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- Publicada em 15 de Outubro de 2015 às 20:48

Estaleiro Eisa aciona a Transpetro na Justiça

Fechamento da indústria e demissões em massa provocaram protestos públicos dos trabalhadores no Rio

Fechamento da indústria e demissões em massa provocaram protestos públicos dos trabalhadores no Rio


JOSE LUCENA/FUTURA PRESS/FOLHAPRESS/JC
Fechado desde julho deste ano por dificuldades financeiras, o estaleiro Eisa Petro-Um, em Niterói (RJ), entrou na Justiça contra a Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras. Controlado pela holding Synergy Shipyards, da família Efromovich, o estaleiro de Niterói alega que a construção de quatro navios encomendados pela estatal ficou cara demais por aumento de custos e fatores imprevisíveis fora de seu controle. Pelos cálculos do Eisa, os custos adicionais da construção chegariam a R$ 384,3 milhões.
Fechado desde julho deste ano por dificuldades financeiras, o estaleiro Eisa Petro-Um, em Niterói (RJ), entrou na Justiça contra a Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras. Controlado pela holding Synergy Shipyards, da família Efromovich, o estaleiro de Niterói alega que a construção de quatro navios encomendados pela estatal ficou cara demais por aumento de custos e fatores imprevisíveis fora de seu controle. Pelos cálculos do Eisa, os custos adicionais da construção chegariam a R$ 384,3 milhões.
A empresa afirma que a recusa da Transpetro em reajustar os contratos gerou um desequilíbrio financeiro e resultou em prejuízos com dívidas trabalhistas, previdenciárias e fornecedores. A juíza Maria da Penha Nobre Mauro, da 5ª Vara Empresarial do Rio, negou uma liminar em que o estaleiro pedia que a recente decisão da Transpetro de rescindir o contrato fosse considerada ineficaz.
Como consequência, pleiteava que a estatal fosse impedida de cobrar qualquer valor referente ao seguro das encomendas, feito pela Itaú Seguros. A juíza considerou não ter elementos para conceder a liminar. "É preciso ficar cabalmente demonstrada a nova realidade de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis que tenham gerado o alegado desequilíbrio entre as prestações das partes", relata na decisão. Para justificar o desequilíbrio financeiro, o Eisa cita o uso de índices de reajuste defasados, alterações nas especificações do projeto e ausência de um projeto básico antes da contratação. A juíza determinou a realização de perícia contábil e de engenharia naval.
A Transpetro optou por rescindir o contrato com o Eisa para a construção de três navios do tipo Panamax, com entrega em atraso, no mês de julho passado. Com isso, poderia acionar a seguradora e obter recursos para terminar as obras em outro estaleiro. A frota da estatal tem hoje cinco navios construídos pelo Eisa já em operação. Por causa da crise financeira, o estaleiro resolvera paralisar suas atividades pouco antes, afetando 2 mil trabalhadores. Em maio, outras mil pessoas haviam sido mandadas para casa.
Procurada, a Transpetro reafirmou que "não deve nada ao Eisa Petro-Um e está em busca da melhor solução possível para resguardar seus direitos e receber os navios". A companhia informou que o seguro já foi acionado, conforme previsto no contrato. A reportagem entrou em contato com o Eisa e seus advogados, mas não obteve retorno.
Enquanto as duas empresas brigam entre si, a Justiça Trabalhista busca solucionar a situação dos funcionários demitidos. No final de setembro, a Transpetro, o empresário German Efromovich e a Synergy Shypyard foram condenados a arcar com as dívidas trabalhistas de 3,5 mil demitidos do Eisa Petro-Um. A 3ª Vara do Trabalho de Niterói determinou o bloqueio de R$ 56 milhões para cobrir indenizações dos trabalhadores, que movem uma ação civil pública.
A sentença do juiz Paulo de Tarso Machado Brandão afirma que os trabalhadores terão direito a uma indenização por danos morais coletivos, calculados em R$ 3 milhões sob responsabilidade dos estaleiros Eisa Petro-Um e Eisa Ilha. A Transpetro foi condenada por "responsabilidade solidária" e teve sua postura classificada de "negligente", "temerária" e "omissa" pelo magistrado, para quem a empresa é a maior responsável pelo "desmoronamento" do estaleiro. A Transpetro afirma que todas as determinações da Justiça do Trabalho foram atendidas.
Ao comunicar a suspensão de suas atividades aos trabalhadores, em julho, o estaleiro Eisa afirmava atravessar uma "crise financeira cada vez mais profunda" e "motivada tanto no desequilíbrio econômico dos atuais contratos como na indefinição na liberação dos contratos para construção de mais oito navios", dizia, em referência a outro contrato, também paralisado.

Governo inicia concessão de terminais portuários de Santos

Principal porto brasileiro terá a oferta de três pontos de atração e embarque destinados, principalmente a cargas de celulose e grãos

Principal porto brasileiro terá a oferta de três pontos de atração e embarque destinados, principalmente a cargas de celulose e grãos


SÉRGIO CASTRO/AE/JC
O governo federal promete lançar, durante esta semana, os primeiros editais de licitação de terminais portuários depois da alteração da Lei de Portos, em 2012. A previsão oficial é de que os leilões ocorram em dezembro.
Serão ofertados, nesse primeiro leilão, quatro terminais, sendo três no porto de Santos (SP), em que está previsto o investimentos de R$ 1,2 bilhão em melhorias e ampliação nos próximos cinco anos.
Segundo o Ministério do Planejamento, os terminais do porto de São Paulo, o principal do País, são destinados a cargas de celulose (nas regiões de Macuco e Paquetá) e de grãos (na Ponta da Praia), com investimentos previstos de R$ 641 milhões.
O quarto terminal, também para grãos, fica em Vila de Conde, no Pará, e tem um plano de investimento estimado em R$ 501 milhões.
Vencerá a disputa quem oferecer o maior valor de outorga (espécie de aluguel pela concessão do terminal). Os editais estão preparados para não haver valor mínimo de proposta (na prática, ele será simbólico, em torno de R$ 1,00).
A forma de disputa foi modificada neste ano pelo governo, que antes planejava repassar esses terminais à iniciativa privada por outros critérios, como quem movimentasse mais carga ou fizesse o maior investimento.
Esse critério tinha a intenção de reduzir os custos para os usuários, empresas que utilizam os terminais para importar, ou exportar produtos e mercadorias. Mas era criticado pelas empresas que operam os terminais, porque poderia criar distorções. A falta de dinheiro no governo acabou pesando na mudança para o novo formato.
Depois de quase dois anos de análise, o TCU (Tribunal de Contas da União) liberou os leilões de oito terminais. Os outros quatro, que são terminais de grãos no Pará (três em Outeiros e um em Santarém), devem ser lançados em seguida, segundo o novo ministro de Portos, Helder Barbalho. Os primeiros foram escolhidos por serem mais atrativos e com menor risco de não ter concorrentes, como forma de testar o apetite mercado.
No total, o governo lançou em 2012 um ambicioso programa para fazer leilões de cerca de 160 terminais portuários no País. Mas acabou reduzindo esta meta e agora trabalha com a expectativa de realizar cerca de 60 leilões.
Além da licitação dos terminais de portos públicos, o governo já autorizou investimentos de R$ 19 bilhões sob a nova lei, na autorização, construção e expansão de terminais privados e em prorrogações antecipadas de arrendamentos já existentes, segundo o ministério.