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Saúde

- Publicada em 30 de Setembro de 2015 às 23:22

Laudo apontará condições de trabalho no Postão

Fiscalização reacendeu discussão sobre outros tópicos relativos ao posto

Fiscalização reacendeu discussão sobre outros tópicos relativos ao posto


FREDY VIEIRA/JC
Na próxima semana, o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) deve apresentar o laudo técnico sobre a vistoria realizada ontem no Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (Pacs), em Porto Alegre. Durante a manhã, o médico fiscal Alexandre Prestes, enviado pelo Cremers a pedido do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), esteve no local avaliando as condições em que o Postão se encontra.
Na próxima semana, o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) deve apresentar o laudo técnico sobre a vistoria realizada ontem no Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (Pacs), em Porto Alegre. Durante a manhã, o médico fiscal Alexandre Prestes, enviado pelo Cremers a pedido do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), esteve no local avaliando as condições em que o Postão se encontra.
Prestes verificou pontos como a situação da estrutura física, a qualidade das barreiras para pessoas não autorizadas no acesso aos consultórios, a segurança, o número de médicos, as condições de atendimento e a possibilidade de superlotação do local. O Cremers pode pedir interdição ética, caso considere que o posto não garante a segurança dos servidores.
Um tiroteio, ocorrido na sexta-feira passada em frente ao Postão da Cruzeiro, como é chamado, deixou um morto e sete feridos e fez com que a prefeitura fechasse as portas do estabelecimento pela primeira vez em sua história. O local só voltou a funcionar na segunda-feira, com baixa presença de servidores. A situação reacendeu a discussão sobre outras questões relativas ao atendimento na unidade, que vão além da situação de insegurança, como a falta de médicos, enfermeiros e técnicos e a escassez, por vezes, de medicamentos e equipamentos.
Na manhã de ontem, o clima era pacífico no Pacs, com a presença de duas viaturas da Guarda Municipal, encaminhadas para ficarem permanentemente no posto até que o governo defina uma atuação mais intensa da Brigada Militar. No entanto, marcas do medo estavam afixadas na parede externa da unidade, onde trabalhadores e usuários colocaram cartazes pedindo mais segurança. O temor afugentou a população, e a unidade contava com cerca de 45 pacientes na sala de espera, que só precisavam aguardar meia hora para passar pela triagem.
Ingrid Marcos da Silva, de 22 anos, foi ao estabelecimento junto com o filho Derick, de dois anos, que pisou em um prego e precisava ser atendido. A jovem mora no bairro Medianeira e buscou, antes, atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima à sua residência, mas o local estava com o freezer onde conserva suas vacinas antitetânicas estragado.
"Tive medo de vir e trazer meu filho, pois a situação é de muita insegurança. No dia em que houve o tiroteio, nós estávamos aqui mais cedo, porque ele precisava fazer nebulização. Senti o perigo muito próximo", revela. O marido de Ingrid foi morto a tiros no mês passado, durante conflito entre gangues na região. "Os bandidos não estão nem aí, não se importam mais com a polícia. A situação está bem difícil, a população tem muito medo", afirma a jovem.
Miriam Gomes Trein, de 71 anos, se disse bastante satisfeita com o atendimento oferecido a seu filho. "Chegamos aqui às 8h e ele foi encaminhado imediatamente para triagem. Eu não costumo frequentar o posto, mas minha filha, meus netos e meu bisneto sempre vêm. Gostei da maneira como fomos tratados", observa.
A idosa conta que foi alertada pela sua irmã de que seria perigoso ir ao Pacs, em função do tiroteio ocorrido. Ela, porém, não se importou. "Se é para acontecer, vai acontecer de qualquer forma. Já fui assaltada em frente à minha casa, que não fica em nenhum lugar perigoso, em plena luz do dia. Não podemos viver com medo de que algo ruim ocorra", comenta.

Além de profissionais, faltam materiais e medicamentos

O diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) Jorge Eltz trabalha como médico no Postão da Cruzeiro. Para ele, o problema não é só de violência, mas também de condições de funcionamento. "O posto está com vários problemas. Está sucateado. Desde 2000, a prefeitura nos promete uma reforma e, até agora, não foi feita. Frequentemente, faltam materiais e medicamentos, bem como profissionais. Além disso, muitas vezes, temos superlotação, e os pacientes, que deveriam ficar ali de quatro a oito horas e, então, ir ao hospital, acabam ficando por muito mais tempo", cita. Em reunião na terça-feira, o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, acenou com a possibilidade de destinar parte da verba do ano que vem para reformar a unidade.
Os serviços ininterruptos oferecidos no Pacs, de clínica geral, pediatria e saúde mental, carecem de médicos. "Em geral, faltam profissionais das três áreas, tanto é que contratam médicos de cooperativas para trabalhar. O problema é que os servidores acabam fazendo muitas horas extras para suprir a necessidade de pessoal e tendo uma demanda muito maior do que seria suportável. Isso gera um enorme estresse, tanto físico quanto emocional", destaca Eltz.
Quanto à insegurança, ele crê que a proteção dada pela prefeitura é temporária. "Agora, está tranquilo, pois a Guarda Municipal está lá, mas passará um tempo e tirarão o efetivo. Aí, voltará a ser a mesma coisa", lamenta.