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JC Contabilidade

- Publicada em 01 de Outubro de 2015 às 19:14

Solução para crise econômica do Estado é de longo prazo

Para Palácios, contadores não podem ficar alheios aos fatos polêmicos que envolvem as finanças públicas

Para Palácios, contadores não podem ficar alheios aos fatos polêmicos que envolvem as finanças públicas


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Roberta Mello
Em reunião com o governador José Ivo Sartori em janeiro deste ano, pouco depois de assumir o cargo, uma comitiva composta por membros do Conselho Regional de Contabilidade (CRCRS) apontava soluções radicais como alternativa de estabilizar a economia gaúcha e garantir o cumprimento das obrigações básicas esperadas do Executivo. "O governador colocou que estava muito assustado com o que já tinha visto e não conseguia enxergar condições de resolver isso apenas com os recursos do governo. Nós apresentamos como alternativa as Parcerias Público-Privadas (PPPs)", lembra o presidente do CRCRS, Antônio Palácios.
Em reunião com o governador José Ivo Sartori em janeiro deste ano, pouco depois de assumir o cargo, uma comitiva composta por membros do Conselho Regional de Contabilidade (CRCRS) apontava soluções radicais como alternativa de estabilizar a economia gaúcha e garantir o cumprimento das obrigações básicas esperadas do Executivo. "O governador colocou que estava muito assustado com o que já tinha visto e não conseguia enxergar condições de resolver isso apenas com os recursos do governo. Nós apresentamos como alternativa as Parcerias Público-Privadas (PPPs)", lembra o presidente do CRCRS, Antônio Palácios.
Passados nove meses, a situação se agravou - ou foi deflagrada -, o Executivo gaúcho não tem conseguido pagar em dia os servidores e ameaça fechar fundações, sociedades de economia mista e autarquias. Recentemente, um projeto que prevê o aumento do ICMS foi aprovado pela Assembleia Legislativa, acirrando o debate entre os que condenam e os que apoiam a medida. Porém, indica Palácios, "ele tem que esquecer que talvez não seja reeleito - e provavelmente não será - e planejar o futuro". "Ante esse cenário, o contador não pode ficar alheio", defende Palácios. Para o presidente de uma das entidades representativas da classe contábil, os assuntos polêmicos, de alguma forma, impactam na categoria.
JC Contabilidade - Como os contadores representados pelo CRCRS avaliam a situação econômica atual e como veem as soluções que vêm sendo apontadas pelo governo do Estado?
Antônio Palácios - O CRCRS tem uma preocupação, porque nós, profissionais da Contabilidade, somos diretamente afetados pela crise, já que o empresário infelizmente ainda não tem a consciência da verdadeira importância da Contabilidade. Normalmente, quando ele entra numa crise e se encontra em dificuldade financeira, os cortes começam por essa parte. A recessão nos afeta diretamente à medida que a vida das empresas fica mais difícil, e o nosso profissional tem o perfil de ser um batalhador pelos interesses dos seus clientes. Em princípio, o ICMS não afeta em nada o serviço contábil, mas afeta a vida dos clientes para os quais nós prestamos serviços. Nossa preocupação também se dá com a perspectiva de futuro, porque, uma vez que o Estado admite que não consegue, mesmo com o aumento do ICMS, cobrir mais do que um terço do rombo que está previsto para 2016, os empresários começam a se segurar. E a atividade econômica não nos sinaliza com melhora.
Contabilidade - Tem algum segmento que sofre mais?
Palácios - A auditoria é um ramo da Contabilidade que sofre muitos efeitos da crise. A grande maioria das empresas do nosso Estado não tem auditoria por obrigação. Ele contrata porque acredita ser um diferencial, algo que vai qualificar a gestão, porque vai lhe dar mais segurança, mais respaldo nas ações. Mas, justamente por não ser algo imprescindível para a atividade-fim, é uma coisa que tende a ser cortada.
Contabilidade - Esse aumento de impostos pode levar a um crescimento, também, no número de fraudes?
Palácios - Eu não sei se isso vai ter um efeito. O cara que é fraudador vai fazê-lo com dinheiro ou sem. Isso está na cultura de cada um, na formação ética. A crise não pode ser usada como justificativa para o aumento de fraudes. Porém, evidentemente, tentando construir alguma coisa por esse viés que tu estás colocando, se a auditoria é uma forma de prever fraudes, e eu vou reduzir a auditoria, estou fragilizando minha empresa. Mas com auditoria ou sem, as fraudes acontecem.
Contabilidade - Você acredita que falta planejamento de longo prazo para o Estado?
Palácios - O problema do Rio Grande do Sul é decorrência de muitos governos anteriores. Além disso, todo governador sabe que vai entrar e não vai ser reeleito, por isso o governador se prepara para se sair bem em quatro anos. Alguns ainda fazem uma de bonzinho, como fez o último (Tarso Genro). Criam os aumentos e deixam para o outro pagar. Acredito que este governador está pagando o preço por essa transparência. O planejamento que o governo deve fazer é de longo prazo e projetar o futuro.
Contabilidade - O aumento do ICMS é um caso de mudança para salvar apenas um mandato?
Palácios - Isso é uma coisa errada que fizeram agora. Para conseguir o aumento da alíquota do ICMS, aprovaram por três anos. Assim, em 2019, quando entrar um novo governo, haverá outro problema e será preciso entrar com outro projeto para tentar resolver. Isso gera um desgaste, porque o Rio Grande do Sul não vai resolver seu problema até 2018. São 30, 40 anos de coisas erradas.
Contabilidade - E quanto à possível extinção de fundações para cortar gastos?
Palácios - Já deveria ter acontecido há muito tempo. É só pegar o balanço para ver que, a cada dia que essas fundações abrem as portas, é dinheiro que sai pelo ralo. Elas desenvolvem atividades que poderiam perfeitamente ser realizadas pela atividade privada.
Contabilidade - O benefício fiscal também é um ponto polêmico, pois, muitas vezes, o governo dá mais do que recebe após a instalação das empresas. Qual sua opinião sobre a extinção de alguns desses benefícios?
Palácios - Isso é profundamente lamentável, porque é essencial usá-lo para atrair investimentos que façam a economia crescer. Porém, infelizmente, neste momento, o Estado não tem mais condição de conceder esses benefícios. Isso é um custo que a iniciativa privada vai pagar injustamente e, consequentemente, a sociedade como um todo.
Contabilidade - Vocês chegaram a ter um espaço para sugerir soluções?
Palácios - Na primeira quinzena de janeiro, tivemos uma reunião com o governador José Ivo Sartori. Ele colocou que estava muito assustado com o que já tinha visto e não estava conseguindo enxergar condições de resolver isso apenas com os recursos do governo. Nós apresentamos para o governador como alternativa as Parcerias Público-Privadas (PPPs). Ele gostou da ideia e construiu, inclusive, uma comissão junto à Secretaria de Planejamento para organizar e fazer alguns projetos. Mas, politicamente, é difícil implantar isso, porque a esquerda vê a PPP como privatização, quando na verdade não é isso. A PPP é um negócio isolado, como se fosse um consórcio, no qual se divide responsabilidade.
Contabilidade - E que conselho o CRCRS daria hoje ao governador?
Palácios - Entendemos que o governador Sartori deve continuar o que está fazendo, por mais que isso custe um desgaste político. 
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