O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, realizou ontem uma visita-surpresa a Israel e Palestina, em uma iniciativa que busca colaborar para o fim da onda de violência que já dura um mês na região. Ban se reuniu com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, na Cisjordânia, e com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e com o presidente de Israel, Reuven Rivlin, em Jerusalém.
Antes da visita, o secretário-geral da ONU divulgou uma mensagem pedindo calma aos dois lados. "Já chega. Deixemos de hipotecar o futuro de ambos os povos e da região", declarou ele em mensagem de vídeo gravada em Bratislava, onde participou de ato em comemoração ao 70º aniversário das Nações Unidas.
Ban afirmou entender as frustrações palestinas, mas que a violência apenas prejudicaria suas aspirações legítimas. "Eu não estou pedindo que sejam passivos, mas vocês devem entregar as armas do desespero", disse ele aos palestinos. Falando aos israelenses, Ban garantiu que compreendia seus temores diante da piora na segurança, mas disse não haver solução militar possível para uma paz sustentável.
A visita ocorre após um mês de distúrbios. A crise começou por causa de uma área de Jerusalém considerada sagrada tanto por muçulmanos como por judeus, disseminando-se para bairros árabes em Jerusalém Oriental e depois para Cisjordânia, Faixa de Gaza e Israel.
Novos episódios de violência ocorreram ontem. Na Cisjordânia, um palestino de 24 anos foi morto a tiros por forças israelenses, após esfaquear um militar de Israel. Em outro caso, um israelense foi morto depois de ser atropelado, durante um confronto com israelenses.
Ao longo do último mês, nove israelenses foram mortos em ataques palestinos, a maioria com facadas. No mesmo período, 42 palestinos foram mortos por fogo israelense, incluindo 21 identificados como agressores e os demais em confrontos com tropas de Israel. Um imigrante da Eritreia morreu após ser agredido por ser confundido com um agressor palestino.