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Empresas & Negócios

- Publicada em 05 de Outubro de 2015 às 16:56

Atrair empresas para cabotagem é meta da Aliança

Para o executivo, companhias de pequeno e médio portes podem diversificar o transporte pelos portos brasileiros

Para o executivo, companhias de pequeno e médio portes podem diversificar o transporte pelos portos brasileiros


ALIANÇA NAVEGAÇÃO/ DIVULGAÇÃO/JC
Jefferson Klein
Com uma costa de mais de 7,3 mil quilômetros de extensão, seria natural supor que o Brasil já tivesse consolidado o transporte de cargas por cabotagem. No entanto, o diretor-superintendente da Aliança Navegação e Logística, empresa do grupo alemão Hamburg Süd, Julian Thomas, sustenta que ainda há potencial para expandir essa prática. Em meio à crise econômica, o executivo não acredita na retração do setor em 2015. No ano passado, a companhia movimentou aproximadamente 429 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) pela cabotagem nacional. De acordo com a Aliança, o número significa quase a metade do total do mercado. Uma forma para aumentar e diversificar o transporte pelos portos brasileiros, defende Thomas, é alcançando as companhias de pequeno e médio portes do País, atraindo-as para esse modal.
Com uma costa de mais de 7,3 mil quilômetros de extensão, seria natural supor que o Brasil já tivesse consolidado o transporte de cargas por cabotagem. No entanto, o diretor-superintendente da Aliança Navegação e Logística, empresa do grupo alemão Hamburg Süd, Julian Thomas, sustenta que ainda há potencial para expandir essa prática. Em meio à crise econômica, o executivo não acredita na retração do setor em 2015. No ano passado, a companhia movimentou aproximadamente 429 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) pela cabotagem nacional. De acordo com a Aliança, o número significa quase a metade do total do mercado. Uma forma para aumentar e diversificar o transporte pelos portos brasileiros, defende Thomas, é alcançando as companhias de pequeno e médio portes do País, atraindo-as para esse modal.
JC Empresas & Negócios -
Qual é a sua análise sobre o atual mercado brasileiro de cabotagem?
Julian Thomas - Eu diria que a crise, como sempre, traz oportunidades. Estamos vendo muitos clientes que antes não cogitavam usar a cabotagem, que estavam receosos de utilizar um modal novo, e agora, devido ao potencial de redução de custos, estão apostando na alternativa. Acho que é um momento bastante propício para a cabotagem atrair novos clientes e quebrar paradigmas. Porque, na crise, todo mundo está vendo onde cortar custos; e na logística, envolvendo distâncias maiores, a cabotagem oferece uma opção bem interessante.
Empresas & Negócios - O senhor acredita que é viável atrair novos segmentos para a cabotagem?
Thomas - Sempre é possível alcançar novos setores. O que estamos procurando fazer é atrair empresas de pequeno e médio porte, porque a maior parte das maiores companhias já aproveita a cabotagem como parte do seu planejamento logístico. O grande potencial está, justamente, nas empresas um pouco menores, que têm preferido hoje o transporte rodoviário.
Empresas & Negócios - Quais são as principais cargas movimentadas pela cabotagem atualmente?
Thomas - Tem de tudo. A partir de Rio Grande, por exemplo, há muito arroz, que foi a primeira carga que se aventurou na cabotagem lá, há 15 anos. Também têm alimentos, produtos de beleza, tudo que as cidades do Norte e Nordeste precisam e é produzido no Sul. Depois, no sentido Sul, descem motos e eletroeletrônicos de Manaus, e alguns alimentos.
Empresas & Negócios - Quais são os principais destinos?
Thomas - A cabotagem é realmente competitiva quando a distância a ser percorrida é mais de mil quilômetros e com cargas concentradas na costa, a um raio de 120 quilômetros de um porto. Então, os maiores mercados são Rio Grande, Itapoá, Santos, Salvador, Suape (Complexo Industrial Portuário de Pernambuco), Fortaleza, Belém e Manaus.
Empresas & Negócios - Qual a projeção quanto à movimentação de cargas por cabotagem para este ano?
Thomas - A Aliança projeta um crescimento entre 5% a 10%.
Empresas & Negócios - Qual a sua avaliação quanto à infraestrutura dos portos do Brasil?
