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PROTESTOS

- Publicada em 23 de Maio de 2018 às 23:25

Paralisação afeta abastecimento no Rio Grande do Sul

Na Capital, formaram-se filas em postos, como na avenida João Pessoa

Na Capital, formaram-se filas em postos, como na avenida João Pessoa


/MARIANA CARLESSO/JC
Com a paralisação dos caminhoneiros chegando hoje ao seu quarto dia, o impacto da greve começa a ser sentidos mais fortemente no Estado e no País. A situação deve alcançar o ponto crítico nesta quinta-feira, em especial em postos de combustíveis, distribuidoras de gás e produtos perecíveis, como hortifrutigranjeiros, laticínios e carnes, que já começaram a faltar ontem.
Com a paralisação dos caminhoneiros chegando hoje ao seu quarto dia, o impacto da greve começa a ser sentidos mais fortemente no Estado e no País. A situação deve alcançar o ponto crítico nesta quinta-feira, em especial em postos de combustíveis, distribuidoras de gás e produtos perecíveis, como hortifrutigranjeiros, laticínios e carnes, que já começaram a faltar ontem.
A situação mais complicada é a dos combustíveis, pois, além dos estoques dos postos serem relativamente pequenos – em média o suficiente para dois ou três dias de consumo normal – a corrida dos motoristas às bombas ajuda a secá-los ainda mais rapidamente. Em Porto Alegre, formaram-se grandes filas em diversos postos, como na esquina das avenidas João Pessoa e Venânio Aires.
Segundo o Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Estado (Sulpetro), a crise foi mais forte na quarta-feira em municípios mais afastados da Capital, como na Metade Sul. Santa Vitória do Palmar, no Extremo Sul, chegou a declarar situação de emergência ontem pela falta generalizada de combustível na cidade. A prefeitura declarou todos os estoques de combustíveis na cidade como de utilidade pública para fins de desapropriação.
“Isso vai acabar acontecendo em todo o Estado. Hoje teremos sérios problemas, pois o aumento na procura reduz o tempo de duração dos estoques, que não têm reposição”, analisa o presidente do Sulpetro, João Carlos Dal’Aqua. Para piorar, a entrada e saída de caminhões na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, de onde sai grande parte do combustível para as distribuidoras, foi bloqueada ontem por motoristas de aplicativos de transporte individual.
O dirigente projeta que devem faltar, inicialmente, produtos pontuais, com tendência a se esgotar antes a gasolina por conta da corrida aos postos, mas lembra que há outros desdobramentos, como a possível falta de diesel a geradores de hospitais, por exemplo. “Se persistir nessa intensidade, vai trazer o caos”, continua Dal’Aqua, que pede serenidade e compreensão à população. “Não terá solução rápida, pois não há solução simples para problemas complexos”, continua o dirigente.
Nos supermercados, a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) também já acusa desabastecimento de produtos perecíveis em municípios das regiões fronteiriças, mais distantes da Capital. Embora ainda pontual, o problema deve se tornar mais agudo hoje por se tratarem de produtos de alto giro, como hortifrutigranjeiros, laticínios e carnes. Além disso, a Ceasa da Capital, responsável por cerca de 40% do abastecimento de hortifrúti do Estado, teve ontem um dia praticamente parado. Segundo a Ceasa, nenhum atacadista, por exemplo, que traz de outros estados produtos em entressafra, conseguiu chegar com alimentos. A expectativa é pelo que acontecerá hoje, pois a quinta-feira é um dia de maior movimento na Ceasa.
O cenário é melhor em relação aos produtos não perecíveis, uma vez que, segundo a Agas, os estoques de segurança dos supermercados nessa categoria cobrem, em média, 15 dias de vendas.
Outro setor que teme os reflexos da greve é o de distribuição de gás de cozinha. O Sindigás, que representa as empresas distribuidoras brasileiras de gás liquefeito de petróleo (GLP), afirmou ontem em nota preocupação “com a possibilidade de desabastecimento do produto” por conta de as empresas não conseguirem levar gás, seja botijão ou a granel, até as revendas. A Associação Brasileira dos Revendedores (Asmirg) corroborou na projeção, informando que os estoques das revendas, em média, se limitam a apenas um dia de consumo. “A previsão, caso não haja mudanças, é de desabastecimento em grande parte das revendas brasileira pela falta do gás de cozinha”, afirma, em nota, a Asmirg.
Já o abastecimento de gás natural comprimido (GNC) não deverá ser atingido em grande parte do Estado, segundo a Sulgás, por conta da distribuição feita via gasodutos. Apenas cinco indústrias e 15 dos 85 postos de combustível que atuam com gás natural devem ser impactados caso a greve persista. Os clientes residenciais e comerciais são 100% atendidos por gasodutos e não devem ser afetados.

