Encontro teve oficinas da Caixa Econômica Federal e do Sebrae

Empreendedorismo negro gaúcho é pauta de seminário em Porto Alegre

Encontro teve oficinas da Caixa Econômica Federal e do Sebrae

Lucilene Athaide
Lucilene Athaide
“O negro gaúcho tem potencial, sabe investir e quer se ver.” Esta foi a constatação do coordenador nacional do projeto Brasil AfroEmpreendedor, Adilton Paula, 52 anos, durante o seminário que ocorreu na última quarta-feira (23) na Associação Satélite Prontidão, em Porto Alegre. A iniciativa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS) em conjunto com o Instituto Adolpho Bauer, de Curitiba, e com o Coletivo de Empresários e Empreendedores Negros (Ceabra), de São Paulo, existe desde 2013 e já passou por 11 estados brasileiros com o objetivo de fomentar negócios criados por negros e negras. De acordo com Paula, apenas no Rio Grande do Sul existem cerca de 200 mil empresas lideradas por negros.
O seminário do Brasil AfroEmpreendedor visa mostrar aos negros que é possível sair da informalidade e conquistar espaços predominantemente brancos no mundo do empreendedorismo. Há no País pelo menos 22 milhões de micro e pequenas empresas, sendo que 50% delas são lideradas por negros. “É preciso esclarecer que a informalidade não é benéfica. Muitas pessoas abrem o negócio, têm ideias boas, mas não sabem como profissionalizar.”
Dados divulgados pelo projeto mostram que no Brasil cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) é originário destas pequenas empresas informais. Visando ajudar quem não sabe ao certo como proceder na busca pela profissionalização, o projeto ofereceu oficinas sobre acesso aos crédito com a Caixa Econômica Federal e uma consultoria gratuita do Sebrae. O coordenador nacional explicou, ainda, que as oficinas são um modo de levar capacitação e conhecimento aos participantes. “Com informação, o negro mostra que pode dar certo não apenas no futebol e na música. Temos capacidade de empreender com qualidade.”
Para o futuro do projeto está sendo criada a Rede Brasil de AfroEmpreendedores, uma associação de negócios para que os empreendedores possam comprar juntos suas matérias-primas. O objetivo é baratear os custos para quem vive do pequeno negócio. “A meta é chegar a um milhão de associados em cinco anos”, explica Paula.

Participantes aprovam iniciativa

A empresária Alyne Jobim, 31, participou do encontro no Satélite Prontidão e aprovou a ideia. Idealizadora de uma empresa que presta consultoria em acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência, ela conta que o projeto mostra que a profissionalização é uma aliada importante aos sucesso dos negócios. “Tenho minha empresa há cerca de um ano e aqui encontrei pessoas como eu, lutando para seu negócio dar certo.”
Para a secretária adjunta do Povo Negro de Porto Alegre, Elisete Moretto, a oportunidade serve para que as pessoas possam se enxergar. “O negro tem muitos pequenos negócios e não aparece. Estes seminários abrem um leque de oportunidades a estas pessoas. Hoje elas saberão como buscar recursos e ainda podem trocar experiências com outros empreendedores que já tem seus trabalhos consolidados no mercado”, explica a secretária.