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OPINIÃO

- Publicada em 21 de Outubro de 2015 às 21:47

Brasil, uma força industrial?

O Brasil vive momento curioso no campo da mobilidade. Por um lado, as notícias apresentam o entusiasmo com os novos investimentos que continuam a aportar em nosso País e a incrível representatividade do nosso mercado que atrai praticamente quase todos os players mundiais do setor. Até mesmo o programa Inovar-Auto, lançado pelo governo, tem seu espaço no rol de boas soluções e forças do mundo do automóvel.
O Brasil vive momento curioso no campo da mobilidade. Por um lado, as notícias apresentam o entusiasmo com os novos investimentos que continuam a aportar em nosso País e a incrível representatividade do nosso mercado que atrai praticamente quase todos os players mundiais do setor. Até mesmo o programa Inovar-Auto, lançado pelo governo, tem seu espaço no rol de boas soluções e forças do mundo do automóvel.
Por outro lado a dificuldade de prever cenários, sobre a qual o governo tem sua cota de influência, o volume desanimador das exportações e a queda de produção e vendas domésticas empurram ladeira abaixo o humor dos negócios, por vezes cerceando iniciativas de sucesso e pondo em cheque os que apostaram no mercado e no País.
Temos uma indústria pujante capaz de produzir localmente com tecnologia e competência os mais variados bens de consumo. O respeito internacional também existe e é mister em alguns segmentos específicos, como o aeroespacial. Mas existe também o risco. Temos de observar com atenção as tendências que nos desafiam para manter a força industrial brasileira.
O consumo de máquinas e equipamentos de base, "máquinas que fazem máquinas", tem sofrido redução no crescimento nos últimos anos. Uma das maiores perdas está na produção nacional de bens de capital mecânicos, uma ameaça à sobrevivência desse setor-chave para a cadeia da indústria.
Em determinados segmentos observa-se ainda a tendência de substituição da produção nacional por importados, com consequências como a perda de produtividade e a falta de modernização do parque industrial localizado. Esses efeitos podem ser transferidos em cascata para os setores de bens de produção em massa, com risco à capacidade do País de se manter entre os mais industrializados do mundo.
Outras nações não estão paradas e são concorrentes diretas do fabricante local, que atualmente não desfruta das melhores condições de competitividade. Precisamos agora de objetivos e metas permanentes, e de fazer uso de instrumentos de medição conjuntural de médio e longo prazo. O investidor só arrisca seu capital quando encontra estabilidade bastante para isso.
O Brasil tem competências que sustentam a sua indústria - crescimento sustentável, inovação tecnológica e competitividade -, que talvez só precisem de coordenação adequada. Desenvolver a capacidade de orquestrar iniciativas com mais eficiência, com um projeto de integração entre universidade e indústria, pode ser um caminho.
Boas ideias surgem no meio acadêmico, mas não é nele que se dá o desenvolvimento, cabe à indústria transformar o protótipo desenvolvido na universidade em um produto de mercado. Só assim acontece na prática o desenvolvimento tecnológico local.
A cada ano instituições de ensino brasileiras formam mão de obra qualificada, mas não se observa a atração desses jovens pela indústria. Com capacidade de aplicar conhecimento eles estão em busca de desafios, querem participar do fomento de projetos novos.
Em um cenário como esse a contribuição da engenharia é fundamental para minimizar a necessidade de busca de projetos de fora do País. A fixação de engenheiros na indústria e a atualização do parque nacional viajam em paralelo com o fomento da inovação local, para a eliminação de lacunas tecnológicas e o surgimento de produtos novos e avançados.
As tendências-chave para o planejamento 2015 estarão na pauta do 11º Simpósio SAE Brasil de Tendências, promovido pela Seção Regional de Minas Gerais, cujo tema é "Brasil, uma Força Industrial?". O evento será realizado no dia 6 de novembro, na Casa Fiat de Cultura (Praça da Liberdade, 10, Funcionários), em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Engenheiro e chairperson do 11º Simpósio SAE Brasil de Tendências.
 

