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O disc�pulo supera o mestre?


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Ani Mari Hartz
Muitas marcas têm o seu nome oriundo do nome do seu criador. Quando isso ocorre, entende-se que a sucessão é sempre mais desafiadora, pois está intimamente ligada às características do criador. No mundo das marcas de luxo, mais especificamente de moda vestuário, essa prática é recorrente. Marcas como Givenchy, Balenciaga, Lanvin, Christian Dior, Saint Laurent e Chanel enfrentaram a transição do criador para o sucessor e tiveram vários estilistas com diversos graus de sucesso. Por exemplo, Christian Dior teve como sucessores os estilistas Yves Saint Laurent, Marc Bohan, Gianfranco Ferré, John Galliano (o mais irreverente) e Raf Simons. Depois de ter trabalhado na marca Dior, Yves Saint Laurent criou a sua marca e por sua vez teve Tom Ford (antes na Gucci), Stefano Pilati (antes na Prada) e Heidi Slimane (antes na linha masculina da Dior). Saint Laurent, quando estava aposentado, criticava muito o trabalho de seu sucessor Tom Ford com frases do tipo: "O pobre homem faz o que pode" ou ainda em carta direcionada a Ford: "Em 13 minutos você destruiu 40 anos do meu trabalho", evidenciando abertamente que desaprovava o trabalho de Tom Ford. Se, por um lado, tem-se o exemplo de uma sucessão criticada, por outro se tem uma sucessão elogiada. A marca francesa Chanel tem como sucessor o estilista alemão Karl Lagerfeld (antes na Balmain e na Chloé), que também comanda a criação da marca Fendi e da sua própria marca. O desafio de Lagerfeld é muito maior, pois deve buscar manter o espírito atemporal da marca Chanel e paralelamente trabalhar nas outras duas marcas de luxo, respeitando as características de cada uma. Criatividade, rigor, talento e perseverança fizeram Gabrielle "Coco" Chanel revolucionar o século XX, criando para as mulheres uma moda clássica e elegante. Lagerfeld, com um determinado estilo, criatividade, recursos próprios e uma grande reputação, soube dar continuidade à elegância e ao refinamento deixado pela marca Chanel, mas sem copiar os seus modelos. Foi preciso inovar, mas mantendo a essência da marca. O estilista conseguiu revitalizar a marca Chanel, sem descuidar dos seus elementos tradicionais, como, por exemplo, o uso das cores básicas preto e branco. Acredita-se que o grande desafio para os sucessores consiste em continuar fiel à essência da marca e ao mesmo tempo atualizá-la, expressando a sua própria criatividade, ou seja, imprimindo a sua marca. Segundo Aristóteles "O verdadeiro discípulo é aquele que supera o mestre".