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Opinião

- Publicada em 29 de Setembro de 2015 às 16:25

Um País em cima do nada

Jornalistas brasileiros enviados para cobrir um evento esportivo nos Emirados Árabes contaram um fato interessante. Ao descer para a rua em frente ao hotel em que estavam hospedados, depararam-se com uma joalheria. Chamou a atenção dos repórteres o fato de todos estarem expostos sem os vidros de proteção e sem nenhum segurança. Os repórteres perguntaram ao gerente se nunca houve um roubo. "Sim. Houve, sim. Uma vez", respondeu o gerente, sereno. "Mas aí o Xeique mandou cortar a mão do ladrão. E, desde então, nunca mais tivemos qualquer tipo de problema." Estou convencido de que a obediência é um dos pilares que conduz uma nação a um estado de bem comum. Ela ensina a noção da individualidade e do coletivo ao mesmo tempo, cria o valor da propriedade e promove, talvez mais do que tudo, a percepção de igualdade entre as pessoas. Mas a obediência ou não às regras depende de um fator fundamental: a certeza da punição. No Brasil, não há essa certeza. Porque, onde não há um pacto social, as regras mais elementares não são cumpridas. Porque se sabe que nada vai acontecer se infringirmos as regras. Desde o papel jogado no chão, do lugar roubado na fila, da mentira para a professora, do xixi em via pública até os recentes escândalos do petrolão, há uma grande sensação de que nada vai acontecer. Isso viabiliza, na consciência popular, que tudo é permitido. Infringir uma regra não é imoral. Não é errado. Então, se não vai dar nada, eu posso tudo. E, assim, construímos um País, década após década, em cima deste nada.
Jornalistas brasileiros enviados para cobrir um evento esportivo nos Emirados Árabes contaram um fato interessante. Ao descer para a rua em frente ao hotel em que estavam hospedados, depararam-se com uma joalheria. Chamou a atenção dos repórteres o fato de todos estarem expostos sem os vidros de proteção e sem nenhum segurança. Os repórteres perguntaram ao gerente se nunca houve um roubo. "Sim. Houve, sim. Uma vez", respondeu o gerente, sereno. "Mas aí o Xeique mandou cortar a mão do ladrão. E, desde então, nunca mais tivemos qualquer tipo de problema." Estou convencido de que a obediência é um dos pilares que conduz uma nação a um estado de bem comum. Ela ensina a noção da individualidade e do coletivo ao mesmo tempo, cria o valor da propriedade e promove, talvez mais do que tudo, a percepção de igualdade entre as pessoas. Mas a obediência ou não às regras depende de um fator fundamental: a certeza da punição. No Brasil, não há essa certeza. Porque, onde não há um pacto social, as regras mais elementares não são cumpridas. Porque se sabe que nada vai acontecer se infringirmos as regras. Desde o papel jogado no chão, do lugar roubado na fila, da mentira para a professora, do xixi em via pública até os recentes escândalos do petrolão, há uma grande sensação de que nada vai acontecer. Isso viabiliza, na consciência popular, que tudo é permitido. Infringir uma regra não é imoral. Não é errado. Então, se não vai dar nada, eu posso tudo. E, assim, construímos um País, década após década, em cima deste nada.
Leis não faltam. Nos últimos 20 anos, o Brasil ganhou 3,6 milhões de normas editadas (766 normas por dia útil), segundo a Casa Civil. Portanto, um projeto de nação que não inclua uma rediscussão séria das aplicabilidades das leis civis e penais brasileiras tem pouca chance de modificar a maneira como nos comportamos. Essa conversa permeia a família, a escola, os vizinhos, a empresa e todas as instâncias das instituições. Punir não por maldade. Porque é o que diz a regra. E assim, construirmos um País onde o "não dá nada" passa a dar multa e cadeia. Afinal, meter a mão nesse assunto é melhor do que meter a mão na espada do Xeique.
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