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Publicada em 30 de Setembro de 2015 às 19:28

Dívidas afetam concessionárias de aeroportos

Administradora do aeroporto de Brasília recebeu centenas de cobranças de credores no final de 2014

Administradora do aeroporto de Brasília recebeu centenas de cobranças de credores no final de 2014

ANEAA/DIVULGAÇÃO/JC
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Agências
A crise das grandes construtoras brasileiras chegou ao caixa dos aeroportos privados. As concessionárias que administram Viracopos (SP), Brasília (DF) e São Gonçalo do Amarante (RN) deixaram de pagar alguns dos fornecedores e acumulam pendências comerciais ou bancárias, dívidas vencidas e títulos protestados pelos credores, de acordo com dados da Serasa.
A crise das grandes construtoras brasileiras chegou ao caixa dos aeroportos privados. As concessionárias que administram Viracopos (SP), Brasília (DF) e São Gonçalo do Amarante (RN) deixaram de pagar alguns dos fornecedores e acumulam pendências comerciais ou bancárias, dívidas vencidas e títulos protestados pelos credores, de acordo com dados da Serasa.
A situação das concessionárias reflete os problemas de liquidez de seus controladores. A Aeroportos Brasil Viracopos tem como uma das acionistas a UTC Participações, dona da UTC Engenharia, uma das principais empresas investigadas na Operação Lava Jato. Só em setembro, o aeroporto recebeu 119 protestos de títulos e acumula pendências comerciais com empresas de engenharia e locação de equipamentos para construção civil, por exemplo.
Apenas neste mês, a UTC Engenharia teve 343 títulos protestados, e outra empresa do grupo, a Constran, responsável por obras de Viracopos, tem outros 361 protestos de credores.
A própria concessionária admitiu, no início do mês, em comunicado, que a "redução do fluxo de recursos" em 2015 levou ao atraso na obra do novo terminal de Viracopos, que deveria estar pronto para a Copa do Mundo.
Em nota, a administradora afirmou que recebeu um aporte de seus acionistas nesta semana e que poderá concluir a obra do novo terminal. A companhia estima que terá R$ 115 milhões disponíveis até o fim do ano para o investimento, valor que inclui o aporte dos acionistas, a geração de caixa, crédito privado e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) e que garante ser suficiente.
"Após vencer um momento de turbulência por conta da situação de liquidez da economia, Viracopos vem quitando as dívidas com fornecedores e é uma empresa saudável economicamente", afirmou a empresa.
A Inframerica, que administra os aeroportos de Brasília e de São Gonçalo do Amarante, recebeu centenas de cobranças de credores no segundo semestre do ano passado. As cobranças continuam neste ano, mas em ritmo menor. Segundo dados da Serasa, há 82 protestos de títulos em agosto, referentes a contratos comerciais em São Gonçalo do Amarante, e outros 26 entre março e agosto, dos credores de Brasília.
A Inframerica informou que "está em contato com seus fornecedores, e todas as obrigações destas relações comerciais estão negociadas". "Até o final de 2015, as pendências remanescentes em ambos os aeroportos serão quitadas; e os protestos, baixados", afirmou. A empresa tinha entre os acionistas-fundadores o grupo Engevix, que é alvo da Lava Jato. A Engevix anunciou, em maio, a venda de sua fatia na Inframerica para seu ex-sócio, o grupo argentino Corporación América.

UTC quer vender parte em Viracopos

Em meio à crise, o grupo UTC tenta vender sua participação de 45% na empresa que é dona de 51% de Viracopos (os outros 49% são da Infraero), processo conduzido pelos bancos credores da companhia. A Triunfo Participações, que detém outros 45% da concessionária, tem interesse de exercer o direito de preferência pela parte da UTC, segundo fontes do mercado. A empresa, no entanto, aguarda as condições oferecidas pelos bancos credores da UTC.
Alavancada, a Triunfo começou a se desfazer de ativos para reduzir sua dívida a empresa vendeu, em agosto, duas usinas hidrelétricas por R$ 1,75 bilhão. Na época, informou que o dinheiro seria destinado para reduzir o endividamento da companhia de 4,5 vezes o Ebitda para cerca de 3 vezes.
A estratégia, segundo fontes, seria focar negócios mais rentáveis, como Viracopos. "Eles (Triunfo) podem exercer o direito de preferência, mas poderão buscar sócios futuros", disse uma fonte de mercado. Procuradas, UTC e Triunfo não comentaram.
A Anac disse que "não tem ingerência" sobre relação entre as concessionárias e fornecedores, mas esclareceu que há situações previstas em contrato para a retirada da concessão. A Secretaria de Aviação Civil informou que as cláusulas podem ser acionadas em caso de "relevante interesse público e/ou o descumprimento de obrigações contratuais que possam ter grave impacto negativo na prestação de serviço".

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