Faltando menos de um mês para o Natal, período de aquecimento para diversos setores econômicos, as operadoras de telefonia começam a planejar ações para incrementar as vendas para a data. Entretanto, depois de uma série de ações deflagradas, em julho, por órgãos de defesa do consumidor de todo País, que chegou inclusive a proibir a comercialização de novos serviços, as reclamações quanto a cobranças indevidas, atendimento precário e problemas de sinal continuam a todo vapor.
Na quinta-feira, uma nova representação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS) foi entregue à diretora-executiva do Procon Porto Alegre, Flávia do Canto Pereira. Com 1.867 queixas registradas ao longo do ano, os atendimentos tiveram redução de 147 reclamações, em julho, para 120, em agosto, e 102 em setembro. No entanto, em outubro, tornaram a crescer, com 159 registros. No mesmo mês, o número de linhas móveis atingiu a marca de 259,29 milhões, uma média de 131 celulares para cada 100 habitantes no País, com 209,88 milhões na modalidade pré-paga.
Agora, com a proximidade do Natal, explica Flávia, as atenções do órgão voltam a se intensificar. “É uma preocupação a mais, pois já há um quadro de falta de atendimento nos serviços e de carência de investimentos para atender as linhas comercializadas, e há uma tendência de novo crescimento substancial na quantidade de linhas”, analisa. Por isso, ela deve concluir hoje o seu parecer sobre a representação da OAB-RS com uma nova intimação para que as companhias se adaptem aos compromissos. “Apesar de acreditar que isso deveria ser feito para a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), provavelmente, faremos uma nova intimação às empresas. Isso porque acredito que a falta de investimentos na rede pode inclusive comprometer os prazos de instalação da tecnologia 4G para a Copa de 2014”, afirma.
Neste contexto, uma pesquisa desenvolvida pela Kantar Worldpanel amplia o papel dos serviços na opção de compra de um aparelho. Entre as principais razões que influenciam a escolha, está o presente, motivo da decisão de 29,4% dos usuários que ganham o aparelho de terceiros já com operadora definida. Em seguida, estão os que optaram por uma promoção, totalizando 25% dos usuários. Na terceira posição, com 16,7%, estão os que escolheram de acordo com a cobertura e requisitos como a qualidade no atendimento ao cliente e os serviços oferecidos, mas com apenas 5% e 0,8%, respectivamente.
Conforme destaca o diretor de contas da Kantar, David Fiss, o principal fator na aquisição ainda não é a qualidade, e as falhas podem estar mais ligadas aos cancelamentos. Além disso, segundo ele, os dados também apontam que, apesar de uma penetração menor, o modem 3G teve crescimento quatro vezes maior do que o número de linhas móveis. “Esta opção cresce nas classes C, D e E pelo preço mais acessível do que uma banda larga. É bastante comum em munícipios do Interior onde não têm cobertura, fator que também explica a expansão da oferta de smartphones com planos pré-pagos” destaca, ao lembrar que a incidência pode variar de acordo com a região. Para Fiss, o maior fator de limitação, não é a cobertura, e sim a renda da população.