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fraude ambiental

- Publicada em 01 de Outubro de 2015 às 21:52

Volks prepara recall global e reparo de carros

Empresa substituiu a cúpula e tem reputação ameaçada pela denúncia de manipulação de emissão de poluentes

Empresa substituiu a cúpula e tem reputação ameaçada pela denúncia de manipulação de emissão de poluentes


PATRIK STOLLARZ
A Volkswagen elaborou um plano para reequipar os veículos que foram aparelhados com o software que manipulava as emissões de poluentes, disse o novo CEO da empresa alemã, Matthias Müller. Espera-se agora que a montadora realize um recall em escala global. Em uma reunião na sede da Volks, em Wolfsburg, Müller afirmou a gestores que uma equipe projetou um "plano de ação global" durante o fim de semana e que, em breve, vai informar os clientes sobre as adaptações nos veículos através de websites.
A Volkswagen elaborou um plano para reequipar os veículos que foram aparelhados com o software que manipulava as emissões de poluentes, disse o novo CEO da empresa alemã, Matthias Müller. Espera-se agora que a montadora realize um recall em escala global. Em uma reunião na sede da Volks, em Wolfsburg, Müller afirmou a gestores que uma equipe projetou um "plano de ação global" durante o fim de semana e que, em breve, vai informar os clientes sobre as adaptações nos veículos através de websites.
De acordo com o porta-voz para assuntos técnicos da montadora, Christian Buhlmann, a remontagem consiste em alterações no software e possíveis ajustes no hardware dos automóveis, podendo levar algumas horas para que as adaptações de cada veículo se concluam. "Esta será a maior ação de serviço da história da Volkswagen", reconheceu.
Como resultado das alterações nos veículos afetados, a Volkswagen espera um aumento no consumo de combustível e na emissão de poluentes, mas, mesmo assim, os níveis estarão dentro dos padrões ambientais, garante a empresa. A Volkswagen se envolveu em um escândalo mundial após reguladores dos Estados Unidos revelarem que a maior fabricante de automóveis da Europa havia instalado softwares para manipular a emissão de poluentes de veículos movidos a diesel, com a finalidade de passar nos testes de emissão. Desde então, a empresa enfrenta um choque de gestão, a queda de seu valor de mercado e demanda por explicações no mundo todo.
A empresa admite que instalou o software manipulador em cerca de 11 milhões de carros, mas nem todos os veículos foram afetados, já que o dispositivo não foi acionado em todos eles. Ainda na semana passada, o chefe de veículos de passeio da Volkswagen, Herbert Diess, se encontrou com a comissária da Indústria da União Europeia, Elzbieta Bienkowska, em Bruxelas, para discutir a crise. Os principais acionistas e representantes dos funcionários da companhia também se reuniram na sede da empresa para discutir a situação. Todas as medidas devem passar pela aprovação das autoridades europeias antes de se concretizarem. A data para a Volkswagen apresentar um plano se esgotou ontem.

Investigação sobre falsificação de dados se estenderá ao Brasil

Picape Amarok é o único veículo a diesel da empresa a rodar no Brasil

Picape Amarok é o único veículo a diesel da empresa a rodar no Brasil


VOLKSWAGEN/DIVULGAÇÃO/JC
Embora a Volkswagen comercialize apenas um modelo a diesel no Brasil, o diretor de assuntos governamentais da montadora no País, Antonio Megale, disse, na semana passada, em São Paulo, que a investigação interna iniciada pela companhia para identificar a fraude na emissão de poluentes deve se estender ao mercado brasileiro.
A Volks está no centro de um escândalo que veio à tona na semana passada, depois que o governo americano identificou a instalação de um software em veículos a diesel da marca para burlar os testes de emissões de gases, mostrando-os mais eficientes do que realmente eram.
"A princípio, não (há nenhum carro com o software no Brasil). Mas não temos a confirmação", afirmou o diretor em entrevista à imprensa. De acordo com Megale, o primeiro executivo da montadora no País a falar sobre o assunto, a questão está sendo tratada globalmente. "A Volks tomou a decisão de fazer investigação interna e externa profunda sobre a questão. (...) Obviamente, quando é uma questão dessa natureza, a gente entende que isso terá de ser feito no mundo inteiro", disse.
Segundo Megale, tudo será investigado com muita "profundidade" e "transparência". Questionado sobre quando essas investigações devem começar, ele informou que ainda não há uma data, porque o País "não está no foco" neste momento. "As investigações estão sendo feitas principalmente nos Estados Unidos e nos países que têm aquela lista de veículos com motores a diesel mencionadas", afirmou. A lista é composta pelos modelos Beetle, Golf, Jetta e Passat, da Volkswagen, e pelo Audi A3, da Audi, fabricados de 2009 a 2015.
O diretor de assuntos governamentais ressaltou que, no Brasil, há apenas um modelo da Volkswagen com motor a diesel, a picape Amarok, que é fabricada na Argentina, com motor produzido na Alemanha. Indagado se há possibilidade de o software estar instalado em veículos com motores movidos a gasolina e etanol, por exemplo, o executivo afirmou que não tem essa informação. Ele informou ainda que, até o momento, a montadora não foi notificada pelo Ibama em relação ao caso no País.
O órgão ambiental abriu uma investigação contra a Volkswagen no Brasil para verificar se algum carro da montadora no País possui o mesmo software que alterou os dados dos motores a diesel da marca nos Estados Unidos, para torná-los mais eficientes durante testes de emissões de gases. De acordo com a denúncia naquele país, o equipamento detectava quando os carros estavam sendo avaliados e ativava o controle de emissões de poluentes, que era desabilitado após os testes.
Segundo o Ibama, autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, a Volks foi notificada, no dia 25, a prestar esclarecimentos. Caso a violação das regras ambientais brasileiras seja comprovada, o órgão informa que a companhia poderá ser multada em até R$ 50 milhões e será obrigada a corrigir o problema em todos os veículos que eventualmente possuam o equipamento. Também na semana passada, a fabricante de caminhões e ônibus MAN, do grupo Volkswagen, distribuiu nota em que afirma que seus produtos não "estão afetados pela atual discussão sobre a manipulação dos limites de emissões" e que todos os seus motores atendem às "exigências da legislação".