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História do Comércio Gaúcho

- Publicada em 14 de Novembro de 2011 às 00:00

Dabdab é raridade em meio à explosão da roupa commodity


ANA PAULA APRATO/JC
Jornal do Comércio
A marca começou sua trajetória em 1925, com a instalação da primeira operação pelo imigrante sírio Raphael Dabdab. O jovem havia aportado no Rio de Janeiro em 1923, atrás do irmão para comunicar a morte do pai, e, dois anos depois, identificou a Capital Gaúcha como ponto promissor para a venda de tecidos e aviamentos e a confecção dos trajes. Conhecedor de tecidos finos, casimiras e linhos, Raphael percebeu que poderia conquistar farta clientela importando novidades da Europa. O primeiro ponto foi aberto na popular rua da Ladeira (General Câmara), que migrou no final dos anos de 1940 para a Voluntários. Em 1952, o varejo se transferiu para a esquina onde está até hoje e cuja inscrição na fachada “Dabdab Tecidos desde 1925” é prova de resistência ao avanço das confecções em grande escala.
A marca começou sua trajetória em 1925, com a instalação da primeira operação pelo imigrante sírio Raphael Dabdab. O jovem havia aportado no Rio de Janeiro em 1923, atrás do irmão para comunicar a morte do pai, e, dois anos depois, identificou a Capital Gaúcha como ponto promissor para a venda de tecidos e aviamentos e a confecção dos trajes. Conhecedor de tecidos finos, casimiras e linhos, Raphael percebeu que poderia conquistar farta clientela importando novidades da Europa. O primeiro ponto foi aberto na popular rua da Ladeira (General Câmara), que migrou no final dos anos de 1940 para a Voluntários. Em 1952, o varejo se transferiu para a esquina onde está até hoje e cuja inscrição na fachada “Dabdab Tecidos desde 1925” é prova de resistência ao avanço das confecções em grande escala.
“Meu pai aprendeu os segredos da alfaiataria com profissionais na Antióquia, que hoje é a cidade de Antakya (Turquia). No passado, integrava a Síria. Aqui fez história vestindo gente elegante e exigente”, orgulha-se Elias Dabdad, filho e sucessor no comando do varejo. O atual proprietário, que se formou em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), aprendeu a identificar tecidos pelo toque das mãos e caimento, aos cinco anos, acompanhando o pai. Aos 14 anos, decidiu se incorporar à lida diária do negócio. O auge da alfaiataria e de casas como a Dabdab foi verificado até os anos de 1960. Cortes de peças oriundas da Itália e Escócia moldavam a moda que advogados, políticos, médicos e executivos desfilavam em todo o Estado. A perda de espaço, antes exclusivo, começa a se verificar com a industrialização de confecções. Mesmo assim, o varejo porto-alegrense manteve uma filial na Rua dos Andradas entre 1962 e 1994.  As duas operações somavam mais de 20 empregados.
Mesmo após a invasão das confecções em grandes volumes e com tecidos mais populares, como a microfibra, a tradição da alfaiataria resiste à concorrência, atesta Elias. A estrutura hoje é mais enxuta no ponto na esquina da Praça Parobé, no burburinho do comércio de rua. A diversidade e a qualidade das mercadorias se mantêm até hoje. Elias observa a manutenção da atração pelos tecidos. O metro dos mais refinados pode chegar a R$ 1 mil e inclui grifes como Hermenegildo Zegna, Canonico e a brasileira Collezione Paramount. Somado à mão de obra de alfaiates, devidamente indicados pelo proprietário, que conserva como um tesouro uma lista de 400 nomes em todo o Estado, um traje alcança R$ 1,6 mil ou R$ 2 mil.
Nos últimos anos, o filho de Raphael verifica uma revitalização do uso de ternos de alfaiataria, seja entre o público feminino, que não se ajusta aos manequins das butiques, ou entre jovens. “Muitos vêm aqui com o pai e fazem as encomendas”, conta satisfeito o dono, que segue a tradição do pai de anotar cada aquisição de um cliente em cadernos, com a metragem vendida, para ter controle de cada peça que termina. Diante da monotonia das cores azul, preto e cinza, mais procuradas, o lojista transmite aos novos clientes lições sobre as virtudes dos tecidos. E ainda desenvolve novas estratégias de marketing que já têm slogan: “Dabdab – Tecidos para homens e mulheres que decidem”. 

Marca começou trajetória em 1925, sempre no Centro da Capital. REPRODUÇÃO/JC

Estoque de tecidos projeta vida longa

O estoque da Dabdab ultrapassa cem mil metros de tecido, a maior parte de estirpe europeia e de fabricantes nacionais de vanguarda. A reserva é cinco vezes superior à venda anual, que é de 17 mil metros. O ativo valioso, guarnecido na sobreloja do estabelecimento e muito bem conservado, desponta como uma aposta de longevidade ao negócio. O problema é saber quem seguirá a história do imigrante Raphael e do herdeiro Elias, que não teve filhos.
O atual administrador prefere deixar este detalhe para um futuro. Aos 75 anos, ele abre e fecha o ponto pessoalmente de segunda a sábado. Outra marca do dono é o atendimento direto aos clientes. O gerente e fiel ajudante Sérgio Martins, 25 anos de empresa, chegou a sugerir inovações, como criar um site para mostrar as coleções e estreitar a relação com a clientela, seguindo um atendimento mais customizado.Dabdab prometeu pensar na ideia. 
Próxima semana: Ferramentas Gerais
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