Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Consumo

- Publicada em 23 de Setembro de 2015 às 16:41

Finanças pessoais passam a ser prioridade em épocas de incertezas

 CAPA DO CADERNO JC CONTABILIDADE.  TESOURA CORTANDO GASTOS (DINHEIRO).

CAPA DO CADERNO JC CONTABILIDADE. TESOURA CORTANDO GASTOS (DINHEIRO).


JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
O temor da deterioração nas perspectivas sobre o desemprego cresce entre os brasileiros. O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), divulgado no início deste mês pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), registrou uma piora de 2,1% no mês neste indicador, e de 12,5% em relação ao mesmo mês de 2014. O índice de endividamento recuou 1,8% em setembro e também chegou ao menor nível da série histórica, estando 12,4% abaixo do verificado há um ano. Nesse cenário, as expectativas de compras de bens de maior valor caiu 0,3% ante agosto, acumulando piora de 1,7% com relação a setembro do ano passado. A CNI entrevistou 2.002 pessoas em 142 municípios entre os dias 18 e 21 do mês passado.
O temor da deterioração nas perspectivas sobre o desemprego cresce entre os brasileiros. O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), divulgado no início deste mês pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), registrou uma piora de 2,1% no mês neste indicador, e de 12,5% em relação ao mesmo mês de 2014. O índice de endividamento recuou 1,8% em setembro e também chegou ao menor nível da série histórica, estando 12,4% abaixo do verificado há um ano. Nesse cenário, as expectativas de compras de bens de maior valor caiu 0,3% ante agosto, acumulando piora de 1,7% com relação a setembro do ano passado. A CNI entrevistou 2.002 pessoas em 142 municípios entre os dias 18 e 21 do mês passado.
Com o aumento da taxa dedesemprego, que chegou a 8,6% no trimestre encerrado em julho, e a possibilidade de uma recessão prolongada no País, crescem as dúvidas de como se organizar financeiramente após uma demissão. A primeira providência a ser tomada, caso fique sem um emprego fixo, é olhar atentamente para as despesas da casa, orientam especialistas em finanças pessoais.
O cálculo deve incluir até mesmo os gastos pequenos para chegar a um diagnóstico preciso da situação atual. Após o levantamento, o indicado é limar tudo o que não for essencial, mantendo na lista somente despesas com moradia, saúde, alimentação, transporte e educação.
"A estratégia principal é ter clareza do quanto será necessário para assegurar um nível mínimo de bem-estar da família nos meses seguintes", diz Elisson de Andrade, professor de finanças pessoais. No caso das despesas fixas, também é preciso checar se há espaço para economia. Muitas vezes é possível reduzir contas de água, luz e gás. É importante cortar alimentação fora de casa e, no supermercado, avaliar a escolha de marcas mais baratas.
Com o valor necessário para manter a casa mensalmente, é a hora de calcular as receitas. Verifique o quanto tem a receber de rescisão do empregador, o saldo que poderá ser sacado do fundo de garantia e se terá direito ao seguro-desemprego. Depois, some os valores a eventuais reservas, como aplicações.
A partir daí, calcule quantos meses estarão cobertos com os recursos disponíveis. O ideal é ter uma folga de ao menos seis meses, de acordo com especialistas. Não é indicado deixar o dinheiro parado na conta-corrente, mesmo sabendo que necessitará dele em breve. O melhor é aplicar os recursos para que rendam e não haja perda do poder de compra. A inflação em 12 meses até agosto ficou em 9,53%. "As aplicações devem permitir a retirada imediata. Há fundos em que se pode aplicar hoje e retirar até mesmo no dia seguinte. Não se ganha toda a remuneração, mas algo irá render", orienta Carlos Barbosa, coordenador do curso de administração da ESPM.
Se tiver dívidas, não corra para quitá-las com o dinheiro do fundo de garantia, sob o risco de ficar sem receitas para cobrir gastos à frente. "Desempregado tem de ter dinheiro guardado. Para as despesas, mas eventualmente para investir em um curso e retomar a carreira", afirma Reinaldo Domingos, presidente da DSOP, especializada em educação financeira.
O ideal é buscar os credores, apresentar a situação e tentar renegociar a dívida. "A pessoa, quando perde o emprego, muitas vezes fica fragilizada e se fecha. Ela precisa fazer essa consulta para ter clareza de todas as possibilidades", defende André Calabro, diretor da Recovery, especializada em recuperação de crédito de inadimplentes.
Pesquisa da empresa com 40 mil devedores, de julho a setembro deste ano, indicou que problemas com o emprego já são um dos principais motivos da inadimplência. Dos entrevistados, 42% afirmaram que deixaram de pagar porque ficaram desempregados ou estão com salários atrasados, ante 26% no primeiro semestre.
Segundo Calabro, é importante verificar se é possível trocar o financiamento por uma linha com juro menor, caso o orçamento comporte o pagamento das mensalidades. Ou negociar o alongamento da dívida, baixando as parcelas - neste caso, o custo total do empréstimo subirá.
Para quem tem emprego, mas está receoso com o mercado de trabalho e deseja fortalecer as finanças para uma eventualidade, a recomendação para aumentar o rigor nas despesas também vale. "É preciso consumir o mínimo possível e, na hora de um gasto de grande montante, como a compra de um carro, fazê-lo com todas as informações possíveis para tomar a melhor decisão", afirma Elisson de Andrade, professor de finanças pessoais. O uso do cartão de crédito deve ser evitado, segundo recomendam os especialistas.
"O cartão de crédito é o principal vilão da inadimplência. Ele dá a sensação positiva da aquisição sem a sensação negativa do gasto", afirma o diretor da Recovery. A taxa média de juros para quem deixa de pagar a fatura, o chamado crédito rotativo do cartão de crédito, chegou a 403,5% ao ano em agosto - a maior registrada desde março de 2011, quando o Banco Central iniciou a série histórica. Essa é a linha mais cara entre as principais modalidades de crédito para consumo. Um ano antes, a taxa do rotativo era de 311,3%, segundo dados do Banco Central.