Pilotos de helicóptero poderão receber treinamento de colega

Mudança em discussão iria beneficiar os profissionais habilitados para a atuação em aparelhos particulares

Mudança em discussão iria beneficiar os profissionais habilitados para a atuação em aparelhos particulares


NELSON ALMEIDA/AFP/JC
O treinamento para pilotos de helicópteros pode mudar completamente até o fim do ano. Uma proposta de emenda a um regulamento de aviação, o RBAC 61, em discussão em audiência pública pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), pretende reclassificar 95% dos helicópteros brasileiros e, com isso, diminuir a responsabilidade do Estado na formação dos pilotos e passá-la para as mãos dos próprios profissionais.
Hoje, para um piloto com licença voar em um helicóptero diferente daquele em que está habilitado, ele precisa passar por um treinamento específico em centro homologado pela Anac - muitos deles estão no exterior, onde o custo do processo pode chegar a
US$ 40 mil. "Helicóptero é diferente de carro. Você tem de ter uma carteira para cada modelo, porque são estilos de pilotagem e filosofia diferentes. É como se houvesse habilitação específica para dirigir Fusca e outra para dirigir Opala", diz Kerlington Pimentel de Freitas, especialista em segurança de voo e diretor do Centro de Treinamento de Aviação Civil Helipro.
A proposta da Anac considera a regulamentação americana e passa a definir os helicópteros com até 5,6 mil quilos, ou 95% da frota brasileira, como "classe", o que reduz seu grau de especificidade. Isso significa que, para tirar habilitação em um novo modelo de helicóptero, o piloto não precisará mais passar por um centro. Basta que um profissional já habilitado naquela aeronave em que se busca a nova habilitação treine o pretendente e assine a documentação de que ele está qualificado.
Se acontecer um acidente, por exemplo, o piloto que concedeu a habilitação ao colega pode responder como corresponsável e deverá prestar esclarecimentos ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa). "Treinamento é fundamental para segurança dos nossos voos, para a gente poder garantir o maior objetivo de todo piloto, que é voltar para casa. O que a Anac está fazendo é deixando aquela história que todo brasileiro reclama que autoridade tutela o cidadão. Vamos deixar de ter a tutela na questão de treinamento e cada piloto vai fazer o seu. Isso vai causar uma mudança muito importante de paradigma", diz Ruy Flemming, diretor de Relações Públicas e Institucional da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (Abraphe).
A Anac justifica a mudança como uma forma de tornar o treinamento na aviação geral (aviões de propriedade particular) "menos burocrático e menos dependente da atuação direta da agência para expedição e revalidação de habilitações". Segundo a Anac, 1.519 helicópteros e 5.716 pilotos (94%) dessas aeronaves devem ser afetados.
A mudança se aplica somente aos pilotos de aeronaves particulares e não interfere no treinamento dos pilotos de táxi aéreo e de companhias aéreas, que continuam com regras mais rigorosas. A proposta, no entanto, não agrada a todos. Para o comandante Kerlington, a medida pode trazer riscos à segurança da população. "Para os pilotos, essas mudanças representam uma redução consistente de custo para formação e certificação, mas, do ponto de vista de segurança, podem implicar retrocesso à aviação brasileira."

Pilotos do Legacy terão de cumprir pena

O processo contra os pilotos norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, que pilotavam o jato Legacy que colidiu com um Boeing da Gol em Mato Grosso e matou 154 pessoas, em setembro de 2006, transitou em julgado no Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão final diz que os pilotos terão que cumprir a pena do julgamento de 2011, em que foram condenados a três anos, um mês e 10 dias de prisão.
Para efeito legal, eles são considerados foragidos, porque não compareceram à Justiça para responder ao processo. Em março, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou recurso apresentado pelo Ministério Público Federal, que defendia o aumento da pena, e dos réus, que queriam a redução. Os ministros ponderaram que a pena está correta e, portanto, não deve sofrer alteração. O acidente aconteceu próximo ao município de Peixoto de Azevedo, a 692 quilômetros de Cuiabá. O Boeing fazia o voo 1907, de Manaus para o Rio, quando bateu no ar com o Legacy, com sete pessoas. O avião da Gol caiu e todos morreram; enquanto o Legacy conseguiu pousar numa base aérea no Pará com os ocupantes ilesos.