2010 e 2014. Nos dois primeiros, os gastos foram, respectivamente, de R$ 9,1 bilhões e R$ 13 bilhões.
Do custo gerado por um total de 170 mil acidentes de trânsito, em 2014, 64,7% estavam associados aos cuidados com a saúde e perda de produção devido às lesões ou morte das vítimas. Os outros 34,7% estão relacionados aos problemas com os veículos, como danos materiais, perda de cargas e procedimentos de remoção. Se somar com as perdas financeiras relativas aos acidentes em rodovias estaduais e municipais - R$ 24,8 bilhões e 30,5 bilhões, respectivamente -, o estudo estima que as perdas no País possam chegar aos R$ 40 bilhões anuais.
Analisando separadamente, o maior valor estimado em custos diz respeito à perda de produção das pessoas (43%), ou seja, quanto a vítima de trânsito deixa de auferir ao longo do período em que está impossibilitada de trabalhar ou, no caso de morte, em relação a sua expectativa de vida. Os impactos, segundo o análise do Ipea, recaem sobre a previdência social e sobre a família, em função do seu empobrecimento. O segundo maior custo é o dano veicular, que representa 30% do total, seguido dos gastos hospitalares, com 20%.
Ainda segundo a pesquisa, um acidente fatal custa, em média, R$ 647 mil, enquanto um com feridos e um sem vítimas provocam perdas, respectivamente, de R$ 90 mil R$ 23 mil. As colisões apenas com danos materiais ficam em R$ 23 mil. Mesmo assim, durante o lançamento do relatório, a diretora-geral da PRF, Maria Alice Nascimento, afirmou que o trabalho da polícia está contribuindo para reduzir o número de mortos e, consequentemente, uma queda nos gastos na ordem de R$ 6,8 bilhões nos últimos quatro anos.
"Utilizando os recursos humanos e as tecnologias em locais estratégicos, conseguimos reduzir o número de mortes no País", destaca Maria Alice.
Estados das regiões Sul e Sudeste apresentam as maiores proporções de acidentes e mortes, levando em conta, inclusive, a proporção de rodovias que possuem, com destaque negativo para o Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. O Rio Grande do Sul não possui nenhum trecho no ranking dos mais críticos de acordo com o número de acidentes graves levantados pela PRF. Enquanto Rio de Janeiro e Santa Catarina, por exemplo, possuem valores superiores a 7 pontos percentuais em relação à proporção de rodovias e acidentes/mortes, o Rio Grande do Sul possui 8,5% das estradas federais e responde por somente 6,2% dos mortos, diferença relativa negativa em 2,3 pontos.