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Empresas & Negócios

- Publicada em 13 de Outubro de 2015 às 16:28

Separada da BM&FBovespa, BBM quer se reinventar

 FOTOS DA ENTREVISTA COM PRESIDENTE DA BBM    NA FOTO: GIULIANO FERRONATO

FOTOS DA ENTREVISTA COM PRESIDENTE DA BBM NA FOTO: GIULIANO FERRONATO


JONATHAN HECKLER/JC
Rafael Vigna
No início do ano, a Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM) encerrou o processo de desvinculação da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa). Desde então, um novo formato de administração e atuação nacional descentralizada tem norteado as atividades da empresa, que nasceu em 2002 após a associação de diversas centrais regionais. A fusão de 12 anos chegou ao fim em razão de mudanças no mercado. Após uma série de alterações estatutárias, a BBM, com sede em São Paulo e filiais em Porto Alegre, Curitiba, Uberlândia, e escritório de representação no Rio de Janeiro, elegeu um novo Conselho de Administração para o mandato 2015-2017. Composta por 175 corretoras que atuam no mercado agropecuário, a BBM é uma associação civil sem fins lucrativos. Além dos leilões da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), a bolsa realiza leilões eletrônicos, faz registro de negócios e dispõe de plataformas de pregão eletrônico para licitações públicas e privadas.
No início do ano, a Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM) encerrou o processo de desvinculação da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa). Desde então, um novo formato de administração e atuação nacional descentralizada tem norteado as atividades da empresa, que nasceu em 2002 após a associação de diversas centrais regionais. A fusão de 12 anos chegou ao fim em razão de mudanças no mercado. Após uma série de alterações estatutárias, a BBM, com sede em São Paulo e filiais em Porto Alegre, Curitiba, Uberlândia, e escritório de representação no Rio de Janeiro, elegeu um novo Conselho de Administração para o mandato 2015-2017. Composta por 175 corretoras que atuam no mercado agropecuário, a BBM é uma associação civil sem fins lucrativos. Além dos leilões da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), a bolsa realiza leilões eletrônicos, faz registro de negócios e dispõe de plataformas de pregão eletrônico para licitações públicas e privadas.
Agora, o novo presidente, o gaúcho Giuliano Ferronato, dá a largada para consolidar a atual estrutura. Natural de Farroupilha, o diretor da Corretora Mercado, de Porto Alegre, traça os desafios para reinventar o negócio. Por isso, Ferronato aposta no surgimento de alternativas de comercialização capazes de reduzir a dependência dos leilões da Conab. O primeiro passo foi dado em setembro, com o lançamento do programa Arroz na Bolsa - uma parceria com o Irga, o banco e a corretora Banrisul, a Federarroz e a Emater, que consiste na realização de leilões de arroz em âmbito nacional.
JC Empresas & Negócios - Em 12 anos de BM&FBovespa, a possibilidade de entrega física em bolsa foi praticamente extinta. Por isso, além da questão estatutária, é preciso rever o negócio. Quais são as alternativas para isso?
Giuliano Ferronato - De fato, hoje, não só a BBM, mas também as bolsas menores, são muito dependentes da Conab, e, atualmente, os estoques estão zerados. Mesmo que a Conab resolvesse fazer uma intervenção no mercado de compra para regular preço, por exemplo, via contrato de opções ou Pepro (com subsídio), todos os produtos agrícolas estão cotados acima de seus preços mínimos. O governo não tem mais caixa para subvencionar. Das operações realizadas pela Conab, seja em compra ou venda, a BBM possui 60% de participação. Esse cenário determina que muitas bolsas menores - que só operam Conab - estejam com os dias praticamente contados. Por outro lado, a BBM tem um leque que vai além da Conab. Operamos em licitações públicas ou privadas, temos a plataforma Sinap (Sistema de Informações em Negócios de Algodão em Pluma), que faz os registros de 98% do algodão colhido no País. Há uma câmara arbitral e os leilões privados. Temos o desafio de implantar o plano estratégico para ampliar o crescimento da instituição em todos os níveis, divulgar o nosso sistema de licitações eletrônicas e fortalecer a nossa câmara arbitral. A meta é incentivar corretores e clientes a se registrarem na nossa plataforma. Atualmente as corretoras fazem negócios, mas não criam o banco de dados. Exemplo disso é o leilão de arroz, que envolve Banrisul, Emater, Federarroz e o Irga.
Empresas & Negócios - Como funciona o sistema?