Thomas - A infraestrutura, sobretudo no Nordeste, precisa ter uma expansão de capacidade. Porém, onde há um grande potencial para melhorar a cabotagem é na parte da burocracia, que eu prefiro chamar de "burrocracia". A cabotagem tem que apresentar uma série de documentos, que precisam acompanhar as mercadorias movimentadas, que não são requeridos quando se transporta uma carga pelo modal rodoviário. Por exemplo: a carga de cabotagem precisa ser cadastrada no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), o que não faz muito sentido, por ser uma carga nacional. É um ônus, que aumenta os custos e as dificuldades.
Empresas & Negócios - Como está a operação envolvendo a grande cabotagem (que engloba também a navegação entre o Brasil e os países vizinhos: Uruguai e Argentina)?
Thomas - Nosso serviço abrange a grande cabotagem também. Na verdade, a gente cobre direta ou indiretamente de Ushuaia, na Argentina, a Manaus, no Amazonas. O Mercosul é uma parte essencial do serviço. Mas todos os países estão sofrendo com a crise no momento.
Empresas & Negócios - A legislação que rege a cabotagem no Brasil é satisfatória?
Thomas - O marco regulatório é bom, o que precisa melhorar é a parte da burocracia. Um importante pleito da cabotagem é a questão da isonomia do preço entre o combustível do transporte rodoviário e o do marítimo. O marítimo paga um preço internacional, em dólar, mais os impostos. E o rodoviário continua tendo o óleo diesel subsidiado, menos do que no passado, mas continua subsidiado. Esse é um dos assuntos que têm que ser tratados para tornar a cabotagem ainda mais competitiva.
Empresas & Negócios - O ideal seria diminuir a carga tributária sobre o combustível do setor de navegação?
Thomas - Seria uma fórmula. Contudo, há várias soluções possíveis. O importante é haver uma isonomia dos preços.
Empresas & Negócios - Como está a oferta na mão de obra no segmento?
Thomas - Esse é outro problema. A Marinha forma oficiais e tripulantes, porém a demanda está muito grande. É uma dificuldade estrutural que terá que ser pensada em longo prazo.
Empresas & Negócios - A Aliança Navegação e Logística é uma empresa inserida na realidade brasileira. Entretanto, o seu controlador é europeu. Como o grupo alemão Hamburg Süd está vendo o atual cenário político-econômico do País?
Thomas - O grupo Hamburg Süd está no Brasil desde 1871. Então, já viu muito, muitos altos e baixos, e acredita no Brasil. Inclusive, a companhia foi fundada para servir ao transporte de cargas e passageiros entre o País e a Alemanha. Ou seja, o Brasil está no DNA da empresa. A gente agora está vivendo um desses períodos mais difíceis, mas o pessoal sabe que virão tempos melhores de novo. Não me pergunte quando, mas que virão, virão.
Empresas & Negócios - Como foi o processo de renovação de frota da Aliança iniciado há cerca de três anos?
Thomas - Primeiramente, queríamos construir (as embarcações) no Brasil. Estávamos com uma frota bem antiga atuando na cabotagem e necessitávamos renovar. Tivemos negociações com estaleiros nacionais, porém, no final, eles não iriam conseguir construir os navios do tipo que a gente queria e no tempo que precisava. Por isso, fomos forçados a procurar uma solução importando navios. Fizemos uma encomenda de quatro navios, com capacidade de 3,8 mil TEUs cada, e complementamos depois com mais duas embarcações para 4,8 mil TEUs. Esses navios rejuvenesceram a frota e já estão integrados no serviço principal entre Rio Grande e Manaus.
Empresas & Negócios - Qual foi o investimento nesses seis navios?
Thomas - No total, foi aproximadamente R$ 700 milhões.
Empresas & Negócios - Quantos navios compõem a frota da Aliança hoje para fazer a cabotagem em águas brasileiras?
Thomas - Temos 11 navios para contêineres, que fazem cabotagem e grande cabotagem, e uma embarcação multipropósito, que está dedicada à movimentação de carga de projeto, como transformadores de energia e pás eólicas. Esse é um negócio muito interessante, porque o Brasil está investindo pesado na energia eólica e existe uma demanda forte para o transporte dessas pás, que antes era feito, principalmente, pelas rodovias.
Empresas & Negócios - A empresa pensa em ter mais um navio multipropósito para trabalhar com as cargas especiais?
Thomas - Hoje, (a operação) está com um escopo adequado. Mas, caso a demanda reaja, nós reavaliaremos.
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