Frigoríficos, fábricas e até Correios suspendem serviços

Caminhoneiros bloquearam a BR-158 em Santana do Livramento

Caminhoneiros bloquearam a BR-158 em Santana do Livramento


FABIAN RIBEIRO/AGÊNCIA FREELANCER/FOLHAPRESS/JC
A paralisação dos caminhoneiros afetaram outras indústrias e serviços, que passaram a trabalhar em regimes especiais ou mesmo suspenderam as atividades. Nos frigoríficos, por exemplo, 129 empresas paralisaram em todo o País ontem, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A entidade ainda projeta que, se os bloqueios continuarem, até sexta-feira mais de 90% da produção de proteína animal brasileira (209 fábricas) será interrompida. No Estado, a cooperativa Cosuel (Dália Alimentos), de Encantado, comunicou a suspensão dos abates de suínos a partir da sexta-feira por conta do esgotamento da capacidade de estocagem. Já a cooperativa Languiru paralisa o abate de aves em Westfália já hoje e o de suínos, em Poço das Antas, na sexta-feira. A BRF também paralisou suas atividades nas unidades de Garibaldi e Marau.
Ontem, foram registrados 45 pontos de bloqueios no Rio Grande do Sul, segundo o Comando Rodoviário da Brigada Militar, sem interdições totais das vias. Os maiores foram registrados em Viamão e Capivari do Sul, na ERS-040; em Taquara, na ERS-
-020, e em Montenegro, na ERS-
-240. Em Santana do Livramento, caminhoneiros e agricultores bloquearam a BR-158, no acesso à BR-293. A Polícia Rodoviária Federal parou de informar pontos de bloqueio pela alternância e quantidade de locais.
As montadoras de automóveis paradas chegaram ontem a 16 em todo o País, e, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), podem chegar a totalidade do setor brasileiro caso a greve chegue ao fim de semana. A GM, em Gravataí, já havia parado na terça-feira.
Os Correios ainda paralisaram ontem as postagens do Sedex com dia e hora de entrega marcados. Correspondências e outros serviços seguem sendo aceitos, mas com acréscimo no prazo.

Transporte público será reduzido hoje

Fora do horário de pico, ônibus na Capital vão circular de hora em hora

Fora do horário de pico, ônibus na Capital vão circular de hora em hora


MARCELO G. RIBEIRO/JC
A falta de combustível nos postos mudará a circulação dos ônibus na Capital e na Região Metropolitana de Porto Alegre hoje. Na Capital, os coletivos operam normalmente nos horários de pico – até as 8h30min e entre 17h e 19h30min. Nos demais horários, as viagens serão de hora em hora. O esquema no turno da noite será definido amanhã.
O atendimento emergencial será seguido pelos ônibus metropolitanos. A Metroplan autorizou que as empresas de ônibus circulem com escala de sábado (com menos horários) nos períodos de baixa demanda. Os horários de pico seguem com a tabela normal.
O transporte aéreo também pode paralisar. Segundo a Fraport, os fornecedores de combustível não chegaram ao aeroporto Salgado Filho ontem e, por isso, o terminal está operando em níveis de reserva. “É possível que a partir de amanhã (hoje) haja impactos em nossa operação”, afirma a empresa. A recomendação aos passageiros é de que entrem em contato com as companhias para confirmar seus voos.