Ferronato - Funciona da seguinte maneira: o Irga e a Federarroz vão captar as ofertas no Interior do Estado. Isso porque o produtor que atua no mercado de Uruguaiana, por exemplo, acaba ficando restrito à formação de preços e à entrega apenas dentro da própria região. Nesse sistema, a Emater irá classificar o produto, o Banrisul oferecerá financiamento para as indústrias - há uma linha específica para isso - e a BBM fará a divulgação e a comercialização eletrônica. Ou seja, o produtor de Uruguaina terá o seu produto oferecido em todo o País. A BBM é a única que possui essa abrangência nacional - o que tende a se tornar um grande diferencial para a comercialização. Nosso sistema de pregão eletrônico ainda abrange 320 prefeituras de todo o País. A ideia é oferecer o mesmo modelo para milho e trigo. No Paraná, também planejamos realizar leilões com as melhores ofertas para os fretes. São mecanismos que antes, em razão da BM&FBovespa, não conseguíamos levar adiante. Ficávamos engessados. Agora, há mais liberdade e flexibilidade para criar. Estamos oxigenando o negócio BBM.
Empresas & Negócios - Por que a BM&FBovespa atrapalhava esse tipo de iniciativa?
Ferronato - Há 12 anos, as bolsas de mercadorias regionais - cada estado tinha uma bolsa - buscavam atuar no mercado futuro. Naquela ocasião, BM&FBovespa também queria atuar no mercado físico. Na época, recebemos a proposta para que as bolsas menores formassem uma única bolsa de mercadorias, nos mesmos parâmetros da própria BM&FBovespa. Entraríamos com o capital dessas bolsas e compraríamos títulos de uma nova bolsa e ela, por sua vez, teria capital social para dar andamento nos projetos. Em contrapartida, haveria o capital da BM&FBovespa. Criou-se então a BBM. A instituidora era a BM&FBovespa, detentora de 51% do capital social. Os outros 49% eram dos corretores da BBM. Quem indicava direção e conselheiros, entretanto, era sempre a BM&FBovespa. No entanto, nós, os corretores, só ficamos sabendo, depois do contrato assinado, que não poderíamos operar no mercado futuro, pois isso seria feito por outra corretora filiada a BM&FBovespa. Por outro lado, de certa forma, a BBM também cresceu por um período. Até porque nós tínhamos o sobrenome BM&FBovespa. Mas, com o passar dos anos, muitas coisas que eram desenvolvidas pelos corretores da BBM, no mercado físico, não tinham continuidade, pois batiam de frente com as políticas operacionais. Os projetos não chegavam à sua plenitude e, por conseqüência, o mercado não era desenvolvido. Algumas coisas boas, como as CPRs (Cédulas de Produto Rural), criadas pela BBM, foram incorporada no negócio BM&FBovespa, mas a BBM ficou de fora.
Empresas & Negócios - Foi esse o motivador da separação?
Ferronato - Na verdade, isso partiu da BM&FBovespa. Eles nos fizeram uma proposta. Ou comprávamos os 405 títulos do capital social (a BM&FBovespa detinha 203 e a BBM 202 títulos), ou eles iriam adquirir a nossa parte. Se isso não ocorresse, teríamos que dissolver a bolsa. O valor patrimonial era baixo, algo próximo a R$ 90 mil. Para a BM&FBovespa era irrisório. Houve um tempo de decisão e se estipulou um prazo. Ou seja, no dia 31 de dezembro de 2014 não poderia mais haver a rubrica BBM dentro do balanço da BM&FBovespa. No final, eles acabaram nos entregando os títulos. Nos deram o ativo e o passivo. Mas, para quem teria de comprar, ganhar é muito melhor. É claro que há bônus e ônus. Em janeiro, de posse dos outros 203 títulos, começamos a colocar a casa em ordem. Apesar da separação, tivemos todo auxílio na transição. Eles designaram responsáveis técnicos para cada uma das questões. Um exemplo disso ocorreu com a nossa plataforma de licitações que antes estava na BM&FBovespa e hoje está em nuvem. Depois desse processo de migração apertamos as mãos e, possivelmente, tenhamos algo em conjunto no futuro, mas apenas em parceria.
Empresas & Negócios - E quanto às antigas regionais?
Ferronato - Realizamos um enxugamento nas deficitárias e fechamos as unidades físicas. Antes tínhamos nove centrais regionais, e agora permanecem apenas quatro. Em São Paulo, além da matriz, havia uma filial, as duas foram incorporadas. Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Ceará também foram fechadas. Não há mais escritório em Fortaleza, por exemplo. Mas os corretores continuam ligados à BBM e operam virtualmente.
Empresas & Negócios - Não é possível fugir da Conab, mas é possível diversificar?
Ferronato - Na realidade, o produto agrícola é o mesmo. A Conab fará exatamente isso, mas com o mercado a balcão. Não vamos criar a roda, mas podemos fazê-la girar de maneira diferente, mais adequada aos tempos atuais. Hoje, a BBM conta com 175 corretores espalhados por todo o território nacional, mas a maior participação é de Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Em sete anos, 60% de tudo que passou pela Conab foi feito na BBM. O carro-chefe é a Conab. Entretanto, se analisarmos o período entre 2001 e 2008, quando começaram os contratos de opções, essa participação era muito maior. Hoje, estamos vendo outras formas de negociação. Se tivermos que esperar pela Conab, em três anos, no máximo, não haverá mais bolsas de mercadorias no Brasil.
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