Arte

Como se organizar financeiramente no caso de demissão
1) Corte
Faça um pente-fino nos gastos da família e veja quais despesas podem ser cortadas de imediato. Nos gastos fixos, veja onde é possível reduzir o consumo ou trocar por marcas mais baratas.
2) Some
Veja quanto receberá do empregador, quanto poderá sacar de FGTS e se tem direito ao seguro-desemprego. Some os valores para entender quanto terá nos próximos meses.
3) Calcule
Com as despesas essenciais, calcule quantos meses estão cobertos. O cálculo dará a dimensão do problema. O ideal é ter pelo menos seis meses de despesas garantidas.
4) Aplique
Ao receber os recursos, procure transferi-los para algum tipo de aplicação para que rendam juros. É fundamental, porém, que o investimento permita saques.
5) Renegocie
Se tiver dívidas, tente renegociá-las, trocando por linhas mais baratas ou alongamento o prazo de pagamento. Use o FGTS para quitá-las somente se ainda sobrarem recursos para bancar as despesas básicas.
6) Mantenha o foco
Evite usar o cartão de crédito para não correr o risco de entrar no crédito rotativo. Repense viagens ou compras. É importante manter o máximo de reserva financeira possível.
Fontes: ESPM, Recovery, Reinaldo Domingos, Elisson de Andrade

Brasileiros buscam estratégias para manter o padrão de vida


As dificuldades financeiras enfrentadas pelos brasileiros em meio à crise econômica estão alterando a relação com o trabalho e também os hábitos de consumo e planejamento familiar. "Falta dinheiro, mas sobra criatividade e disposição para contornar o cenário difícil", comenta o especialista em comportamento, Sulivan França. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada no início de setembro, reforça a afirmação de França. O levantamento mostra que quase metade da população do País faz bicos ou possui segundo emprego para evitar prejuízos maiores em consequência da situação da economia.
O mesmo estudo apontou que mais brasileiros estão se ajustando às turbulências da economia em comparação com a crise de 2008 e 2009. Mais da metade dos entrevistados pela CNI confirmou alteração nos hábitos de consumo e de planejamento financeiro. "As pessoas são mesmo capazes de se adaptar às situações mais diversas. O brasileiro já é muito criativo e esforçado. O importante, quando a necessidade de ajuste surge, é saber agir propositivamente, evitando o modo automático", alerta Sulivan França, que é presidente da Sociedade Latino Americana de Coaching (SLAC).
O fato é que a confiança do consumidor sofreu mais um revés, o que aumenta a busca das famílias por alternativas na tentativa de manter o padrão. Depois de dois meses de ligeira recuperação de confiança, o pessimismo voltou a aumentar em setembro, de acordo com o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) divulgado no início deste mês, pela CNI. Revertendo as melhoras registradas em julho e agosto, o indicador recuou 2,6% no mês passado na comparação com o mês anterior. Em relação a setembro de 2014, o resultado é 12,2% pior.
A pesquisa mostra que todas as variáveis do Inec registraram queda, tanto na comparação com agosto deste ano como em relação a setembro de 2014. A maior piora mensal ocorreu nas expectativas do consumidor quanto à sua renda pessoal, com recuo de 6,4%. Ante o mesmo mês do ano passado, esse quesito acumula uma queda de 21,4%. Esse indicador está no menor nível de sua série histórica.
Os consumidores também ficaram mais pessimistas com relação à situação financeira, com queda de 3,7% em relação a agosto e de 23,1% ante setembro de 2014. A avaliação sobre a inflação também piorou 2,8% no mês, com 4,1% de piora na comparação anual.