Da escola para o trabalho

A integração entre o estudo e a oportunidade direto de emprego tem mudado a vida de jovens meninos e meninas de Porto Alegre. Desde 2013, a Fundação O Pão dos Pobres e a ThyssenKrupp Elevadores promovem um curso gratuito de extensão de Eletromecânica em Elevadores. Até o momento, 30 estudantes foram capacitados e atuam profissionalmente na área, sendo que 13 foram contratados pela ThyssenKrupp.

A oportunidade de ingressar no mercado de trabalho é o diferencial do curso, que vem quebrando também paradigmas. Das pessoas capacitadas, cinco são mulheres, revelando assim que é possível criar oportunidades para a inclusão do gênero masculino em uma área que tradicionalmente era ocupada somente por homens.

Ao longo do tempo, a metodologia foi sendo aperfeiçoada levando em conta a realidade dos alunos, como conta Edison Moraes, professor do curso. "No início, eu pensava que se mudasse a vida de um deles já estaria feliz. Hoje, podemos constatar que plantamos sementes do bem e estamos ajudando a transformar a vida desses meninos e meninas", destaca.

Anderson Vieira dos Santos é um bom exemplo. Hoje com 23 anos, ele integrou o grupo da 1ª turma do curso de 2013 e desde então sua vida mudou. "Antes de terminar o curso eu já recebi um convite para trabalhar na ThyssenKrupp Elevadores, onde estou até hoje. Foi meu primeiro emprego na área que eu escolhi para atuar e agora estou estudando para prestar o vestibular". A oportunidade de ingressar no mercado de trabalho abriu portas e para quem quer começar a trilhar este caminho, ele dá um conselho: "é importante saber o que quer, ter um norte para não desperdiçar as oportunidades e, por outro lado, não tirar a vaga de outra pessoa."

Aos 18 anos, Joseandro Araújo Rodrigues, sintetiza bem essa questão. Ele é um dos formandos da turma deste ano e agora quer se aperfeiçoar na área elétrica para aprender ainda mais sobre o universo do elevador. "Como diz o professor Moraes, o elevador entra no sangue e não sai mais", afirma ele, ao falar sobre como o curso abriu seus olhos para novos interesses. Para ele, o curso foi importante em vários aspectos. "Aprendi não só sobre a área técnica, mas também sobre outros aspectos importantes que um profissional deve ter na área comportamental, por exemplo, que vou levar comigo."

O processo de seleção para o curso é bem disputado. Por ano, são mais de 50 candidatos para as dez vagas oferecidas. Para conquistar uma delas, os jovens precisam preencher alguns pré-requisitos e passam por testes teóricos e práticos. Este ano, 11 jovens realizaram o curso que tem duração de seis meses. A grade prevê aulas teóricas e práticas, a partir de dois elevadores-escola instalados na Fundação, doados pela empresa. Todos os alunos recebem uma bolsa-auxílio durante o curso para se dedicarem às aulas.

Para o Vice-presidente de Serviços da ThyssenKrupp Elevadores, Paulo Manfroi, a iniciativa consegue alinhar os objetivos da instituição, dos alunos, da empresa e da sociedade. "Todos saem ganhando, pois estamos criando oportunidades para a formação de profissionais qualificados que atendem às necessidades do mercado de trabalho e ao mesmo tempo formando cidadãos que terão condições no futuro de colaborar com os propósitos da própria instituição. Cria-se, assim, um círculo virtuoso que só faz bem para a sociedade."

O gerente socioeducativo da Fundação, João Rocha, avalia que a parceria que une uma empresa sólida no mercado com uma instituição com expertise em profissionalizar jovens em situação de risco social é de fundamental importância para a sociedade. "A transformação de vida desses jovens se dá na perspectiva de construção de sonhos e possibilita que esses sonhos sejam alcançados. A concretude do sonho se dá na capacitação profissional e na potencialização de um emprego. Juntos, estamos transformando vidas, construindo recomeços, transformando jovens sem perspectiva em cidadãos com dignidade", afirma.