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Opinião

Artigo

- Publicada em 05 de Janeiro de 2011 às 00:00

O dólar e a sorte de Lula


Jornal do Comércio
Em 9 de dezembro de 2005, a atual presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, quando, na condição de ministra-chefe da Casa Civil, esteve no Rio Grande do Sul, em reunião da Fiergs, pronunciou-se no sentido de que “a cotação do dólar não baixaria de R$ 2,00 para não prejudicar as empresas exportadoras e colocar em risco o equilíbrio das contas externas do País.” Na época em que a ex-ministra e atual presidente deu a entrevista, o dólar estava cotado a R$ 2,280 para compra e R$ 2,282 para venda, sendo que, no dia 4 de janeiro de 2011 estava cotado a R$ 1,6490 e descendo a ladeira à razão de 1 centavo por dia, provando que o câmbio não obedece a manifestações de vontade, seja ela de ministro ou presidente, mas ao mercado ou também às ilações que passarei a fazer. Em 15/7/1998 escrevi nesta página do Jornal do Comércio criando um conceito nunca antes utilizado em economia, o da Guerra das Moedas. Neste artigo eu criticava o Plano Real, articulado por Fernando Henrique afirmando ali que ele não iria dar certo, pois o dólar estava mais alto do que as demais moedas, inclusive as europeias. O euro foi criado posteriormente. Neste artigo eu disse que o estabelecimento de um sistema de dolarização só daria certo se houvesse uma maxidesvalorização do dólar e dos sistemas que o acompanhavam.
Em 9 de dezembro de 2005, a atual presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, quando, na condição de ministra-chefe da Casa Civil, esteve no Rio Grande do Sul, em reunião da Fiergs, pronunciou-se no sentido de que “a cotação do dólar não baixaria de R$ 2,00 para não prejudicar as empresas exportadoras e colocar em risco o equilíbrio das contas externas do País.” Na época em que a ex-ministra e atual presidente deu a entrevista, o dólar estava cotado a R$ 2,280 para compra e R$ 2,282 para venda, sendo que, no dia 4 de janeiro de 2011 estava cotado a R$ 1,6490 e descendo a ladeira à razão de 1 centavo por dia, provando que o câmbio não obedece a manifestações de vontade, seja ela de ministro ou presidente, mas ao mercado ou também às ilações que passarei a fazer. Em 15/7/1998 escrevi nesta página do Jornal do Comércio criando um conceito nunca antes utilizado em economia, o da Guerra das Moedas. Neste artigo eu criticava o Plano Real, articulado por Fernando Henrique afirmando ali que ele não iria dar certo, pois o dólar estava mais alto do que as demais moedas, inclusive as europeias. O euro foi criado posteriormente. Neste artigo eu disse que o estabelecimento de um sistema de dolarização só daria certo se houvesse uma maxidesvalorização do dólar e dos sistemas que o acompanhavam.
Chamei a este sistema que ali criticava de um sistema de currency board em alta. Poucos anos depois, como eu previra, os EUA praticaram a maxidesvalorização. No Natal de 2004, sob o título “Câmbio, juros e política econômica”, previ o processo de queda do dólar e insisti na visão de que o seu sistema buscava o estabelecimento de um currency, agora em baixa, já que falhara o sistema em alta. Em 2007, sob o título “Dólar: o portal para o mercado”, com exatidão, previ a crise na Europa, frente ao rebaixamento do dólar. De acordo com as previsões, o câmbio do dólar persistirá em queda não se sabendo qual o grau ou qual será seu valor de “fundo de poço”. Assim é que a sorte de Lula propiciou-lhe um governo de oito anos exatamente entre um regime e outro, dando-lhe os altos níveis de apoio registrados em razão do respiro propiciado pelo sistema externo. O ciclo “intermediário” entre os dois fenômenos de currency em alta e em baixa terminou porque está se iniciando este último ciclo.  Neste novo ciclo que se inicia, a realidade imposta pelo sistema do dólar ao qual pertencemos com todos os membros do BRIC vai exigir do novo governo, embretado pela dívida pública, um comportamento que se coadune com aquilo que já foi descrito pela literatura econômica, tão bem retratada por Riordan Roett, no capítulo da obra coordenada por Francis Fukuyama, intitulada “Ficando para trás”. É a sinopse da conferência realizada em 1989 no “Institute for International Economics” onde um grupo de economistas identificou dez reformas essenciais à restauração do crescimento econômico. Esta lista de itens apelidada de Consenso de Washington incluía disciplina fiscal, liberalização do comércio, reforma fiscal, um regime cambial competitivo, privatização, liberalização do fluxo de investimentos diretos estrangeiros, taxas de juros determinadas pelo mercado e desregulamentação. E havia duas prioridades adicionais: uma se concentrava na redução dos subsídios e o redirecionamento dos gastos do governo, para educação, saúde e desenvolvimento da infraestrutura; a segunda era o respeito aos direitos de propriedade. Alguns pouco itens são polêmicos e contestáveis, mas no geral eis a fórmula para enfrentar com competência o inferno astral dos incompetentes que está para raiar. Tenho dito.     
Professor das Faculdades de Direito da Ufrgs e Pucrs

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